Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Exclusivo: Em PG, mais de 50% dos contratos de aluguel de imóveis comerciais foram renegociados durante a pandemia

2020-06-23 às 11:46

Durante a pandemia do novo coronavírus, empresas de todo o país foram obrigadas a suspender as suas atividades comerciais. A dificuldade no faturamento fez com que muitos inquilinos tentassem renegociar os contratos de aluguel em busca de descontos. Em Ponta Grossa não foi diferente e os impactos da Covid-19 também puderam ser sentidos no setor imobiliário.

De acordo com Carlos Ribas Tavarnaro, vice-presidente da regional Campos Gerais do Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR), mais de 50% dos contratos de aluguel de imóveis comerciais foram renegociados em Ponta Grossa. Os descontos ficaram entre 30% a 50% nos meses de abril e maio e em junho não ultrapassaram os 30%.

“Desde abril, quando houve o primeiro decreto municipal que impediu o comércio de abrir as portas, já houve um reflexo no vencimento dos aluguéis. Em maio, aumentou a demanda por desconto”, comenta Tavarnaro.

Ele acrescenta que no mês de junho o mercado imobiliário se mostrou mais aquecido. “Em junho a gente percebeu que algumas atividades estão voltando para a normalidade, outras ainda estão com dificuldade de faturar. Quase 100% das operações comerciais tiveram algum impacto com a pandemia, mas naquelas que forçosamente tiveram que fechar as portas o impacto é maior”, diz.

Imóveis residenciais 

Tavarano relata que a demanda por descontos nas negociações residenciais é menor e que apenas 10% dos contratos de aluguel foram revistos neste período. “As negociações de aluguel dos imóveis residenciais ficam um pouco fragilizadas, porque levam em consideração unicamente a situação econômica do locatário”, ressalta.

Para o vice-presidente, isso se deve à relação entre o pagamento do aluguel com a utilização do imóvel. “Quando o inquilino está impedido, por motivo de força maior de usufruir do imóvel, ele se sente no direito de não pagar o aluguel. Os imóveis residenciais, ao contrário dos comerciais, estão sendo ainda mais utilizados do que antes”, frisa.

Negociação é alternativa mais viável

Na opinião de Tavarnaro, o melhor caminho para os locatórios que enfrentam dificuldades para pagar o aluguel é a negociação. “A orientação é para que os inquilinos procurem negociar e aproveitem que os locatários estão sensíveis a esta negociação”, destaca.

Ele acredita que é possível encontrar um equilíbrio para que o contrato de aluguel não precise ser encerrado. “A desocupação do imóvel é prejudicial para todo mundo e a maioria das imobiliárias que a gente tem conversado estão tentando encontrar este equilíbrio para que o prejuízo seja o menor possível. Prejuízo há e não tem como esconder, mas que ele seja pelo menos minimizado”, reforça.

Entretanto, Tavarnaro pede cautela e bom senso. “Eu tenho procurado deixar claro para os locatórios que o proprietário não é obrigado a dar o desconto e que inquilino pode simplesmente não pagar o aluguel em razão de todo esse problema”, enfatiza. Ele explica que, como o desconto não é obrigatório, os atrasos no pagamento estão sujeitos à multas e juros.

Foto: Arquivo Monteiro Lobato