Desde 1980, a Organização Mundial do Turismo (OMT) dedica o dia 27 de setembro à comemoração do Dia Mundial do Turismo, a fim de ressaltar a importância social, cultural e econômica desta atividade. Nessa data também se comemora, por extensão, o Dia do Turismólogo. Para falar mais sobre o tema, o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta terça (27) recebeu o secretário municipal de Turismo, Paulo Stachowiak, o gestor do Parque Vila Velha, Leandro Ribas e o empresário do segmento, Álvaro Fernandes Dias Filho, que administra o Buraco do Padre.
Mais que contribuir com o desenvolvimento econômico e a geração de empregos, o turismo é relevante para a conservação de espaços e de monumentos históricos. O secretário municipal da pasta frisa que, em muitas regiões do mundo, é o turismo que provê recursos para as demais áreas, como a saúde, a habitação e a infraestrutura. “O turismo é a tal ‘indústria sem chaminé’ e que movimenta a economia de maneira brutal. Temos estatísticas de que o turismo sempre tem estado entre as quatro ou cinco maiores movimentações econômicas do mundo”, aponta Stachowiak.
O turismo impacta, indiretamente, em várias outras atividades econômicas, não apenas na rede hoteleira e nos restaurantes, mas também na padaria, no posto de gasolina, na farmácia, no supermercado. “Podemos falar em divisas que vêm para o município através dos impostos, é dinheiro produzido em outras cidades e que é gasto na nossa cidade. Há necessidade de o cidadão de Ponta Grossa se engajar, ter orgulho e carregar nosso turismo para que nos tornemos, de fato, um destino e não só uma promessa, como somos hoje”, analisa o empresário Álvaro Fernandes Dias Filho.
Ponta Grossa tem mais produtos do que muitas regiões turísticas do mundo, na avaliação do gestor do Parque de Vila Velha. Na região dos Campos Gerais, como um todo, temos o Turismo de Natureza que, em paralelo, desenvolve o Turismo de Aventura e, juntos, unem contemplação e lazer. Além desses, o Turismo Histórico, a partir do patrimônio arquitetônico em destaque em Ponta Grossa, que está rumo a seus 200 anos, é enfatizado em municípios da região, como Jaguariaíva, Carambeí, Castro e Lapa. “São vários itens que podemos explorar de maneira melhor”, aponta o gestor de Vila Velha, que indica que mais de 500 atividades econômicas são beneficiadas pelo turismo.
“Ponta Grossa, que já tem uma indústria forte, um agro muito forte também, não pode relegar o turismo, tem que deixar o turismo forte também”, avalia Ribas.
Stachowiak acredita que o ponta-grossense já tem, de certa forma, demonstrado seu orgulho e sentimento de pertença ao postar, em redes sociais, fotos de pontos turísticos como o Buraco do Padre, no Parque de Vila Velha ou no Refúgio das Curucacas e nas Dolinas Gêmeas, em Itaiacoca. “Quando essa população começa a ter orgulho de sua cidade, ela transmite isso e recebe melhor. Não estamos apenas falando do turismo de lazer, mas também do turismo de negócios, essas pessoas que vêm visitar as plantas das indústrias em Ponta Grossa e vêm de fora e, quando percebem isso, convidam suas famílias para virem visitar aqui”, analisa o secretário municipal de Turismo.
Ponta Grossa tem observado um crescimento no chamado turismo receptivo, com agências de transporte que realizam traslados e excursões para pontos turísticos. “Dentro da Secretaria de Turismo, estamos tentando fomentar isso e reunir essa cadeia produtiva do turismo, que não só envolve os atrativos, mas também a panificadora, o restaurante, o hotel, é uma cadeia de geração de emprego e renda”, acrescenta.
Mais do que viajar
Dias Filho observa que o município acolhe vários tipos de turista e que empreendimentos como o Buraco do Padre ou o Parque de Vila Velha acabam “garimpando” para que explorem o turismo de aventura ou o ecoturismo. Ele pontua, ainda, que existem outras modalidades, como o “turismo de saúde”, que se refere aos pacientes que vêm de fora para se tratar na cidade, pois, nesse trajeto, ela gasta também com transporte, pernoite e alimentação, por exemplo.
O empresário explica que o turismo é expresso através de outros verbos que vão além do “viajar”: “É viajar, dormir, comprar, comer e, vamos incluir aqui, se divertir. É lógico que uma pessoa que vem de outra cidade a Ponta Grossa para se tratar num hospital, provavelmente, precise de um hotel para dormir, se alimenta aqui”, diz.
Segundo o administrador do Buraco do Padre, quando alguém vem a Ponta Grossa, por motivos variados – saúde, estudos, negócios – cabe à cidade oferecer atrativos e uma gama de serviços para que esse cidadão permaneça mais tempo ou que retorne mais vezes. “Aí é que entra o turismo de lazer e os outros serviços que compõem a cadeia”, afirma.
