Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (26), o professor Everson Krum destacou as prioridades da vacinação contra a varíola dos macacos, no Brasil, que deve iniciar a partir de setembro.
Como ainda não existe produção em larga escala, foi necessário definir dois grupos muito específicos para essa priorização. Um deles é a dos profissionais de saúde que lidam com materiais contaminados de pessoas que necessitam fazer exames. O outro é dos imunodeprimidos.
“É aquele que já toma corticoide, ou que tem uma doença reumatológica; é alguém que tem sua capacidade de defesa do organismo já diminuída pela sua doença, como quem faz tratamento de câncer. Alguns desses pacientes já são mais sujeitos à infecção. Eles não podem pegar uma nova infecção, que pode ser fatal”, detalha o professor.
O Brasil vai receber 50 mil das 100 mil doses de vacina contra a varíola dos macacos destinadas à América Latina pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas). As doses serão destinadas para a imunização de profissionais que lidam com materiais contaminados de pessoas que necessitam fazer exames. A Anvisa, por sua vez, já liberou a importação e utilização no Brasil da vacina Jynneos/Imvanex e a dispensa de registro para que o Ministério da Saúde importe e use no Brasil o medicamento Tecovirimat, para tratamento da mesma doença.
Até agora, há seis casos suspeitos de varíola do macaco em Ponta Grossa. Dois já foram descartados. Krum explica que a investigação sobre essas suspeitas de doenças, que envolvem riscos à saúde pública, são encaminhada para laboratórios especializados. No caso do Paraná, para o Laboratório Central do Estado, em Curitiba.
“É um laboratório com financiamento público e faz a pesquisa de todas as doenças que tenham preocupação de saúde pública. Vai para lá as amostras, são realizados os testes e aí aguarda para ver o resultado”, afirma.
Krum destaca que a doença está começando a se disseminar entre grupos em que a infecção não era comum, como crianças e mulheres. “Em São Paulo, já tem 105 casos confirmados, 97 homens e oito mulheres. É contato, contato muito próximo. Dificilmente está se transmitindo por via respiratória”, diz.
Em Juiz de Fora (MG), um cachorro foi infectado com a varíola pelo seu dono. “É uma das primeiras transmissões da varíola [de um humano hospedeiro] para um animal”.
O professor salienta pontua que, apesar do nome, a varíola dos macacos começou a se proliferar a partir do rato. Vale lembrar que, na verdade, a associação da doença aos macacos se deve ao fato de que muitos morreram dessa enfermidade e não que eles sejam sua origem, como muitos vinham acreditando. A Organização Mundial de Saúde (OMS) lamentou os ataques que foram feitos contra macacos no Brasil, movidos pela desinformação, uma vez que os infectologistas pontuam que a explosão dos casos no mundo se deve à transmissão entre humanos.
Confira a entrevista na íntegra: