Sábado, 20 de Abril de 2024

“Vai mudar a data, mas o país não vai estar normal”, afirma Rangel sobre adiamento das eleições municipais

2020-06-25 às 09:01

Na manhã desta quinta-feira (25), o prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, usou o espaço do ‘Programa Nilson de Oliveira’, transmitido pela Rádio Mundi, para explicar como a pandemia do novo coronavírus pode afetar as eleições municipais em 2020.

Na tarde de ontem (24), o Senado Federal aprovou o adiamento das eleições municipais. A população deve comparecer às urnas no dia 15 de novembro e novamente no dia 29 de novembro nas cidades onde houver o segundo turno. A proposta poderá sofrer emendas e alterações da Câmara dos Deputados e retorna ao Senado para só então ser sancionada pelo Presidente da República.

Rangel acredita que em novembro o país ainda estará sofrendo com a pandemia do novo coronavírus. “Nós estamos no final de junho e não chegamos ao pico no Brasil e nem na cidade de Ponta Grossa. Isso é certo. Depois que chega no pico ainda tem mais dois meses, no mínimo, de descida dos casos e tentativa de controle da doença”, aponta.

Para o prefeito, isso inviabiliza a campanha eleitoral nos meses que antecedem as eleições. “Está tudo errado. Eu estou achando muito estranho o que está acontecendo, porque vai mudar a data, mas o país não vai estar normal. Como é que você vai decidir num ano com pandemia?”, sublinha.

Como o coronavírus deve mudar a campanha eleitoral

Além dos prazos que ficaram mais apertados, Rangel destacou a dificuldade de se fazer uma campanha eleitoral sem conversar diretamente com a população. “Existe campanha eleitoral sem ter contato com as pessoas? Eu não conheço”, afirma. “Mesmo porque, se você vai escolher um representante seu, você tem que conhecê-lo ou conhecê-la. Você precisa ter contato com o candidato para saber se ele não é falso, se ele não é corrupto, se não é um enganador”, detalha.

O prefeito apontou que os candidatos que estão no grupo de risco para o novo coronavírus e precisam manter o isolamento social serão ainda mais prejudicados. “Eu fico imaginado, por exemplo, quem tem mais de 50 anos. Como é que vai fazer campanha se não vai poder sair de casa e conversar com as pessoas?”, questiona.

O adiamento das eleições, alerta Rangel, também pode prejudicar os candidatos que estão concorrendo pela primeira vez a um cargo público. “Como é que uma pessoa que não é político, mas quer uma mudança no Brasil, vai se apresentar para a população se ela não pode nem sair na rua?”, salienta.

Outro ponto levantado pelo prefeito é com relação aos candidatos que já possuem cargo público. “Eu não sou candidato, estou me despedindo no dia 31 [de dezembro] e sou contra a prorrogação de mandato”, garante. “Agora, vamos imaginar, e se eu fosse candidato? Você não acha que quem está no poder teria mais chances do que aquela pessoa que não pode ter contato com ninguém?”, enfatiza. 

Para Rangel, a democracia será prejudicada se as eleições forem realizadas em novembro. “Muitos candidatos não vão conseguir fazer campanha e isso já mudou o sistema democrático de uma eleição. Democracia é deixar todo mundo nas mesmas condições de disputa”, afirma. 

Outras formas de fazer campanha

Durante o ‘Programa Nilson de Oliveira’, o prefeito Marcelo Rangel também questionou meios de comunicação que poderiam substituir as convenções partidárias, comícios e reuniões.

Uma das alternativas levantadas por Rangel é o horário eleitoral através das emissoras de rádio e televisão. “Não é o normal. O normal é você se colocar à disposição da população, ir nos bairros, na casa das pessoas para contar quais são as propostas do novo governo”, explica.

O prefeito também se mostrou contrário às campanhas eleitorais realizadas pela internet. “A internet é cheia de fake news. É cheia de mentira, cheia de enganação. Como é que você vai escolher um candidato pela internet?”, diz.

Por fim, Rangel lembra a necessidade de utilizar máscara em locais públicos o tempo todo, o que dificulta o contato com a população.