O gestor do Parque de Vila Velha acrescenta que, conceitualmente, uma ida a Curitiba para uma reunião, num restaurante, é classificada como turismo. Nessa visita, é comum perguntar ao garçom o que tem para fazer na cidade naquele dia. “Esse pertencimento nós vemos que o ponta-grossense está resgatando. A pessoa vem para um hospital e, enquanto aguarda os exames, vai a uma padaria e pergunta ao atendente como está Ponta Grossa, o turismo, se o Parque de Vila Velha ainda está abandonado ou se está melhor”, ilustra.
Stachowiak enfatiza que o turismo de negócios é o que movimenta nossa rede hoteleira de segunda a sexta-feira e esse turista vai levar, na divulgação boca-a-boca, as informações das opções turísticas que Ponta Grossa oferece, ao comentar, informalmente, com seus colegas em outras cidades. “O tema do Dia Mundial do Turismo desse ano é repensar o turismo para que se faça nesse período pós-pandemia a recuperação, a retomada”, afirma.
“Ponta Grossa já está num tamanho que não precisa ter medo de uma concorrência interna. No começo, as pessoas falavam; ‘veja, Vila Velha vai se estruturar e o Buraco do Padre como fica?’. Que bom que está se estruturando, quero que todos os outros se estruturem, não brigamos mais internamente. Nossa briga é com Foz do Iguaçu, tem que ser com Rio de Janeiro, Gramado, os grandes destinos”, considera o administrador do Buraco do Padre. Desde que Ribas assumiu a concessão de Vila Velha, Dias Filho o chamou para conversar e disse que ambos não precisam agir como concorrência, mas serem congruência.
Conforme o secretário, graças às estratégias de repensar o turismo local e aos atrativos para que os visitantes pratiquem o turismo de natureza e de aventura, o índice de ocupação dos hotéis aos finais de semana está alta, ultimamente. Antes, os hotéis não tinham movimento aos finais de semana. Nesse aspecto, o município destaca ações de incentivo ao turismo em segmentos de estradas rurais e públicas, em Itaiacoca, Passo do Pupo e Guaragi, por exemplo.
Ribas pontua que a Agência de Desenvolvimento do Turismo (Adetur) trabalha para evidenciar o potencial da região dos Campos Gerais e gerar um “intercâmbio” para que o turista que visita uma atração conheça as demais. “Apesar de ter o nome de Ponta Grossa Convention & Visitors Bureau, é o convention dos Campos Gerais e tem sócios afiliados dos Campos Gerais e existe um trabalho sendo feito também”, diz.
O gestor do Parque de Vila Velha aponta que, hoje em dia, a atração recebe a mesma média de visitantes durante a semana e aos finais de semana, o que é um indício de que o destino turístico está se consolidando. Entretanto, ele avalia que Ponta Grossa ainda precisa se preparar melhor para acolher o turista durante a semana.
O administrador do Buraco do Padre sugere que o município estabeleça uma lei que ofereça um dia de ingresso grátis para que o ponta-grossense visite os pontos turísticos da cidade. Na visão dele, o turismo em Ponta Grossa ainda mira em quem vem de fora e quem é de Ponta Grossa, muitas vezes, nem conhece. No feriado de 15 de setembro, ainda que o tempo estivesse chuvoso, o Buraco do Padre recebeu 300 visitantes depois de propor uma promoção de ingresso grátis para o ponta-grossense.
Cicloturismo
O secretário de Turismo de Ponta Grossa destaca dois lançamentos recentes do cicloturismo no município: a ciclofaixa de Itaiacoca, toda asfaltada, e o Circuito das Nascentes, que abrange estradas rurais, que ligam a BR-376, desde o Posto Tibagi, e num percurso de 25 quilômetros chega ao Passo do Pupo, em Itaiacoca. “Essa ação foi levada a municípios vizinhos, que se interessaram muito por esse projeto que está sendo desenvolvido dentro do nosso município. Isso pode coligar Palmeira, Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Piraí, Telêmaco Borba, que foram as prefeituras que se interessaram”, expõe. Aí caberia a cada município apresentar suas contrapartidas.
A abertura do Circuito das Nascentes do Cicloturismo situa Ponta Grossa, oficialmente, no mapa da atividade no Brasil. O percurso de 25 quilômetros serpenteia por estradas rurais e cruza matas, áreas florestais plantadas, lavouras e pequenas propriedades. O trajeto permite atravessar um trecho raso do Rio Tibagi, perto de sua nascente, e enche os olhos dos ciclistas com lagoas e campos gramados. O trecho recebeu 60 placas de sinalização para que seja autoguiado, próximo às cachoeiras do Perau e da Mariquinha. Em Itaiacoca, o Circuito das Nascentes se encontra com a ciclofaixa Estélio Viatroski, pavimentada, que conduz à zona urbana de Ponta Grossa e soma 47,6 quilômetros de ciclovias.
Stachowiak também cita a Lei de Incentivo aos eventos de fluxo turístico que, para esse ano, aplica R$ 1,4 milhão, em recursos provenientes do IPTU. “Com projetos feitos por turismólogos, as ações podem ser apresentadas à Secretaria de Turismo e, com essa captação de IPTU, podem ser feitos os eventos”, comenta.
Confira o bate-papo na íntegra: