O sorriso é nosso principal cartão de visitas. Porém, mais do que um cuidado estético, o dentista cuida da saúde de toda a boca. Durante entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta terça (25), Dia do Dentista, os profissionais Edson Durval Menezes Alves, Rafael Kossatz Menezes Alves e Marina Kossatz Alves Pieckhardt, falam sobre as novas tecnologias no meio odontológico.
Há mais de 30 anos, Edson fundou a Clínica de Reabilitação Oral (CRO), em Ponta Grossa. Ele é mestre em Implantodontia e especialista em Harmonização Orofacial, em
Prótese e em Odontologia Digital. Os dois filhos, Rafael e Marina, herdaram a profissão do pai.
Rafael também é mestre e especialista em Implantodontia, em Harmonização Orofacial e em Odontologia Digital. Marina, por sua vez, é especialista em Harmonização Facial, em Ortodontia, em
Implantodontia, em Odontologia Digital e é Invisalign Doctor.
Numa época em que a formação universitária era pouco difundida e acessível a uma minoria, o dentista tinha outro status se comparado a hoje, conforme aponta o fundador da CRO. O profissional precisava de uma “superdedicação” e trabalhar muitas horas a fio em consultórios pequenos, “mas éramos muito bem remunerados”. “Hoje, os profissionais têm que pensar muito mais em termos de uma visão empresarial e em tecnologia e equipamentos. Aí as coisas podem ir para outro lado e assegurar maior rentabilidade”, compara.
Outra comparação que Edson faz entre a odontologia do passado e a atual é que, apesar do surgimento de tanta tecnologia e de uma ramificação cada vez maior de especialidades, o paciente ainda busca algo que era o mais comum entre os dentistas mais antigos: um clínico geral de confiança. “A clínica CRO é como se fosse aquele clínico de antigamente, que a pessoa tinha confiança. A pessoa chegava lá, conversava e sabia tudo e ele resolvia todos os problemas. Depois, ficamos especialistas, absolutamente, em tudo, de modo que não estava havendo mais uma integração entre nossa área odontológica e a necessidade do paciente. É interessante que, de toda essa volta que demos nos últimos 30 ou 40 anos, montamos uma clínica como a CRO, que é o clínico geral, um porto seguro com uma mensagem humanizada”, observa.
Edson acredita que a reabilitação oral pode transformar a vida de um paciente e foi esse aspecto que o atraiu a essa especialidade. “No começo, tinha alguns pacientes que precisavam de reconstruções maiores e eu tinha muitas limitações. Na medida que fui melhorando e vendo o resultado desses trabalhos, aí surgiu essa paixão. Foram muitos pacientes que receberam reabilitações e tiveram a vida transformada”, menciona.
O dentista salienta que a reabilitação oral melhora a estética facial e a autoconfiança de muitos pacientes que, antes dela, acabavam ficando retraídos, porque não tinham a confiança necessária para a comunicação interpessoal demandada em suas profissões, por exemplo. “O sucesso na carreira profissional dela vai ser, obviamente, influenciado por isso”, complementa.
Laser
Rafael destaca que a tecnologia atual dispensa o uso de brocas, que aterrorizam muitos que têm medo do dentista. Já é possível remover todo o material danificado do dente com o uso de laser, o que gera maior conforto ao paciente, que não sofre com a fricção da broca, nem com o barulho que ela produz. “Em alguns casos, não precisamos anestesiar, ou, talvez, usamos menor quantidade de anestesia. Para o paciente, é um conforto muito maior”, comenta.
O laser também dispensa o uso de anestesia em algumas gengivoplastias e cirurgias gengivais, segundo Edson. “É uma tecnologia nova, esse equipamento veio de Israel”, explica. De acordo com o especialista, o equipamento permite até mesmo tratar o ronco, através de um procedimento que libera as vias respiratórias. “Umas duas a três aplicações, com intervalo de 20 dias, aproximadamente, e você passa a não roncar. Tem muitas aplicações, tanto na área médica quanto na odontológica”, frisa.
A odontologia já lida com a questão do ronco com equipamentos que fazem a projeção da mandíbula para liberar as vias respiratórias, o que contribui bastante para sanar o problema, mas que não resolve 100% o problema, uma vez que o ronco tem inúmeras causas. “Para liberar as vias respiratórias e melhorar a qualidade de vida do paciente, existem os aparelhos móveis e tem como se fazer esse procedimento, que vai fazer com que as vias respiratórias, através da aplicação do laser se tornem mais abertas, liberando espaço para a respiração”, detalha.
