Neste domingo (8), o projeto ‘Médicos de Rua’ estará atendendo moradores em situação de rua de Ponta Grossa. A ação acontece das 8h às 12h, na Praça Barão do Rio Branco (antigo Ponto Azul). Estudantes universitários, professores e profissionais voluntários irão oferecer café da manhã, atendimento médico gratuito, corte de cabelo e distribuir doações. A expectativa é atender cerca de 150 pessoas durante toda a manhã. Essa é a quarta ação do projeto desenvolvido pelo Setor de Ciências Biológicas e da Saúde da UEPG, com o apoio da Fundação Municipal de Saúde, da Secretaria de Assistência Social e a orientação da ONG nacional ‘Médicos de Rua’.

“Quando os moradores em situação de rua chegam na praça, geralmente, eles estão bem nervosos e não sabem ao certo se querem participar ou não. Um dos momentos mais importantes é o trabalho de acolhimento e humanização que acontece antes deles entrarem na fila, com brincadeiras e dinâmicas para convencê-los a receber atendimento médico”, salienta Fabiana Postiglione Mansani, uma das coordenadoras do projeto. Ela revela que a doação de alimentos também é usada como forma de estimular os moradores em situação de rua a participar da ação. “Nós percebemos que não funciona sem a distribuição de comida. Logo que a pessoa chega até nós ela recebe o café da manhã e no final, depois que toma banho, recebe uma marmita que seria o almoço”, conta. 

Atendimento multidisciplinar

Depois que o morador em situação de rua entra na fila, conta Fabiana, ele recebe atenção completa à saúde. O atendimento inclui desde a medição dos sinais vitais, testes rápidos de HIV e hepatites, limpeza de feridas e curativos, distribuição de medicamentos, vacinação, coleta de sangue e urina para análises clínicas até serviços de odontologia. “Os médicos voluntários realizam a consulta e, quando necessário, entregam um receituário com o carimbo da nossa parceria com a Fundação Municipal de Saúde. Com essa prescrição, a pessoa pode ir em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS) que eles reconhecem esse carimbo e fazem todo o encaminhamento necessário. Sem isso, todo o trabalho ficaria perdido”, frisa. 

Fabiana destaca que os moradores em situação de rua também recebem atendimento psicológico. “Isso é muito importante, pois muitas vezes, é possível até mesmo resgatar essa pessoa da rua”, justifica. Ela acrescenta que também é oferecido apoio jurídico e auxílio para quem perdeu os documentos e não sabe como fazer para tirar uma nova via. Fabiana frisa que, através da parceria com a Secretaria de Assistência Social, os moradores em situação de rua tomam banho, escovam os dentes e voluntários realizam corte de cabelo e barba. As mulheres também irão ganhar maquiagem, manicure massagem. 

Saúde também é prevenção

Uma das preocupações do projeto ‘Médicos de Rua’ é com a prevenção de doenças. Por isso, uma das diretrizes do projeto é que os moradores em situação de rua que participam da ação recebam um par de meias. “Se a pessoa estiver com o pé no chão, está mais sujeita às agressões do meio ambiente. Daí a importância da meia para proteger uma das portas de entrada para doenças”, destaca. Também são doadas roupas, sapatos, agasalhos e cobertores.

Cuidados veterinários

“Alguns moradores em situação de rua chegam até nós acompanhados de um animal de estimação. Esse companheirinho, que cuida e protege ele, também recebe os mesmos cuidados”, comenta. Os animais também são acolhidos pelos voluntários, recebem atendimento veterinário e são vacinados. “Aqui em Ponta Grossa não são muitos moradores em situação de rua que têm animais, porém os que têm são muito bem cuidados”, enfatiza. 

Voluntariado

De acordo com Fabiana, mais de 200 voluntários estarão trabalhando neste domingo. Eles passarão por um treinamento no sábado para aprender como se comportar durante o projeto e como interagir com os moradores em situação de rua. “O trabalho voluntário é um complemento para a formação dos acadêmicos. É uma vivência única e que não tem como ser explicada na teoria”, garante. 

Participação da comunidade

“Quando realizamos a nossa primeira ação, a nossa maior apreensão era que os moradores em situação de rua nem ficassem sabendo que estávamos oferecendo esse atendimento”, admite. Fabiana enfatiza que isso não aconteceu e explica que a divulgação acontece através da rede de comunicação formada pelas casas de atendimento, grupos sociais e voluntários que trabalham com esse público. “A comunidade tem nos abraçado de uma maneira especial, seja através de doações ou do trabalho voluntário, e conseguimos realizar todas as ações com folga”, comemora.

Médicos de Rua

O projeto ‘Médicos de Rua’ nasceu em 2015 na cidade de São Paulo, idealizado pelo Prof. Dr. Mário Guimarães. Ele já foi instaurado em sete cidades brasileiras – São Paulo, São Caetano do Sul, Itajubá, Belo Horizonte, Recife, Petrolina e Curitiba – e, desde junho de 2019, também atua em Ponta Grossa.