Se a prefeitura de Ponta Grossa fosse pagar a emissora comercial mais assistida da cidade e da região para exibir o programa “Vem aprender”, voltado para os alunos e alunas da Rede Municipal de Ensino, teria que desembolsar valores entre R$ 251.603.658,00 e R$ 579.616.236,00. Isso porque cada minuto na TV citada, custa entre R$ 1.244,70 e R$ 2.867,40, dependendo do horário de veiculação.

Os dados são da Frente em Defesa da TV Educativa de Ponta Grossa – TVE PG. Para chegar à quantia, foram consultados os valores da emissora comercial e confrontados com os números da TVE PG. De 2020, quando o “Vem aprender” começou, até o final de 2021, quando cessou, a emissora pública produziu e exibiu nada menos do que 3.369 horas de programação própria de conteúdo educacional/educativo. Ou seja, se precisasse pagar uma emissora comercialapenas para transmitir os programas, o valor poderia passar de meio bilhão de reais.

Haveria problemas

E mesmo que o Executivo tivesse os mais de R$ 500 milhões, haveria um grande problema para o Município: as emissoras comerciais têm grades fechadas, não haveria espaço para veiculação das aulas e atividades para as crianças, que ficariam desassistidas pelo Poder Público e deixariam de estudar, o que é proibido por lei.

Logo, as aulas só foram possíveis porque a Prefeitura possuía acesso à emissora, com um Conselho de Programação flexível e atento aos deveres para com os pequenos e suas famílias, a maioria composta por trabalhadores e trabalhadoras dos bairros mais carentes e afastados do centro de Ponta Grossa, onde em alguns casos nem sinal de Internet existe.

Produção e exibição próprias também economizaram dinheiro público

O dinheiro do contribuinte também foi economizado para produzir os programas. Com os profissionais da TVE PG trabalhando 8h por dia, economizou-se R$ 4 milhões, que seria o valor pago a uma produtora particular pelo serviço durante os dois anosde ensino remoto.

Prefeita elogiou a qualidade da TVE PG

Em 2021, quando o “Vem aprender” completou um ano, a prefeita Elizabeth Schmidt elogiou a iniciativa da Secretaria Municipal de Educação e os profissionais da TVE PG, conforme material jornalístico distribuído pela própria Prefeitura. “A longevidade do programa demonstra não apenas uma necessidade, mas também a competência técnica de nossos professores e a habilidade de superar expectativas. Demonstra também a grande relevância do trabalho realizado pelos profissionais da TV Educativa. Graças a essa parceria e à organização da SME nas escolas e CMEIs, conseguimos reduzir o impacto da pandemia no aprendizado de nossas crianças”, disse ela na ocasião.

Outra que elogiou o trabalho e reconheceu a importância foi a secretária de Educação, professora Simone Pereira Neves. “Esta foi a melhor estratégia para ofertar o ensino para nossos alunos, tendo em vista a dificuldade de acesso à tecnologia e a cobertura da TV aberta, dentro dessa realidade peculiar que a sociedade está enfrentando”, afirmou, reconhecendo que a TV foi importante para a população sem acesso à Internet, aquela mais pobre da cidade.

Segundo a secretária, “a TV trouxe, para o desenvolvimento do processo ensino aprendizagem, a possibilidade de um trabalho integrado entre a equipe de planejamento e gravação com as equipes pedagógicas das escolas”.

As falas da prefeita e da secretária foram elogiosas e semelhantes às do presidente da Fundação Municipal de Cultura, Alberto Portugal, que via no Vem Aprender “a concretização do objetivo maior da TV Educativa em Ponta Grossa. Um canal aberto, democrático, com a máxima qualidade e que permite um diálogo direto com a comunidade estudantil”.

Prefeitura mudou versão e distorceu dados

Mas foi só virar o ano de 2021 que a Prefeitura simplesmente mudou a narrativa de qualidade da TVE PG, com a prefeita virando as costas para o veículo e distorcendo dados para passar a ideia enganosa de que a TVE PG dá prejuízo. É com essa justificativa que a Prefeitura apresentou um projeto retirando verbas e pessoal da TVE, impossibilitando seu funcionamento, caso aprovado.

Porém, conforme dados do grupo PG Transparente, que faz acompanhamento de licitações em Ponta Grossa de forma independente, enquanto a Prefeitura desqualifica a TVE, pretende gastar em 12 meses, nada menos do que R$ 4 milhões em publicidade, pagando veículos de comunicação e emissoras da cidade por meio de agências.

Só em TV, ainda segundo a PG Transparente, serão gastos R$ 1,5 milhão, o que representa R$ 242 mil a mais do que a média de custo anual com pessoal da TVE PG, de 2016 a 2021. Ou seja, mesmo tendo uma TV, a Prefeitura prefere pagar a mais para emissoras comerciais divulgarem seus feitos e informações para a população.

Frente está vigilante

A Frente em Defesa da TVE PG está atenta e se mobiliza com o apoio de mais de 20 entidades de todo o país para barrar o projeto, que pode culminar no fechamento da emissora. O primeiro passo será uma audiência pública, no próximo dia 17, às 19 horas, no Sindicato dos Servidores Municipais (Rua Santos Dumont, 1234, Centro), onde se pretende mostrar para a população que a Prefeitura falta com a verdade quando se refere à TV Educativa. Uma judicialização da questão e responsabilização dos envolvidos também está sendo considerada caso não haja mudança na decisão do Executivo de fechar a emissora.

da assessoria