Sexta-feira, 29 de Março de 2024

“Ponta Grossa foi contemplada com o talento musical”, diz Rafael Rauski, maestro da OSPG

2020-04-12 às 17:56

A música entrou cedo na vida do maestro, compositor e multi-instrumentista Rafael Rauski. Inicialmente acadêmico de Engenharia Civil, ele deixou o curso de lado para se dedicar à sua paixão pelas notas e acordes. Hoje ele é regente da Banda Marcial do Colégio Marista Pio XII e maestro da Orquestra Sinfônica Cidade de Ponta Grossa (OSPG). Eclético e versátil, também integra bandas de rock e transita por outros gêneros populares.

O cargo de maestro é um dos mais cobiçados, mas também um dos mais difíceis de serem conquistados. “Ninguém se torna maestro por acaso. É algo que ocorre numa escala de muito tempo. É preciso estudar muito e se aprofundar na área”, defende Rauski.

Grande orientador

Mas, afinal, qual é exatamente a função de um maestro? “O maestro nada mais é que um grande orientador”, resume. “O maestro tem a função de coordenar as execuções de todos os músicos e instrumentistas nas apresentações e ensaios. O desafio dele é criar harmonia entre as diferentes frentes artísticas, e, por isso mesmo, ele se torna mais um músico no palco”, acrescenta.

Há outro aspecto do trabalho de um maestro que, segundo o músico, nem sempre é conhecido pelo público. Ele é o responsável por fazer a coordenação administrativa do grupo. “O maestro também cuida da agenda de apresentações, contratos, pagamentos e dos demais detalhes relacionados ao gerenciamento de um conjunto”, informa.

Dividindo-se entre o trabalho na OSPG e na Banda Marcial, ele encontra desafios diários de diversos tipos. “Na orquestra nós temos muitos estudantes bolsistas, e todos eles almejam uma carreira profissional. Na banda, nós trabalhamos a formação de aprendizes do zero”, compara. Outra diferença consiste na forma instrumental de cada grupo. Enquanto a orquestra é composta por cordas, violino, violoncelo, metais e percussão, na banda predominam apenas os dois últimos.

“Ninguém se torna maestro por acaso. É preciso estudar muito” (Rafael Rauski) (Foto: Fundação Municipal de Cultura)

Cidade musical

A maior alegria da profissão de maestro, na visão de Rauski, é acompanhar o amadurecimento dos músicos. “Eu tenho centenas de colegas que começaram a estudar comigo lá atrás e que hoje são músicos profissionais”, afirma.

Ele faz questão de observar ainda que, quando o assunto é música, o município se destaca tanto na quantidade quanto na qualidade. “Ponta Grossa tem uma grande variedade de boas bandas de colégio, centenas de bandas populares e diversos músicos excepcionais. É uma cidade extremamente musical e que foi contemplada com o talento”, elogia.

Composições próprias

Além de executar obras de outros compositores, Rafael também compõe as suas próprias músicas. “Isso vem da minha história com a música. Desde cedo, eu já tinha interesse por criar, compor arranjos e escrever letras”, lembra. Atualmente, ele tem no currículo cinco composições clássicas e 20 canções populares próprias. “Fica aqui o meu convite para que a população acompanhe e prestigie o trabalho dos compositores locais. Já tive oportunidade de fazer apresentações apenas com músicas de compositores ponta-grossenses e o retorno foi muito positivo”, revela.

E, por falar em compositores, o predileto do maestro é o russo Tchaikovski.“Eu tenho muito respeito e admiração por ele. Se eu tivesse que escolher apenas um para apresentar ao público, seria ele”, indica. Mas Rafael ressalta que também gosta de interpretar as composições de Beethoven, Mozart e Dvořák. Compositores que, segundo ele, podem ser apreciados pelo público em geral, o que seria confirmado pelo número cada vez maior de pessoas nas apresentações. “Pode parecer um contrassenso, mas a população tem acompanhado vários eventos de música clássica”, relata.

Público

Na percepção do maestro, o interesse pelo gênero vem crescendo, não apenas em Ponta Grossa, mas no Brasil inteiro. “É um tipo de música que não é explorado na mídia, com o acesso muitas vezes limitado, mas as pessoas se interessam e procuram conhecer. Elas vão ao teatro já sabendo obras inteiras, e isso nos deixa muito felizes”, conta.

Engana-se, aliás, quem pensa que as orquestras sinfônicas tocam apenas música clássica. É cada vez mais comum que também interpretem obras populares, do rock ao jazz, passando pelo tango e pelo samba. “Cada vez mais, o nosso trabalho como maestro é pautado na variedade de compositores e estilos. Tem sido uma experiência maravilhosa para os músicos e muito interessante para o público”, conclui.

Por Michelle de Geus | Foto: Davi Degraf