Nascer prematuro é ser lutador. E foi assim que o Hospital Materno-Infantil da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Humai-UEPG) descreve os bebês que nascem de forma prematura – como lutadores. De 15 a 18 de novembro, a instituição organizou atividades em comemoração ao Dia Mundial da Prematuridade, celebrado nesta quarta-feira (17). As atividades marcam o Novembro Roxo, que simboliza a sensibilidade, individualidade e características dos bebês prematuros. O tema das atividades desse ano, estampado nas áreas do Hospital, é em homenagem aos bebês: “Lute como um Prematuro”.
Cada miligrama conta. E Luciane Vieira sabe a importância do ganho de peso. Ela deu à luz aos gêmeos Théo e Gael em 30 de outubro, com 32 semanas de gestação. “Estamos vivendo um momento mágico, mas de muita preocupação pela evolução deles”, conta. Luciana vem todas as tardes para ver seus filhos. Ambos ficam na incubadora, abraçados a um polvo de crochê, que simula o cordão umbilical da mãe. “A gente está se sentindo muito acolhido aqui, o trabalho da equipe é espetacular. Com com duas semanas e alguns dias que estamos aqui, conseguimos respirar um pouco melhor, porque estamos vendo a evolução deles e o trabalho incansável da equipe”, comemora.
O “trabalho incansável” a que se refere Luciane se reflete em números. Em somente um mês (agosto a outubro deste ano), foram atendidos 84 bebês em prematuridade no Humai. A UTI Neonatal atendeu, desde agosto de 2020, 119 bebês prematuros ou com menos de 37 semanas. Os números de atendimentos aumentam no Berçário do Hospital: 126 bebês atendidos, com menos de 37 semanas, desde agosto do ano passado. O diretor geral do Hospital Universitário, Sinvaldo Baglie, reforça que o Humai realiza atendimentos em neonatologia e obstetrícia para mães e bebês de 28 municípios dos Campos Gerais. “Com atendimentos de excelência em saúde para este público, cumprimos nossa missão institucional e garantimos tratamento especializado a cada vez mais pessoas”.
Ver a evolução dos bebês prematuros também é importante para a equipe. A fisioterapeuta da UTI Neonatal, Flavia Bezerra Pesci, destaca a luta diária que os bebês enfrentam para a recuperação. “Ao longo do tempo, vamos trabalhando para criar um vínculo com a família, para propiciar um vínculo do bebê com a mãe, e essa família acaba ficando mais próxima da gente também”, conta. A longa permanência dos pacientes demanda cuidados especiais. “A maioria não tem noção que o cuidado de um pequeno é tão demorado”.
O Humai conta com seis leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e dois de Unidade de Cuidado Intensivo (UCI), voltados ao tratamento de bebês prematuros. Flavia explica que o cuidado aos prematuros é diferenciado. “A maioria das pessoas que trabalham em hospitais lidam com outro tipo de cuidado. Aqui a gente trabalha com toque toque mínimo, com descanso para ganho de peso, então é uma atuação muito individualizada”, ressalta. Segundo ela, o Dia da Prematuridade destaca o trabalho feito pelos profissionais. “Mostra o nosso jeito de trabalhar e faz com que exista uma sensibilização. Os bebês são muito frágeis, mas muito fortes, porque eles suportam muitas coisas durante todo o internamento”.
Cerca de 95% dos recém-nascidos, que precisam de UTI Neonatal no Humai, são crianças prematuras com menos de 37 semanas de gestação. No Brasil, 10% dos nascimentos são de bebês prematuros. “Antigamente, era focado muito na fragilidade do prematuro, mas agora estamos focando no cuidado do prematuro, porque é um trabalho minucioso e muito gratificante”, salienta a enfermeira pediátrica Neidy Forte. Os pais, depois da alta de seus bebês, mantêm o vínculo com a equipe. “A família sempre nos manda as fotos dos nossos ex-pacientes, porque cada bebê que sai daqui é uma vitória. Ver eles crescendo fortes e estabelecidos não tem preço”.
Atividades
Para realizar as atividades de maneira integral, as atividades do Novembro Roxo envolveram os profissionais que atendem bebês prematuros e também as famílias. Todo o planejamento de atividades se deu por meio da equipe do Programa de Residência Multiprofissional em Neonatologia. “Pensamos nessa semana para integrar toda equipe e familiares, com momentos de treinamento e relaxamento”, esclarece Débora Melo Mazzo, coordenadora da Residência em Neonatologia.
A equipe é composta por 20 residentes, como assistentes sociais, farmacêuticas, fisioterapeutas, enfermeiras e dentistas, que organizaram oficinas de montagem de ventilador mecânico, aulas de reanimação e oficina de manobra de Heimlich. “Organizamos oficinas de banho terapêutico, que é o que a gente faz na UTI com os bebês, e muitos pais pedem para aprender. Orientamos sobre posições para dormir e sinais de alerta, além prevenção da sepse, porque os bebês são muito suscetíveis a infecções”, explica Débora. Nesta quarta-feira, as mães puderam ter sessões relaxantes de barras de access e trabalhos manuais. A semana do Novembro Roxo encerra nesta quinta-feira com o 1º Fórum Multiprofissional da Prematuridade, sob o tema “Lute como um Prematuro”.
Para a assistente social e residente, Bárbara Pereira, o tema prematuridade precisa ser mais discutido para o melhor atendimento aos pais. “A semana toda foi proveitosa e discutir o tema com pais e profissionais da saúde, sem dúvidas, contribui para a melhor assistência”. Toda a programação, bem como os materiais produzidos, foram obtidos com o apoio da Associação dos Amigos do Hospital da Criança.
da UEPG