Invisalign e aparelhos ortodônticos
Outro desconforto do qual a tecnologia tem livrado os pacientes são os aparelhos fixos – metálicos ou acrílicos – que demandam manutenção frequente para a troca dos fios e higienização adequada dos brackets. Os alinhadores transparentes Invisalign, produzidos com o material patenteado chamado SmartTrack, são uma alternativa estética que livra os pacientes de metais que, em casos frequentes, geram afta na mucosa bucal.
“O Invisalign é a melhor marca que tem e a primeira que surgiu. O material é uma espécie de resina, que não sabemos especificar o que é”, ressalta Marina. Já existem marcas similares no mercado, mas o material SmartTrack é uma tecnologia exclusiva Invisalign, pioneira entre os alinhadores invisíveis.
Marina assegura que os alinhadores invisíveis alcançam o mesmo resultado que os aparelhos convencionais, porém, de modo mais confortável e rápido. “Ainda é um pouco mais caro, mas acaba valendo mais a pena pelo conforto e pela praticidade, em relação ao aparelho. Se for avaliar o tempo, que você fica com o aparelho fixo e o Invisalign, se fosse fazer um pacote fechado, o Invisalign é um pouco mais caro, mas vale a pena”, avalia Marina, sobre o custo-benefício.
De acordo com a Invisalign Doctor, para a saúde da gengiva e para a estrutura do dente, o alinhador invisível é melhor, porque facilita a higiene, na escovação e no uso de fio dental.
O tratamento com aparelhos ortodônticos é dinâmico e sua eficácia depende não apenas do dentista, mas da colaboração do paciente em seguir, adequadamente, todas as recomendações do profissional. Antes do início do tratamento, o ortodontista faz uma previsão de duração, que pode variar, no caso dos convencionais, na fase que o paciente precisa usar os elásticos – a falta do uso adequado pode prorrogar sua retirada.
Questionada se o uso prolongado de aparelhos ortodônticos convencionais pode afetar a saúde da raiz dos dentes e provocar “amolecimento”, a ortodontista afirma que depende do movimento de tração que o dentista fizer para alinhar os dentes. “Se o movimento for errado, ele pode causar um dano, diminuir a raiz do dente e até a perda do dente. No meio do tratamento é normal o dente ficar amolecido, tem que avaliar depois, com radiografia”, comenta.
Edson acrescenta que se for usada a força adequada no aparelho, não há problema. A força que o aparelho exerce sobre os dentes gera uma compressão em uma parede e uma reabsorção e neoformação do outro lado, em um deslocamento lento. “Esse deslocamento lento que a ortodontia faz é super correto e não tem problema. Pode ser que leve um pouco mais de tempo, pode ser que seja mais rápido. Mas tem que ser dentro dessa calibragem sem exercer pressão exagerada, não existe risco”, aponta.
Próteses, lâminas e facetas
Rafael observa que, mais do que estética, as próteses dentárias, lâminas, facetas ou coroas devolvem ao paciente a função dos dentes, que é de promover a mastigação adequada. “Vemos que algumas pessoas, ao longo do tempo de vida delas, vão perdendo algumas estruturas dos dentes e esse desgaste faz com que a função mastigatória não seja adequada. Você acaba tendo sensibilidade em alguns dentes.
A tecnologia também acelerou a produção das próteses. “Temos equipamentos, fresadoras, máquinas que produzem uma prótese em porcelana em 20 minutos”, diz. Isso é permitido graças à tecnologia CAD/CAM (Computer-aided design/computer-aided manufacturing), que projeta e fabrica próteses com auxílio do computador. “O processo de captura é feito por um scanner, então não precisa mais moldar, fazer aquela massa que vai na garganta e afoga o paciente, que é super desagradável, e gera um modelo 3D. Em cima desse modelo, são produzidos os dentes, que podem ser impressos. O processo de fabricação dos dentes que vamos restaurar é feito por uma fresadora”, detalha.
Enxaguantes bucais
Há no mercado uma grande variedade de enxaguantes bucais, que se apresentam em finalidades distintas, desde promover a refrescância do hálito até os que prometem promover ou auxiliar branqueamento dos dentes. Edson enfatiza que, se for usado conforme indicado, não vai causar malefício algum. “É uma questão de observar a indicação do produto e por quanto tempo deve ser usado. Alguns produtos são indicados para um pós-operatório imediato, para uso de quatro ou cinco dias. Não é para usar durante 30 dias. Recomendo que todo mundo que vá usar enxaguante ou enxaguatório bucal, cheque a bula e veja qual a indicação”, acrescenta.
