O Cristianismo Proto, Páleo sempre agradou aos mandamentos de seu Senhor, Jesus Cristo. O que unia os gentios convertidos sempre fora não uma dogmática de rituais e liturgias, mas um espírito de vida e pacificação da alma.
Sob os apóstolos que comeram e beberam com seu Senhor, a comunidade cristã primitiva viveu seus maiores encontros com a verdadeira espiritualidade. Isso marcou de forma cabal os três primeiros séculos a ponto de que outras concepções religiosas, tais como o Gnosticismo tentaram se “apoderar” do estilo de vida dessas comunidades e promover uma hermenêutica com entalhes judaico-cristãos, infiltrando-se em várias casas em que os primeiros cristãos se reuniam, haja vista não haver à época aquilo a que modernamente chamamos de regulamentação legal das igrejas, como o CNPJ.
Percebe-se, deste modo, o caráter universal, humanizado, humanizador e espiritual das primeiras comunidades que professavam a Cristo como Senhor e Salvador. Mas, o que houve a partir do século IV, com o Imperador Constantino, engendrou no cristianismo o maior veneno que até hoje subjuga a vida das comunidades que aceitam pacificamente a submissão doutrinária, ideológica e sacralizam o Estado e às ordenanças de príncipes leigos como se Santos fossem.
A influência do Estado na espiritualidade das comunidades cristãs aparece em Lactâncio, escriba de Constantino que viu o esfacelamento do Império, porém percebeu o crescimento vertiginoso dos mais vulneráveis, dos escravos que eram confessamente servos de Cristo. Entregando o status de Religião Oficial ao Cristianismo, Constantino uniu novamente o Império, mas não fez crescer o Reino do Cristo, apenas seu próprio.
À medida que surgem outsiders como atores políticos nas eleições, temos a lembrança do tempo histórico de Constantino, e isso vem desde há muitos anos, ganhando vital relevância a partir das eleições de 2018. Tais entes eleitoreiros buscam, dentro dos templos, o apoio dos cristãos, de líderes religiosos, valendo-se da pauta comportamental que acompanha os valores da agenda religiosa cristã para se promoverem.
Nenhuma novidade até então, exceto pelo fato de que a política social, econômica, da leniência com a inflação, com o alto preço dos combustíveis, dos alimentos, do gás de cozinha, da alta taxa de desemprego no país, do processo de escolarização em decréscimo, de leis abjetas, tais como a taxação do ICMS ao limite máximo de 17 por cento, fragilizando os Estados e seu poder de investimento, que afetará diretamente o FUNDEB e seus respectivos progressos constituídos desde sua implementação não são alvo de protesto pela sociedade civil, o que é altamente perigoso e causa danos insofismáveis à manutenção da estabilidade da nação.
Entretanto, não se pode esconder que muitos políticos têm logrado êxito na função de “promoters” da fé, como se quisessem Salvar o Reino do Salvador. Bem, prezados leitores. Aqui cabe uma imprescindível ressalva: se o Reino de Cristo necessitasse de homens para que sobrevivesse, Ele não seria o Filho de Deus, conforme as Escrituras afirmam.
A igreja não necessita de nenhum ator ou agente político para sobreviver. Cristo é o suficiente. Se assim não fosse, após toda perseguição que sofreu desde o início, nas primeiras comunidades que se separaram do judaísmo e foram tratadas como seita, sôfregas até à morte, elevando o número de mártires, não teria sobrevivido. Cristo é o Senhor da igreja.
Isso, de certa forma, desestimula os cristãos a votar e a eleger um candidato que melhor se adeque às suas pautas? De forma alguma, mas evangelho e cristianismo não são peças publicitárias. O excesso de Fake News a respeito da anticiência, das urnas eletrônicas, das supostas fraudes eleitorais e demais absurdos tomaram conta de muitos altares. Isso demonstra uma polarização e radicalização que beira ao fundamentalismo.
Não sejamos nós a geração que fará da Igreja Estado novamente, perdendo nosso valor quando tivermos de denunciar descaminhos e desgovernos que surgirem ou tenham surgido entre nós.
Sejamos igreja. Nosso Senhor não é o Estado. Honra sim, a quem merece honra. Respeito e idoneidade às instituições democráticas devemos ter, tais como as ordenanças de Cristo, que pagou seus impostos de maneira correta. Mas jamais aceitemos desonra em nosso meio, como ataque e chicanas ao sistema democrático e à ciência, pois de todas essas instituições somos aliados, como servos de um Reino muito maior e que serve de exemplo aos cativos pela mentira e pelo desvio de comportamento.
SOLI DEO GLORIA