Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 e 90,9), o psicanalista Dr. Eduardo Pereira explicou como superar uma fase de luto.
Dr. Eduardo explica que, segundo Sigmund Freud, o luto é o sofrimento gerado pela perda daquilo que se ama. “O primeiro luto é no momento do nascimento, porque o bebê está no conforto, perfeitamente protegido e ele perde aquilo. Ele nasce e sente a aspereza dos panos, movimentos no corpo, ele não entende o que está acontecendo. E ele não entende o ventre como a mãe, entende como parte dele. Então ele perdeu algo que nunca mais vai ter de novo, e isso é luto”, destaca.
Assim como a depressão causa alterações químicas no cérebro, com o luto acontece um processo semelhante, conforme explica o psicanalista. “Além de poder gerar um transtorno depressivo, o luto gera alterações químicas no organismo”, conta. Ele também comenta que ao longo da vida, o ser humano passa por diversos tipos de luto, porém com intesidades diferentes. “É diferente o luto de alguém conhecido e estimado, o luto de um amigo que já é amado, o falecimento de um avô ou avó. Pelo falecimento de pai ou mãe, marido ou esposa. E o pior de todos que é o luto pela perda de um filho”, diz.
Dr. Eduardo ainda comenta sobre famílias que possuem entes queridos internados em hospitais. “Muitas vezes, não queremos abrir mão da outra pessoa, do convívio, e não deixamos a pessoa partir. De uma forma até um pouco egoísta, queremos manter a pessoa com a gente. E às vezes isso acaba prolongando o sofrimento da pessoa. A gente não consegue explicar isso, mas a impressão que dá é que o desejo da família em não perder aquele ente querido, acaba mantendo aquela pessoa neste plano”, completa.
Superação
Pereira enfatiza que para superar esta fase, é fundamental finalizar o ciclo, para que a dor do luto não seja prolongada. “Desabafar com amigo ou familiar é bom, mas muitas vezes não é o suficiente. Um profissional ouvindo a pessoa e levando a reflexão de maneira mais profunda pode ajudar muito”, comenta. “Importante é lembrar dos momentos bons, do legado que aquela pessoa deixou e não simplesmente lembrar daquilo como uma perda, dor ou sofrimento. É ver de uma maneira mais suportável”, conclui.
Para o psicanalista, a religião também é importante para ajudar a superar o luto, porque ela existe “para dar esperança de que haja algo após a morte e isso vai de acordo com a fé de cada um. A visão de futuro, de continuidade, é que nos dá força. A esperança de que aquele momento difícil passe é o que nos fortalece”, completa.
Confira a entrevista completa: