Sexta-feira, 29 de Março de 2024

Lobby para jogos de azar e cassinos ganha força no governo Bolsonaro

2020-05-18 às 14:57

A pressão do lobby para a autorização dos jogos de azar e cassinos sobre o presidente é maior à medida que pioram as previsões econômicas para este ano. Desde o início do governo, como mostrou a edição de VEJA deste fim de semana, lobistas tentam influenciar Jair Bolsonaro a apostar na medida para aumentar emprego e arrecadação, mas as consequências da pandemia sobre a economia deram um sentido de urgência nos argumentos, reforçados por políticos do centrão, seus amigos e até por seu filho Zero Um.

Os cenários são sombrios para a economia, como o tombo no PIB da ordem de 4,7%. Antes da pandemia, o governo previa variação positiva de 0,02%. É andar para o lado, mas, ainda assim, não é correr para trás. É a maior queda do PIB desde 1901. O ministério da Economia estimou que cada semana de isolamento impede o país de produzir 20 bilhões de reais em riquezas. E, para piorar, os gastos da União no combate ao vírus e as suas consequências, incluindo aí o auxílio emergencial de 600 reais, levam ao déficit no orçamento de 600 bilhões de reais. Some-se a outro dado da equipe econômica, segundo a qual, se a paralisação em decorrência da pandemia permanecer até o fim do ano, o número de demissões, por conta das falências, pode chegar a 5 milhões.

Nesse cenário, o lobby pela legalização dos jogos ganha força. Os números apresentados pelo setor dão conta de mais de 20 bilhões de reais em arrecadação, sem contar outros 7 bilhões de reais que entrariam para os cofres públicos com outorgas, concessões e licenças. Sem contar com os 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos criados a partir da mudança na legislação.

Embora durante a campanha Bolsonaro tenha afirmado que cassino, se permitido no país, “serviria para lavar dinheiro” e para “destruir famílias”, ao longo do primeiro ano ele deu indicativos que defenderia a ideia se a bancada evangélica fosse convencida a pelo menos se manter neutra na questão. O presidente não quer perder o status de defensor da família, permitindo a prática, que na opinião do segmento, poderia levar à sua ruína. Bolsonaro conta os evangélicos para manter seu um terço de apoiadores.

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