Segunda-feira, 07 de Outubro de 2024

Jovens enxadristas dos Campos Gerais colocam o Paraná em destaque no esporte

2021-12-10 às 15:13
À esquerda, Maria Eduarda Beraldo Buiar com a técnica da equipe paranaense, Amanda Lermen. À direita, Mitzi Vedan de Ramos

Nos esportes, tomadas de decisões acontecem a todo momento e podem definir a vitória ou a derrota. Uma modalidade em específico, porém, leva essa regra ao limite: o xadrez, esporte que exige um raciocínio rápido e cirúrgico. Em uma batalha entre peças brancas e pretas, os jogadores devem estar atentos a todos movimentos e possibilidades; um movimento pode facilmente acarretar no fim da partida. O jogo é de uma complexidade gigantesca, sendo estudado em diversas áreas, como matemática, psicologia e computação.

De outubro de 2020 para cá, o esporte teve um crescimento no número de jogadores graças à série O Gambito da Rainha, da Netflix – de acordo com dados do Google Trends, as buscas por xadrez cresceram 41% após o lançamento da obra no serviço de streaming. Nos Campos Gerais, entretanto, não foi necessário nenhuma grande produção para despertar o interesse de duas meninas pelo xadrez. Maria Eduarda Beraldo Buiar, de Ponta Grossa, e Mitzi Vedan de Ramos, de Piraí do Sul, têm 14 anos de idade, estudam em escolas de Ponta Grossa e são enxadristas. Apesar de jovens, possuem um currículo invejável quando se trata de competições – inclusive em âmbito nacional. Elas integraram a equipe paranaense nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBs), realizados do dia 29 de outubro a 5 de novembro, na Cidade Olímpica, no Rio de Janeiro. E voltaram com motivos de sobra para deixar todo o estado orgulhoso. A comitiva foi campeã em todas as categorias disputadas: convencional masculina, convencional feminina e blitz misto.

É claro que chegar até lá exigiu muito esforço da dupla. Mitzi, que começou a praticar quando tinha entre sete e oito anos, na escola, estuda e pratica o esporte diariamente. Rotina esta que é compartilhada por Maria Eduarda, que guarda duas horas de seus dias para treinar e cujo interesse pelo xadrez foi despertado aos oito anos. Mas, como qualquer jovem, elas possuem outros gostos que vão além do xadrez. Maria Eduarda, por exemplo, gosta de vôlei, enquanto Mitzi faz balé e gosta de estudar História, principalmente a Idade Antiga.

Participar – e muitas vezes, vencer – em competições estaduais e nacionais traz sentimentos únicos a elas. “É uma sensação indescritível saber que se conquistou algo não só para si mesma, mas também para o seu esporte, para a sua cidade e estado”, conta Mitzi, que ficou com o primeiro lugar nos Jogos da Juventude, realizados no último fim de semana de novembro, em Apucarana, nas categorias individual e equipe. “Me sinto muito bem e orgulhosa por representar e estar em um evento nacional e foram jogos bem disputados”, diz Maria Eduarda. Os pais de ambas, além de compartilharem o orgulho pelos feitos das meninas, sempre procuram incentivá-las no esporte. Josmar Edson Buiar, de 56 anos, e Maristela Beraldo, de 42 anos, pais da Maria Eduarda, destacam os benefícios que o xadrez traz. “É um esporte que ajuda nos estudos e em raciocínios e decisões rápidas”, contam. Mitia Vedan de Ramos, mãe de Mitzi, conta que sempre acompanha a filha nas competições para dar suporte.

Mas o que chama a atenção dessas garotas em um esporte tão analítico? “Pela concentração, a forma de pensar criando ideias e jogadas”, destaca Maria Eduarda. Já para Mitzi, o que salta aos olhos são “As infinitas possibilidades. Você nunca sabe qual é realmente o melhor lance, e nenhuma partida pode ser repetida. Até hoje existem novidades no xadrez, e sempre haverão novos lances e possibilidades”. Assim como em qualquer esporte, elas são inspiradas por grandes nomes do xadrez – curiosamente, cada uma tem como referência uma das irmãs Polgár, duas grandes enxadristas profissionais e de renome internacional; enquanto Mitzi prefere Judit, Maria Eduarda é fã de Susan.

Vencer no JEBs é um grande feito que as duas compartilham, mas nenhuma das duas tem interesse em parar por aí. Ambas pretendem continuar no esporte e já estão com compromisso marcado para janeiro, quando participarão do Floripa Chess Open 2022, em Santa Catarina.