Rafael alerta: o enxaguante bucal não substitui a escovação. Edson emenda que a ação mecânica da escovação remove o biofilme bacteriano – o resíduo que fica na superfície do dente – e impede o crescimento de colônias de bactérias.
Além da boca
A falta de cuidado adequado com a higiene bucal pode levar a problemas bem mais sérios, que podem até demandar internação, adverte o implantodontista Edson Alves. “Qualquer processo infeccioso pode causar dano a uma válvula cardíaca, na parte renal. Se tem um processo infeccioso que pode se instalar à distância e gerar um dano naquele determinado local”, salienta.
Mesmo que o paciente tenha uma boca com dentes e gengivas saudáveis, a recomendação é visitar o dentista periodicamente, a cada seis meses. “Se a pessoa quiser viver legal e preservar os dentes por uma vida toda – e podemos durar 100 anos – ela vai ter que ter esses cuidados. A coisa que mais debilita a saúde de uma pessoa é a ação bacteriana. A pessoa deixa de escovar direito e começa a ter toxinas que vão destruindo a estrutura óssea e dando mobilidade nos dentes e acaba perdendo-os, vai para um implante, uma prótese móvel, todas coisas que podemos evitar”, assinala Edson.
Estresse na pandemia
Se por um lado a pandemia reduziu o movimento nas clínicas odontológicas, em função das restrições necessárias, por outro, cresceu a procura de pacientes com problemas causados pelo estresse. “Percebemos, que passamos a ter muito movimento, na sequência, de problemas que estavam acontecendo com o estresse: bruxismo, apertamento dental, fratura de dente para fazer implante em plena pandemia, reconstruções de dentes que fraturavam e iam para tratamentos mais complexos – com endodontia e próteses, aconteceu bastante”, salienta Edson.
Marina aponta, também, que muitos pacientes ficaram depressivos em função do isolamento e isso resultou em uma redução no cuidado com os dentes.
O bruxismo é tratado com um tipo de aparelho para proteger os dentes e evitar sua fricção durante o sono, o ranger dos dentes, com as “plaquinhas”. Hoje em dia, esse tratamento também é aliado à aplicação de toxina botulínica. “Aplicamos botox em certos músculos ligados à mastigação. Quando a pessoa tem bruxismo, ela força muito à noite. O músculo fica muito forte, é como se fizesse uma musculação toda noite. A pessoa começa a ter dor de cabeça, dor na mandíbula. O botox diminui essa força e a pessoa diminui essa tensão”, explica Marina.
Segundo a dentista, o botox leva cerca de 15 dias para agir de modo a fazer com que o músculo volte a seu estado normal e retire essa tensão que o bruxismo gera.
A Vida Vale Sorrisos
A condição econômica ainda impede muita gente de ter acesso a um tratamento odontológico completo. Edson pontua que, ao longo do tempo, os dentistas vêm acumulando conhecimento, se especializando e montando equipes multidisciplinares e evoluir muito na odontologia, porém, voltada a um público com um perfil econômico muito específico.
“Sempre sentimos uma sensação ruim de não poder estar contribuindo com a sociedade, de alguma forma. Há uns anos, criamos um projeto chamado ‘A Vida Vale Sorrisos’. O objetivo desse projeto é que pudéssemos fazer atendimento de alguns pacientes dentro de uma situação de custos operacionais baixíssimos, praticamente pagar o material de consumo. A forma de fazer isso veio junto com uma necessidade que tínhamos de transmitir o nosso conhecimento, tudo aquilo que acumulamos de bagagem ao longo dos anos”, comenta.
O projeto, coordenado hoje pelo dentista Rafael Alves, abrange pós-graduandos, que executam os serviços. “Esse projeto A Vida Vale Sorrisos pôde ser executado de uma forma bem bacana, porque tínhamos muitos alunos que estavam aprendendo, fariam aquele serviço depois que tivessem sua formação adequada, a custo zero, e era cobrado somente o material desses pacientes”, acrescenta Edson.
Rafael explica que o curso ocorre mensalmente e é feita uma triagem de pacientes, para organizar a agenda de atendimento, que pode envolver implante, prótese e até tratamentos estéticos, com lâminas e facetas.
Mais informações nas redes sociais: @cro_odontologia
Confira a entrevista completa: