Domingo, 13 de Outubro de 2024

Pesquisa em processo eleitoral da UEPG pode não refletir a realidade do eleitorado, afirma o cientista político Fábio Goiris

2022-03-28 às 17:04

Nos dias 9 e 13 de abril, acadêmicos, servidores e professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa irão às urnas para escolher o novo Reitor da instituição para a gestão 2022 – 2026. Disputam o pleito a chapa 1, “UEPG – O importante é você”, liderada por Everson Augusto Krum e Vanderlei Schneider de Lima, e a chapa 2, “Sempre UEPG”, liderada pelo atual Reitor Miguel Sanches Neto e por Ivo Mottin Demiate.

A campanha para a Reitoria da UEPG iniciou no dia 8 de março e segue até a sexta-feira, 8 de abril. A reportagem do D’Ponta News conversou com o professor e cientista político Fábio Goiris sobre a possibilidade de uma pesquisa eleitoral antecipar o resultado das urnas, assim como acontece com eleições em âmbitos municipais, estaduais e federais.

Segundo o professor, este tipo de levantamento não pode ter precisão devido à fatores que interferem diretamente no pleito. “Toda pesquisa tem seus vieses, situações ou alterações que interferem na pesquisa em si. Isso não significa que seja intencional, mas existe e é natural”, conta.

Um dos pontos que o pesquisador ressalta é o universo pequeno do eleitorado. “Especificamente para UEPG, ou qualquer outra universidade, o primeiro viés que pode alterar a pesquisa, seja para esquerda ou direita ou cima ou baixo, é quando existe um universo muito pequeno.  No Brasil existem 200 milhões, na UEPG existem 16 mil pessoas. Quando se reduz mais ainda, especificamente ao Campus Ponta Grossa, é mais ainda. Esse universo pequeno cria o primeiro viés, que há um controle maior de quem vai votar em quem, porque num universo maior você não sabe quem votou em quem, mas num universo pequeno você tem como identificar”, explica. “Por isso que o voto é secreto. O eleitor mesmo não deve romper essa questão do voto secreto dizendo em quem vai votar, e esse universo pequeno altera a situação normal de uma pesquisa”, aponta.

Outra situação que pode descaracterizar a realidade de um levantamento seria a diferença no peso dos votos de cada classe. “Tem três tipos de votantes: professor, servidor e aluno. E eles têm características diferentes. Cada votante tem um voto com peso diferente, o que muda o contexto geral da eleição. Comparado com uma eleição normal, essa diferenciação cria um certo viés porque não se dá o mesmo valor  a todo mundo. Para democratizar mesmo, todos deveriam ter o mesmo valor”, diz.

Por fim, Goiris aponta a despolitização como um terceiro viés que poderia alterar o resultado de uma pesquisa dentro da Universidade. “A propaganda eleitoral para Reitor é muito curta. Se você for ver a eleição para Presidente da República é, praticamente, um ano inteiro. Nas universidades essa politização não existe. Vai passar essa eleição e depois nunca mais ninguém vai falar dela. É uma despolitização natural e isso faz com que perca um elemento democratizador. É um viés que pode se apresentar e alterar o resultado”, ressalta.

Fábio Goiris – Professor universitário e Cientista Político. (foto: Arquivo D’PN)

Fábio Goiris ressalta também a questão da reeleição como fator que pode interferir no resultado de um levantamento. “Quem está no poder tem mais ‘cacife’, ou estruturas materiais e ideológicas que podem lhe favorecer em relação ao desafiante porque, como na eleição pra Prefeito, Governador, quem tá no poder tem algumas estruturas e também algumas relações, quem tem algum cargo ou função gratificada, essas pessoas trabalham intensamente em favor da reeleição. É um aspecto que favorece quem tá no poder, como em qualquer eleição estadual ou federal. Mas isso não quer dizer que o adversário não vai ganhar, porque sempre tem renovação. O próprio Lula, não está no Governo, e pode ser o próximo presidente. O fato de estar no poder não lhe dá automaticamente a vitória”, conclui Goiris.

As votações para acontecem no dia 9 de abril, nos campi avançados e polos de ensino a distância, das 17h às 21h; e no dia 13 de abril, das 9h às 22h, no Campus Central e no Campus Uvaranas em Ponta Grossa. O resultado deve sair ainda na noite do dia 13 a partir das 22h.

foto: UEPG / Divulgação