Os seres humanos possuem um desejo inato: avançar! O crescimento desejado não é apenas biológico, mas igualmente pretendido em várias áreas da vida, tais como relacional, acadêmica, profissional, emocional, entre outras. E a ideia que geralmente surge quando se ouve tal palavra é: seguir em frente. Entretanto, algumas vezes na história, somos lembrados que retornar também pode ser avançar.
Um grande avanço na história da humanidade foi a Reforma Protestante. Relembrando: no dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano alemão, mestre em Teologia, Martinho Lutero, apregoou, na porta da Catedral de Wittemberg, 95 teses, com o objetivo de discuti-las entre o clero e reformar a igreja, visando o retorno a valores referentes à fé e à salvação. Devido à invenção da prensa móvel, pelo também alemão Johannes Gutenberg, as teses foram impressas e divulgadas ao povo. Assim, eclode a Reforma Protestante. Para entender o real impacto à época, basta recordar que o momento era permeado por muitos conflitos na igreja medieval: união da Igreja com o Estado, lutas internas pelo poder, erros do clero, aumento de riquezas eclesiásticas à custa de um povo que vivia na miséria, imoralidade de muitos sacerdotes, cruzadas com fins econômicos, inquisição com perseguições, torturas e martírios, recebimento de cargos eclesiásticos por favores políticos (sinecura), vendas de favores divinos (simonia), culminando com a venda de perdão de pecados (indulgências). Homens como Pedro Valdo (comerciante na França), John Wycliffe (professor universitário em Oxford), John Huss (padre na Boêmia, atual República Tcheca), entre outros, foram perseguidos e até mortos, simplesmente pelo desejo de ver a população lendo a Bíblia na sua própria língua materna. Havia algo errado com a igreja… Ela havia se afastado da Palavra de Deus (Bíblia). Diante de tal situação, em especial às indulgências, Martinho Lutero, após ler Romanos 1:17 (onde o apóstolo Paulo ensina que o justo viverá pela fé, em Jesus, e não por obras meritórias, sacrifícios autoinflingidos ou negociações com determinada igreja), escreveu 95 teses, onde a principal era a Justificação pela Fé, e protestou contra as argumentações da igreja da época, opostas à Palavra de Deus e à sua consciência (de onde derivou o termo “protestante”). Foi perseguido, contudo permaneceu firme, traduzindo a Bíblia para o idioma alemão. Surge a Igreja Luterana. Paralelamente a isso, um brilhante estudante francês, chamado João Calvino, formado em Direito e Ciências Humanas, após ler a Bíblia, converte-se a Cristo com 23 anos, e, com 32 anos, escreve “As Institutas da Religião Cristã”, defesa do cristianismo enviada ao rei da França, a qual se tornou a base da teologia reformada. Sua principal tese era a Soberania de Deus e defendia a Bíblia como única regra de fé e prática do cristão. Tornou-se pastor na cidade de Genebra, Suíça, onde provocou grande, e abençoada, transformação social e educacional na cidade, através da Bíblia e da educação. Surge a Igreja Reformada, que deu origem à Igreja Presbiteriana.
A Reforma Protestante pode, então, ser definida como um retorno: à Palavra de Deus (Sola Scriptura), à Graça (Sola Gratia), à Fé (Sola Fide), a Cristo (Solus Christus) e a Deus (Soli Deo Gloria). Através da Reforma Protestante foi possibilitada, a qualquer pessoa, o direito de ler a Bíblia e buscar a Deus, sem invenções ou intervenções humanas. Através da Reforma Protestante houve o início da separação entre Igreja e Estado, retornando à simplicidade do Evangelho. Através da Reforma Protestante houve o retorno a Deus e à sua vontade. Através da Reforma Protestante houve o retorno à leitura da Palavra de Deus. Outros nomes surgiram no decorrer da história, porém sempre com a mesma inspiração: levar a Bíblia a todos.
Um dos maiores avanços da humanidade foi um retorno: o retorno à Palavra de Deus. Por isso a data de 31 de outubro, onde são comemorados os 504 anos da Reforma Protestante, é tão importante e por isso deve não apenas ser recordada, mas igualmente celebrada, ao redor da Palavra de Deus e buscando o Deus da Palavra!