Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Dia do Idoso: Saiba o que é ageísmo, o preconceito que nasceu com o envelhecimento da população

2020-10-01 às 17:05

Dia 01 de outubro é comemorado o Dia do Idoso, e, de acordo com dados do IBGE, o Brasil possui mais de 28 milhões de idosos, ou seja, cerca de 13% da população tem mais de 60 anos. E por mais que seja difícil de perceber, os mais velhos sofrem discriminações diariamente.

O preconceito contra os idosos é chamado de ageísmo e caracteriza todo e qualquer tipo de discriminação contra uma pessoa, simplesmente por conta da sua idade. A busca pelo padrão de beleza ideal também reforça esse preconceito. Para a psicóloga Caroline Liber Kincheski, isso é fruto de uma sociedade extremamente ageísta. “A nossa sociedade tem horror ao envelhecimento. A cultura ocidental não vê o envelhecimento em nenhum ponto positivo, não vê a questão da maturidade, da sabedoria, ter mais tempo disponível para aquilo que realmente vale a pena. Tanto que o padrão de beleza atual é seco, sarado, definido e jovem. É uma sociedade que tem horror à rugas”, explica.

E assim como qualquer tipo de preconceito, o ageísmo também causa sofrimentos psíquicos nas vítimas. “Este preconceito, como qualquer outro, gera um sofrimento psíquico na vítima, porque ela tem que lutar contra o que é natural. O que é natural: envelhecer, ter rugas e a pele ficar sem colágeno”, afirma Caroline.

Estatuto do Idoso

No Brasil, o Estatuto do Idoso, definido pela Lei Federal, de nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, prevê uma série de normas para proteger e defender os direitos da pessoa idosa. O artigo 96 do Estatuto define que tratar a pessoa de forma injusta ou desigual, criando empecilhos ou dificuldades de acesso a operações bancárias, meios de transporte, ou criar embaraços ao exercício da cidadania é um delito e a pena prevista é de 6 meses a 1 ano de reclusão e multa. Se a pessoa for a responsável pela vítima, a pena ainda pode ser aumentada em 1/3.

Caso Internacional de Ageísmo

Um caso internacional de ageísmo movimentou as redes sociais recentemente. Em agosto, a cantora pop Madonna, de 62 anos, postou um vídeo defendendo a hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19 e inúmeros comentários chamando a cantora de ‘gagá’ e ‘velha’ foram surgindo. Logo em seguida a publicação foi excluída pela própria rede social, pois foi identificada como fake news.

Em entrevista ao Portal UOL, Cíntia Liesenberg, Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, afirma que as redes sociais reafirmam ainda mais comportamentos preconceituosos. “O fato de Madonna ter divulgado fake news aparece, nesse contexto, por ela ser mais velha e, por isso, ser vista como alguém que não sabe lidar.com tecnologias ou não ter entendimento daquilo”, afirma.