Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 e 90,9), nesta quarta-feira (1º), o diretor técnico do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais, Dr. Ricardo Zanetti explicou como funciona o passo a passo da doação de órgãos.
Para ele, o tópico da doação de órgãos é sensível, “tanto da parte de quem doa, quanto de quem recebe”. A maioria das doações partem de pacientes que sofreram traumas, como acidentes, já que o órgão precisa estar sadio para ser doado. “A doação está inserida em um momento de sofrimento máximo de uma família. […] Quem irá receber, sairá de uma situação de sofrimento intenso, mas antes de quem vai receber está o doador e a família, porque legalmente é ela que vai tomar essa decisão”, afirma.
Abordagem
Zanetti explica que dentro do hospital existem comissões de doação de órgãos, que contam com profissionais multidisciplinares. “Mais do que o médico e os enfermeiros, o assistente social e o serviço de psicologia são fundamentais nesse momento. Esses profissionais vão atuar com a família, estabelecendo uma relação de cuidado com ela”, reflete.
O médico destaca que essa abordagem com a família não é técnica, mas sim humana, baseada em critérios técnicos. “Aconteceu um acidente e você está torcendo para que aquela situação se reverta. É nessa hora que todo o serviço da comissão de doação de órgãos entra em atividade, é alertado pela equipe das unidades de terapia intensiva de que existe um quadro que está evoluindo para uma morte encefálica. Então essas equipes agem de maneira mais aproximada dessa família para entender como é o processo de morte para essa família”, conta.
Dr. Ricardo ainda completa explicando que a abordagem é realizada com todas as famílias de pacientes que estão na UTI, “independente de como isso vai terminar, em óbito, alta hospitalar, doação de órgão ou em um dos nossos ambulatórios de reabilitação para a vida. É assim que conseguimos ter um excelente êxito nas taxas de aceitação de doação de órgãos”, enfatiza. Ele ainda pontua que todos os hospitais de Ponta Grossa oferecem essa possibilidade às famílias.
Doação de órgãos em PG
Segundo o diretor técnico do Hospital Universitário, Ponta Grossa já liderou o ranking de doação de órgãos no estado do Paraná, um pouco antes da pandemia, já que durante este período de Covid-19, a maioria dos pacientes passaram a ter infecção grave, o que inviabilizava a doação. “Durante a pandemia reduziu o número de traumas, as pessoas saíam menos, dava menos acidente. Felizmente no ponto de vista do trauma e infelizmente do ponto de vista de órgão disponível para doação, então nossas filas tiveram uma parada”.
Ele ainda completa. “A gente está reconstruindo tudo agora pós-pandemia. Na Saúde foi uma destruição, temos que reorganizar, porque o trauma pós-pandemia para as equipes hospitalares ainda continua, têm muitos profissionais afastados, que não conseguem entrar no hospital, travam na porta e começam a chorar”, conclui.
Confira a entrevista completa: