Um mundo vindouro, com muito poder, honra e Glória! Isso é o Reino de Deus. Mas, além da expectativa do porvir, está ao nosso alcance uma vida terrena mais branda, pacífica, honesta e feliz. Nisso reside a realidade da vida em Cristo, em que não há utopia, nem distopia, mas uma multiforme graça de amor e bem-aventurança.
A primeira carta de João, 5:19, enfatiza: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no maligno.” Tal açoite aos planos terrenos que prometem vida sempre repleta de alegria, sem sofrimento nem dor, na verdade, é um algoz dos que propagam a fé na fé, o espetáculo dos milagres, sem o discernimento de que ‘no mundo teremos aflições’, conforme escreveu João, no quarto evangelho, 16:33.
Isso, unido ao sentimento de pertença ao transcendente e a uma espiritualidade firme e verdadeira nos levam ao conhecimento de que a igreja cristã não tem representatividade ‘carimbada’ nas próximas eleições, no pleito majoritário Presidencial.
Podemos afirmar que discursos se movem em direção a lugares-comuns em que a fé cristã está, mas pouco encontra guarida na vida da comunidade e na espiritualidade que arroga a Cristo seu verdadeiro mártir e representante legal.
Vamos aos fatos: a eleição dificilmente sairá do eixo polarizado entre o atual mandatário, Jair Messias Bolsonaro e o ex-presidente, Luís Inácio Lula da Silva. A terceira via deverá instar a um voto útil no segundo turno do pleito, quando não já no primeiro para muitos de seus eleitores.
E, ao pensarmos nos dois candidatos ascendentes nas pesquisas dos institutos de opinião, Jair Bolsonaro não evoca a representação do Messias, mesmo que ‘afinado’ a líderes despóticos que pregam ‘religiosidade’ acima de espiritualidade. Defino: superstição faz parte da arena religiosa brasileira, mas as igrejas vindas da reforma protestante, bem como toda a igreja católica romana não descendem do pragmatismo supersticioso para dele aferir quaisquer tomadas de decisões coletivas em termos de política.
Deste modo, a manutenção do status quo em Jair Bolsonaro poderá agradar a muitos que pulverizam, de modo açodado e incipiente, uma cristandade mítica, reveladora mais de si mesma que de Cristo.
Se não, vejamos: Cristo cumpriu a lei, segundo o apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas, em 3:13. Sendo assim, Cristo foi o único homem a conseguir, de modo perfeito, o cumprimento de todos os preceitos legais devidos à humanidade. E Ele sofreu a morte, e morte de Cruz, que equivalia à máxima vergonha à época.
Sempre contrário aos ensinamentos dos judeus, principalmente dos religiosos Fariseus, que detinham uma religiosidade aguçada, e dos Saduceus, que controlavam o Sinédrio, uma espécie de STF dos judeus da época, Cristo prevaleceu sobremaneira contra os déspotas de plantão.
Se pensarmos assim, deixar de votar em quem os líderes religiosos mandam não é rebeldia, mas direito canônico que encontra salvaguarda no próprio dono do Reino celestial, a saber, Cristo Jesus.
Ademais, a insígnia de Cristo sempre foi a do sofrimento que traria a Glória Eterna, ou seja, o símbolo da Cruz. É, neste caso, no mínimo estranho afirmar que um candidato que lança ‘arminhas’ com as mãos, até mesmo na presença de crianças, seja considerado o ‘representante de Cristo’ nas eleições.
Destarte, há que se entender que discursos feitos em ambiente fechado, em cultos religiosos, com a presença dos líderes de igrejas causa torpor em qualquer candidato, o que, por si só, seria o suficiente para entender o porquê de Jair Bolsonaro sempre se alinhar aos supersticiosos do momento.
Na prática de seu governo, muita heresia foi plantada, como a não observação do direito das minorias, o descaso para com a Educação – valorizada na formação dos judeus e cristãos na época de Cristo e por Cristo -, a violência crescente em números avassaladores no país inteiro e o infortúnio de se conviver com mantras de Fake News – mentiras – sobre urnas eletrônicas e contra as instituições democráticas que regem e iluminam o Direito brasileiro.
Por esses e tantos motivos, Cristo não votaria em Bolsonaro. Mas, calma! Em Lula não haveria, Cristo, de votar também!
Lula defende, em dados discursos, e sem o consentimento do pleno de seu partido e asseclas, o aborto como sendo questão de saúde pública. Fico imaginando o como isso seria gritante aos ouvidos de Jesus. Como defender a perda de uma vida poderia ser útil ao Evangelho das boas-novas para quem deu a vida por seus amigos.
Neste diapasão, pautas comportamentais diversas são a grande dificuldade para que Lula obtivesse a aceitação dos cristãos mais fervorosos e espirituais. Defender a descriminalização de drogas culturais seria o equivalente a entregar a alma ao inesperado, seria uma devoção à parte ao imoral e ao ilegal.
É necessário que se pratique o bem de modo que não se iluda com candidatos e discursos que mais soam como bravatas em vez de regerem o legado do único ser humano – mas totalmente divino -, que é Cristo, pois este não encanta somente por palavras, mas por sua vida de altruísmo e atitude.
É de Tiago, epístola do Novo Testamento, que encontramos um epílogo humano e divino ao mesmo tempo para nossa digressão: “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta!” (Tiago 2:17)