Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Quatro ponta-grossenses dizem qual seria o Plano Diretor ideal para Ponta Grossa na visão deles

2020-03-30 às 11:48

Responsável por estabelecer as diretrizes do desenvolvimento e da urbanização de Ponta Grossa, o Plano Diretor tem em suas mãos o futuro da cidade. Conversamos com quatro cidadãos ponta-grossenses para saber qual seria, na visão deles, o Plano Diretor ideal para Ponta Grossa

O Plano Diretor é o principal instrumento da política urbana brasileira, pois é o que estabelece as normas de desenvolvimento e urbanização de uma cidade. “O Plano Diretor é definido como instrumento básico para orientar políticas de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município. (…) Os seus objetivos são orientar as ações do poder público, visando compatibilizar os interesses coletivos e garantir de forma mais justa os benefícios da urbanização, bem como garantir os princípios da reforma urbana, o direito à cidade e à cidadania, e a gestão democrática da cidade”, explica o site oficial do Plano Diretor em Ponta Grossa. Na cidade, a revisão do projeto foi oficialmente entregue pela Prefeitura em novembro do ano passado, e, atualmente, encontra-se em fase de discussão na Câmara de Vereadores. Considerando que o documento ainda está sendo debatido, perguntamos a quatro cidadãos ponta-grossenses qual seria, na visão deles, o Plano Diretor ideal. Confira a seguir.

Rafael Mansani

É preciso considerar o hoje e o amanhã

“O Plano Diretor ideal é aquele que atende à população. Hoje, a questão principal é a mobilidade urbana. Sendo assim, o Plano Diretor deve tentar diminuir os problemas nesse setor. A nossa cidade é uma cidade antiga, com ruas estreitas e pequenas, e não tem a possibilidade de alargamento, porque é muito oneroso para o município. Por essa razão, precisamos pensar como isso deve funcionar hoje. Porém, o Plano deve prever também as novas construções, os novos condomínios afastados, com a construção de ruas largas, para que possa haver, futuramente, a possibilidade de um tráfego maior. Se nos basearmos em outras cidades, os planos diretores foram pensados de maneira a otimizar a mobilidade urbana. O que acontece, muitas vezes, é a distorção do Plano, baseada em interesses particulares, e a gente não pode deixar que isso aconteça em Ponta Grossa”

Rafael Mansani, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ponta Grossa

Ciro Macedo Ribas

Zoneamento traz qualidade de vida

“O Plano Diretor ideal é aquele que satisfaça a todo mundo, mas isso nós nunca vamos conseguir. Ponta Grossa é um mapa com várias divisões, e você tem que deixar ele o mais correto possível em zoneamentos. Aí você começa a bater em certas teclas de que a sociedade não gosta e que tenta derrubar, levando em conta interesses pessoais. Tudo o que foi proposto no Plano Diretor teve como principal objetivo melhorar a qualidade de vida da população e proporcionar o desenvolvimento harmônico entre o econômico, o social e o ambiental. E como chegar nessa melhor qualidade de vida? Por meio do zoneamento, por meio das leis que estamos propondo, das regulamentações. Esse seria o caminho para atingir esse objetivo maior. Sem o Plano Diretor, a cidade cresce em desordem, e isso faz com que surjam vários problemas. Nós precisamos fazer o Plano Diretor e ir sempre melhorando-o, acrescentando novas coisas”

Ciro Macedo Ribas Júnior, presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (IPLAN)

Pietro Arnaud

Desenvolvimento sustentável deve ser contemplado

“Nós não temos Plano Diretor desde 1992, e o Estatuto das Cidades previu que cidades com mais de 20 mil habitantes devem ter um Plano Diretor. Ponta Grossa nunca avançou os anexos do Plano. Algumas ferramentas, como o impacto de vizinhança, sequer existiam até recentemente. O Plano Diretor ideal é um que leve em consideração a sustentabilidade da cidade e um desenvolvimento sob o ponto de vista sustentável, no qual seja possível congregar paisagismo e meio ambiente, sem deixar de dar à cidade a capacidade de atender às carências urbanas. A gente cuida para que a cidade possa se desenvolver de forma planejada. O modo como o Plano Diretor foi apresentado atende a essa necessidade. É evidente que podemos alterar algumas coisas, mas muitas das coisas que constam no projeto são bem interessantes. Já sabemos que algumas instituições têm demandas para a nossa comissão, e pretendemos ouvir as partes para entender melhor o que as pessoas estão criticando no projeto base e o que elas esperam do Plano Diretor”

Pietro Arnaud, vereador e presidente da Comissão Especial do Plano Diretor

Jarbas Góes

Revisão do Plano deve ser feita diariamente

“O Plano Diretor define o uso e a ocupação de solo do município, incluindo a questão da mobilidade. O Plano Diretor ideal é aquele em que a sociedade define que tipo de cidade ela quer, não só para ela, mas também para os seus descendentes. Quer uma cidade horizontal, uma cidade vertical, com alta densidade, com baixa densidade? Como seria o zoneamento? Onde vão ficar as áreas habitacionais, as áreas industriais, as áreas comerciais? Tudo isso precisa ser pensado dentro de conceitos urbanísticos, interagindo com urbanistas, com profissionais. A nossa revisão do Plano Diretor partiu desse princípio. Contratou-se uma empresa para fazer esse trabalho, só que a participação da sociedade foi muito pequena. Sendo assim, pode ser que algumas coisas fiquem a desejar em alguns segmentos, mas, no meu entendimento, a proposta que está aí é boa. Pode ser melhorada? Pode. Para isso existe o IPLAN, e eu defendo que a revisão do Plano Diretor deve ser feita todo dia”

Jarbas Góes, diretor de Planejamento Urbano da Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG)

Por Camila Delgado | Fotos: Divulgação