Tecnologia promete revolucionar a segurança em condomínios fechados, mas velhos hábitos como cautela e atenção não podem ser deixados de lado
Por Enrique Bayer
Toda pessoa que tem ou está pensando em comprar uma casa própria provavelmente já se questionou sobre a segurança da propriedade. Seja em prédios, casas ou condomínios, esse é um quesito que ninguém ignora. Uma pesquisa publicada pela Imovelweb aponta que aproximadamente 70% dos entrevistados priorizam a busca por bairros seguros. Além disso, a preferência, segundo o estudo, é por imóveis com mais espaço e que tenham varanda ou quintal – características comuns nos condomínios fechados, que também são conhecidos por supostamente oferecerem mais segurança.
Segundo especialistas, a busca por maior segurança é o principal fator que estimula a procura por imóveis em condomínios fechados horizontais. O primeiro passo, segundo Maurício Luz, delegado da 13a Subdivisão Policial (SDP) de Ponta Grossa, é conscientizar moradores e funcionários a respeito das normas implementadas, buscando reduzir a vulnerabilidade do local. No entanto, Luz destaca que o cuidado com a segurança não pode se limitar à simples implementação de normas. “Os procedimentos, após estabelecidos, devem ser acompanhados de treinamento periódico, que inclui instruções de como agir em casos de emergência”, aconselha.
Conforme o delegado, outro ponto fundamental a ser observado nos condomínios é o cuidado na contratação de funcionários e porteiros. De acordo com ele, esses profissionais podem ser facilitadores de ações criminosas, repassando informações sobre a rotina e os sistemas de segurança do local. As regras de funcionamento das portarias também merecem atenção e devem ser estabelecidas de maneira clara e incluídas na convenção do condomínio.
Além da criação de normas de segurança, do treinamento periódico e do cuidado na contratação de empregados, o delegado menciona que os condomínios precisam se munir de tecnologias. “Um bom sistema de monitoramento por câmeras e identificação de acesso, com rigoroso controle de entrada e saída da portaria, aliado a uma boa iluminação das dependências e arredores, contribuirá para o aumento da segurança”, garante.
Maurício Luz, delegado da 13a SDP
Esses recursos, no entanto, não funcionam adequadamente se não existir uma infraestrutura que fortaleça o sistema como um todo. De acordo com Luz, muros altos, cercas elétricas, sensores de presença e dispositivos de alarmes, por exemplo, são indispensáveis.
O delegado acrescenta que os condôminos também devem fazer a sua parte para garantir a segurança. “A falta de cautela dos condôminos na entrada ou saída pode causar grande vulnerabilidade. Deve ser realizado um cadastro de moradores e veículos, sempre levando em consideração que eventuais assaltantes podem se passar por motoristas de aplicativos, visitantes, entregadores, colaboradores ou prestadores de serviço”, alerta.
Sempre avisar
Sócio-proprietário da Inviolável, empresa de segurança patrimonial de Ponta Grossa, Claudio Pogere reforça a percepção de que a procura por condomínios aumentou. “Condomínios horizontais realmente trazem mais qualidade de vida para quem gosta de ar livre, quer sair de casa e já pisar na grama, não depender de elevador”, explica.
Na visão dele, os condomínios horizontais da cidade e região, de modo geral, têm tomado o devido cuidado com a segurança. “Nós fazemos consultoria para empresas daqui da cidade e percebemos que, desde o início, todos estão pensando nas normas de segurança e nas vulnerabilidades do terreno, como entradas de garagens e de pedestres”, aponta.
Pogere lembra que, por mais que o esquema de segurança seja profissional, os moradores do local devem fazer a sua parte e sempre avisar o porteiro ou a equipe responsável pela segurança sobre entradas e saídas de pessoas. “Avise se um técnico está vindo, avise se um entregador está para chegar. Sempre avise”, reforça.
Para o empresário, tecnologias como drones e segurança remota devem ser as grandes responsáveis pelo incremento da segurança nesses locais. “A vigilância aérea é o futuro, ainda que as normas para esse tipo de operação sejam rígidas. Outro ponto que vai se desenvolver são as portarias remotas, com câmeras que leem placas e detectam movimentos e faces. Tudo isso tem potencial para estar interligado com os órgãos de segurança pública, com dados cruzados”, aposta.
Verticais ou horizontais?
Pessoas que pensam em adquirir imóveis em condomínios sempre se debatem com a questão: afinal, quais condomínios são mais seguros, os verticais ou horizontais? Segundo Luz, em Ponta Grossa e região, os casos de crimes patrimoniais são mais comuns em condomínios verticais. Conforme ele, esses delitos ocorrem por falhas na adoção de medidas adequadas de segurança. Além disso, seja em habitações horizontais ou verticais, os crimes patrimoniais, conforme ele, costumam ser praticados por pessoas de fora do condomínio.
Claudio Pogere, sócio-proprietário da Inviolável
Entretanto, Pogere opina que os condomínios verticais são mais práticos quando o assunto é segurança, por não terem tantas possibilidades de entrada. Na visão dele, o ponto mais frágil dos condomínios horizontais são as entradas e saídas, um problema menos comum nos verticais. “Nos condomínios verticais, não há tantas possibilidades de entrada que um condomínio horizontal oferece para um infrator”, explica.
A boa notícia é que, em ambos os tipos de condomínios, a segurança tem evoluído, afirma o empresário. “Hoje implementam ‘eclusas’ na maioria das entradas. São entradas em duas etapas, em que você passa um primeiro portão e só é possível abrir o segundo quando o primeiro já estiver fechado. Isso diminui a chance de criminosos entrarem com reféns, por exemplo”, conclui.