Sexta-feira, 29 de Março de 2024

O EstaR Digital foi uma boa ideia?

2020-02-28 às 10:21

Apoiado por uns e rejeitado por outros, o EstaR Digital desperta discussões sobre a forma como o sistema foi implantado e sobre a usabilidade e as limitações do aplicativo. Para falar sobre o assunto, ouvimos a opinião de quatro ponta-grossenses – um engenheiro mecânico, um vereador, um especialista em aplicativos e um representante da Autarquia Municipal de Trânsito

Por Camila Delgado | Foto: Reprodução

Implantado em agosto de 2018, o EstaR Digital foi criado com a proposta de levar mais facilidade e agilidade aos motoristas de Ponta Grossa. No entanto, aqueles que têm pouca afinidade com a tecnologia ainda podiam contar com os talões físicos. A partir de janeiro deste ano, porém, a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa extinguiu os talões, deixando o sistema 100% digital. Será que o EstaR Digital foi uma boa ideia? Colocamos essa questão para quatro ponta-grossenses – um engenheiro mecânico, um vereador, um especialista em aplicativos e um representante da Autarquia Municipal de Trânsito (AMTT). Confira a opinião deles.

Ferramenta é boa, mas precisa de melhor gestão de mudança
“Na forma como foi conduzida, a introdução do EstaR Digital vela o direito do cidadão de usar o patrimônio público, pois somente quem tem um smartphone consegue estacionar nas vagas demarcadas. A ideia é boa, mas precisa de um ótimo processo de Gestão de Mudança, com toda a população, para garantir o seu sucesso.

Os ponta-grossenses estão sofrendo muito com a disponibilidade e as funcionalidades. Se até os jovens, que têm mais facilidade com aplicativos, estão tendo problemas, imagine as pessoas idosas e os turistas. Acredito que uma implantação tão impactante para todos deveria ser melhor avaliada e tratada como piloto por um período, sendo depois incentivada a sua implantação até alcançar a totalidade, após seis meses.

O aplicativo tem muito a ser melhorado, como, por exemplo, na facilidade do uso, pois não é amigável; na facilidade de compra de créditos, pois não há segurança clara no banco de dados; e na disponibilização de áreas com Wi-Fi livre, para que os usuários possam fazer o seu acesso sem a necessidade de terem um pacote de dados no celular”
Luciano Farago, engenheiro mecânico

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Implantação deveria ser gradativa e sem retirar os talões
“A implantação do EstaR Digital é boa, no meu ponto de vista, pois vem ao encontro da informatização e da era da tecnologia. Mas ele está tendo um conflito com a população. Alguns aceitam e outros não aceitam da forma como está.

Eu acredito que deveria ser colocado gradativamente, e só daqui a um ou dois anos tirar totalmente os talões. As pessoas idosas, muitas vezes, têm problemas com a tecnologia. E, em muitas situações, o aplicativo não funciona, como em lugares onde não tem internet ou se a pessoa não tem crédito. Sem falar nos pontos de venda, que são limitados.

Eu acredito que tem de haver as duas opções: tanto o aplicativo quanto os talões físicos, como era antigamente. Quem se adaptou usa o aplicativo; e quem não se adaptou usa o talão. E também precisa voltar a venda de créditos pelos agentes de trânsito”
Jorge Rodrigues Magalhães, o “Jorge da Farmácia”, vereador (PDT)

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Aplicativo trouxe mobilidade, flexibilidade e democratização das vagas
“A implantação do EstaR Digital foi uma boa ideia, até por conta da mobilidade, da flexibilidade e da democratização das vagas. O EstaR Digital proporcionou uma maior rotatividade, e, por essa razão, foi positivo nessa questão e trouxe mais conforto aos usuários.

A tecnologia veio para o ser humano em todos os sentidos. Hoje nós não podemos retroceder mais. O EstaR Digital é mais uma inovação tecnológica que vem para contribuir com as pessoas. Embora ainda existam pessoas que não sejam 100% adeptas, vão ter que aderir, como foi o caso da telefonia celular, que era analógica e passou para o digital.

O aplicativo será melhorado, porque a inovação sempre acontece. Nós fizemos uma modalidade de aplicativo, ele sofreu alteração, vai sofrer novas alterações e muito mais novidades virão. Isso em decorrência da própria tecnologia, que oferece mais possibilidades para a população”
Roberto Pelissari, presidente da AMTT

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É preciso deixar o app mais prático para o púbico de idade
“A implantação do EstaR Digital foi uma boa ideia, pois tudo evolui. Eu acredito que, quanto mais tecnologia tivermos, mais vamos agilizar processos e ganhar tempo para todo mundo. Era uma dificuldade ficar procurando agente de trânsito, pagar talão, e hoje você consegue se auto-servir.

O maior problema que ele enfrenta hoje é a questão da usabilidade, principalmente entre as pessoas de mais idade, que não têm muita afinidade com a tecnologia. Por exemplo, para incluir outra placa dentro do aplicativo, eu preciso ir na autarquia. Eles disponibilizaram no aplicativo para incluir a vaga de visitante, mas, se não me engano, só funciona três vezes. Detalhes como esse acabam dificultando para o usuário final. É preciso deixar o app mais prático, pensando no púbico de mais idade.

Entre os aspectos a serem melhorados, acredito que tem essa questão da placa; a parte do pagamento, que apresenta problemas toda semana; e a parte da liberação do agente de trânsito colocar o saldo para você caso esteja sem créditos, mas que é preciso fazer uma autorização na autarquia. Resumindo: em alguns pontos, o aplicativo deixa eu me auto-servir e em outros ele me prende”
Fernando Ribeiro, proprietário da Finer Sistemas