A caravana do leite foi finalizada no nordeste brasileiro. Foram dois dias de agenda, o primeiro dia foi marcado por uma reunião com produtores que ocorreu durante a realização da Festa do Boi e o segunda dia foi reservado para a visita em duas fazendas produtoras de leite nas cidades de Parnamirim e Bom Jesus, que foram as escolhidas para receber a visita da caravana que é liderada pela presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural – CAPADR a deputada federal Aline Sleutjes, com a presença do Dep. Benes Leocádio (MG), o Dep. Fed. General Girão (RN); o presidente da Associação Norte Rio Grandense dos Criadores Marcelo Passos, o Superintendente da Conab Boris Minora, o Delegado do MAPA Roberto Papa, o diretor da Abraleite Acácio Brito e lideranças de produtores rurais.
A escolha de finalizar a caravana no Nordeste, foi feita pelos paramentares da subcomissão do leite, após concluírem que havia necessidade de conhecer a experiência de um dos estados que apresenta as condições mais desafiadoras para a produção de leite e derivados. Com baixa disponibilidade de chuvas, com baixa produtividade e sem contar com uma cadeia produtiva organizada, o estado do Rio Grande do Norte produziu 323,9 milhões de litros de leite em 2020, ou 0,9% da produção brasileira. Esta produção rendeu cerca de R$ 700 milhões em 2020 para as famílias produtoras, correspondentes a vendas realizadas para laticínios, de acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal 2020, realizada pelo IBGE.
REUNIÃO COM LIDERANÇAS – 59ª FESTA DO BOI
O primeiro compromisso foi no dia 19 de novembro, no Parque de Exposições Aristófanes Fernandes, durante a realização da 59ª Festa do Boi, para evento de reunião com representantes dos produtores, especialmente os de leite. Participaram desse evento: a presidente da CAPADR – Dep. Fed. Aline Sleutjes, o Dep. Benes Leocádio (MG), o Dep. Fed. General Girão (RN); a Dep. Fed. Carla Dickson (RN), o vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura e presidente da Agricultura e Pecuária da Paraíba Mário Borba, o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Norte José Vieira, o presidente da Federação da Agricultura de Sergipe Ivan Sobral, o presidente da Associação Norte Rio Grandense dos Criadores Marcelo Passos, o coordenador do Instituto Pensar Agropecuária Gustavo Carneiro, o Superintendente da Conab Boris Minora, o Delegado do MAPA Roberto Papa, o diretor da Abraleite Acácio Brito, o secretário de Estado da Agricultura Guilherme Saldanha, o presidente da Federação dos Municípios do RN Antenor Pereira da Silva, o Prefeito de Natal Álvaro Dias, dentre outras autoridades e representantes de órgãos de governo e de representação civil.
Várias manifestações de lideranças assinalaram a dificuldade de obtenção de crédito para investimentos na rede bancária oficial, com citações de Banco do Nordeste e Banco do Brasil. Houve uma unicidade para que se crie uma Política Agrícola diferenciada para a região, contemplando as suas características climáticas, que são muito peculiares, se comparado aos demais biomas brasileiros.
No evento o deputado federal Benes Leocádio destacou: “Estamos, por mais um ano, presentes no maior evento agropecuário do Norte e Nordeste, uma oportunidade única de promover a integração de todos que fazem esse setor tão importante”.
O deputado federal General Girão destacou iniciativas para fomentar, estruturar e alavancar o agronegócio no Rio Grande do Norte, segundo o parlamentar “o nosso estado tem pressa, não podemos mais aceitar atrasos no setor agropecuário. Queremos uma frente para buscar esse apoio junto ao governo federal para o fortalecimento dos produtores rurais, em especial, os de leite.”
Aline Sleutjes, deputada federal e presidente da CAPADR salientou “Nossa visita hoje, é uma visita para conhecer a realidade dessa região do nosso país, eu que sou do sul, estado do Paraná, estou aqui para entender e poder ajudar também nas necessidades dos produtores aqui do Rio Grande do Norte, tenho o orgulho de estar com vocês hoje para compartilhar esse momento tão rico da agricultura nacional, nos últimos 40 anos, nós deixamos de ser importadores e passamos a ser os maiores exportadores do mundo, hoje o alimento brasileiro está em 170 países do mundo ”.
A parlamentar, em discurso, destacou a importância da Embrapa para o agro brasileiro, com as pesquisas e incentivo aos produtores, principalmente quanto às iniciativas para a região semiárida do nordeste brasileiro.
