A aprendizagem é um processo complexo que envolve criar, fortalecer ou modificar sinapses, região de conexão entre neurônios onde há troca de informações entre essas células. Dessa forma, adquirir novas habilidades ou um novo comportamento sempre gera uma modificação no cérebro. Essa capacidade de se (re)modelar é o que conhecemos como plasticidade cerebral (ou neuroplasticidade). Confira o conteúdo da Nova Escola:
O cérebro de cada estudante é resultado dos estímulos acumulados desde o momento em que nascemos, por isso não existem dois iguais nem duas pessoas que aprendam exatamente da mesma forma. Daí a importância de, em sala de aula, adotar estratégias diversificadas para ampliar a variedade de estímulos e incluir a todos os estudantes.
Alfred Sholl-Franco, professor de Neurobiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que armazenar informações exige uma série de etapas até que elas sejam consolidadas em memórias de longo prazo – as quais, por sua vez, mobilizam diferentes processos e variáveis para seu uso e para a produção de comportamentos.
Todo esse processo, desde que o aluno é exposto a uma nova informação até o armazenamento dela como memória de longo prazo, exige tempo, uma vez que ele acontece aos poucos, a cada noite de sono. Essa consolidação também demanda que os estudantes sejam expostos àquelas informações mais de uma vez e, preferencialmente, de formas diferentes, com um aumento gradual de complexidade – essa ideia de aprendizagem em espiral é uma característica que orienta a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Logo, aprender requer tempo. Por isso, acreditar que é possível dar contar de tudo que seria trabalhado no ciclo 2020-2022 em apenas dois semestres é algo distante da realidade.
A neurociência evidencia que a motivação não é algo externo, que depende de outra pessoa, mas é algo interno, inerente aos estudantes. “Você não irá se motivar se não acha que é capaz ou se aquilo não tem importância”, diz a professora de Matemática Kátia Machinez. “Algo grave é quando ele começa a acreditar que não é capaz e deixa de tentar”, complementa a professora de Matemática. Nesse aspecto, a educadora pontua que o professor pode contribuir ao se mostrar preocupado com o estudante e reforçar seu potencial.
Saber disso fez toda a diferença para a prática de Vera Lúcia Cavalcante, professora de Educação Física dos anos finais no CIEP 016 Profª. Abílio Henrique Correia, em São João de Meriti (RJ). “O meu papel é pensar em como estimular, ajudar, desafiar, incentivar, desafiar”, relata. “A expectativa dos adultos têm um impacto tão grande que é capaz até de modificar o cérebro. Os alunos só vão conseguir atingir seu potencial máximo de aprendizagem se os professores mostrarem que acreditam que são capazes”, complementa Taís Bento, pedagoga especializada em Aprendizagem Baseada no Funcionamento do Cérebro.