FAZENDA SÃO FRANCISCO – BOM JESUS –RN
No dia 20 de novembro de 2021, a primeira visita ocorreu na cidade de Bom Jesus, em região de semiárido, com seca intermitente nos últimos 18 meses. A Fazenda São Francisco, de propriedade da senhora Dafne Semires de Araújo Silva, tem 197 hectares, com uso aproximado de 70 hectares para a produção de leite (única atividade agropecuária), com um rebanho de 82 vacas, sendo 58 em fase de lactação, com uma produção média diária de 850 a 900 litros, atingindo uma média de 15 a 20 litros diários por animal, a ordenha é feita com ordenhadeiras mecânicas ligadas a tambores e depois despejados no resfriador, que tem capacidade para 2 mil litros, o leite fica armazenado por dois dias até a coleta. A alimentação dos animais é feita com palma e talo de mandioca, silagem de milho, cevada úmida e trigo triturados. A produtora reconhece que leite é um bom negócio, mas, com a elevação do preço dos insumos, atualmente a produção não cobre os custos de energia elétrica, os custos fixos e nem permite retirada financeira para manutenção da família da produtora, que manifestou imensa preocupação com o final de seu estoque de milho obtido junto à Conab. O sistema de limpeza é manual garantindo a sanidade do local.
A Palma forrageira, base da alimentação dos animais é uma redenção para a pecuária nordestina, com um trato muito simples ela rende 300 toneladas por hectare/ano e com irrigação e adubo chega a uma produção de 600 a 700 toneladas por hectare/ano. Essa é uma grande solução aos produtores nordestinos. Ela é picada no facão ou quando tem máquina é triturada e servida com alguma fibra junto.
“É uma realidade muito diferente, é a primeira vez que vejo a palma para a alimentação dos animais, a falta de chuvas na região contribuam para um clima desértico, uma realidade muito diferente da que estávamos acostumados a ver nos outros estados que conhecemos, é realmente um desafio ter uma produção com essas condições climáticas, no nordeste os produtores fazem milagres” comentou a presidente da Comissão de Agricultura Aline Sleutjes.
Conforme relatário técnico da Embrapa, caso a produtora tivesse assistência técnica e de gestão regular, certamente haveria redução de custos de alimentação. Um exemplo para registro: a produtora manifestou dependência de milho, mas poderia estar utilizando o Capiaçu, criado pela Embrapa e que poderia ser irrigado, já que existe disponibilidade de água por poço. O investimento que ela informou que fará em energia solar poderia ser feito após o investimento em implantação de Capiaçu irrigado, que deveria ser priorizado.
A fazenda não registra dados de desempenho, sobre a composição do rebanho, a produtividade das vacas, o critério de formulação da dieta das vacas e a quantidade de alimento distribuído aos animais. Não foi possível obter indicadores de eficiência zootécnica, por não ocorrer anotações.
FAZENDA BOA ESPERANÇA – CIDADE DE PARNAMIRIM- RN
A segunda propriedade visitada foi a Fazenda Boa Esperança na cidade de Parnamirim- RN, região metropolitana de Natal, de propriedade do senhor Manoel Montenegro Neto, com uma produção média diária de 750/800 litros, com rebanho de 45 vacas (holandesa e girolanda) em fase de lactação, com produção média de 15 a 20 litros por animal, fazendo duas ordenhas diárias. A alimentação é feita de silagem de milho, complementada com ração, há também um completo sistema de refrigeração, que leva conforto aos animais. A propriedade preza pela sustentabilidade e utiliza fertiirrigação, aproveitando os dejetos dos animais para a produção da forragem.
A propriedade possui processo automatizado na distribuição da quantidade de concentrado a ser destinada a cada animal, que é individualizada em função da produção. Faz uso de colares com chips nos animais, o que permite gerenciar todos os processos de saúde, de bem-estar e reprodutivo dos animais. A ordenha é feita por ordenhadeira eletrônica, que gera dados sobre a produção de cada animal. A gestão de todo o sistema (colares e ordenhadeira) é feita por meio do computador e do celular. Os animais da propriedade são genotipados e parte do rebanho foi identificado com gens alelos A2.
O sistema de produção é dotado de ventiladores em todo o espaço utilizado pelos animais. Além disso, a propriedade recebe fluxo contínuo de vento natural, que torna o ambiente bastante apropriado para os animais. Contribuindo com o bem-estar e garantindo melhor desempenho dos animais, considerando que são de padrão genético europeu, predominantemente. A propriedade conta com uma planta industrial e os produtos chegam no mercado Fior di Latte, Especializada em queijos finos italianos, está no mercado desde 1998.
“Essa foi, sem dúvida, uma experiência única, agradeço à todos os produtores que nos receberam, nosso relatório da caravana do leite ficará ainda melhor, pudemos absorver muitas experiências que enriquecerão o PL sobre políticas públicas para o setor leiteiro, que tem por finalidade de construir boas práticas, incentivar os produtores, maximizar os esforços, reduzir o custo de produção, visando o crescimento e fortalecimento do setor” finalizou Aline Sleutjes.
da Assessoria