Durante entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda (31), o professor de Gestão de Negócios, Jeronimo de Castro, da Escola Chef Gourmet, fala sobre empregabilidade e mercado de trabalho.
Castro também leciona as disciplinas de Filosofia, Direito, Segurança e Medicina Ocupacional no Colégio Dom Alberto, em Palmeira; na rede Jumper, de cursos profissionalizantes, em Ponta Grossa, também ministra aulas de Direito – no curso de Auxiliar Jurídico, de Administração e de Gestão de Negócios.
O professor avalia que “capacitação” é a palavra-chave para a entrada no mercado de trabalho, que é um quesito que o empregador sempre exigiu dos trabalhadores. Entretanto, antes, nem todos tinham oportunidades e, muitas vezes, era a empresa que bancava a capacitação dos funcionários já contratados.
Hoje, a qualificação deve preceder a candidatura a uma vaga e, além disso, segundo Castro, existe oferta de cursos gratuitos para se capacitar. “Mas percebo que não existe uma demanda, partindo do colaborador e as pessoas estão despreparadas para o mercado”, diz. Castro acredita que muita gente se acomode por imaginar que o ensino médio completo basta – o que não condiz com a realidade do mercado de trabalho.
Segundo o professor, a chave da porta para o mercado de trabalho é um currículo muito bem elaborado. “Não existe mais aquela ideia do currículo comprado. Você tem que fazer um currículo e, para isso, automaticamente, você precisa de uma capacitação em informática. Não sou professor de informática, mas digo aos meus alunos que quem não tem o mínimo, o básico de informática, hoje, podemos dizer que é ‘analfabeto'”, diz.
“O mercado necessita de profissionais que estejam capacitados para exercer aquela determinada função com respeito, com capacitação e exercer com responsabilidade”, acrescenta.
Hard e soft skills
Quem participa de processos seletivos nas empresas hoje em dia, deve estar familiarizado com os termos “hard skills” e “soft skills“, que são cada vez mais aplicados pelos recrutadores de setores de RH na hora das entrevistas. Afinal, o que são ambos?
Hard skills são as competências que adquirimos através de cursos, em linhas gerais. Já as soft skills, são competências subjetivas, individuais, que são mais difíceis de definir ou mensurar e que dizem respeito às relações interpessoais e sociais, geralmente correlacionadas a aptidões mentais. O mundo do trabalho está cada vez mais de olho nelas.
A capacidade de trabalhar em equipe – que não se aprende em curso – é um quesito cada vez mais valorizado pelas empresas. “Não somos ilhas, não trabalhamos mais sozinhos. Podemos trabalhar, fisicamente, num RH, sozinhos, numa sala, mas você está trabalhando por outras pessoas”, pontua.
Outra característica importante analisada pelos recrutadores é a aptidão à liderança. “Entender a diferença entre um chefe e um líder. O chefe é aquela pessoa que manda, mas de forma muito autoritária. O líder, pelo contrário, estende a ideia da solidariedade e se coloca junto”, compara.
A inteligência emocional para lidar com conflitos também é um ponto crucial para quem quer se inserir – e se manter – no mercado de trabalho contemporâneo. “O telemarketing, por exemplo, é uma profissão que te insere muito fácil no mercado de trabalho, até sem experiência, mas é uma das profissões que mais causa stress nas pessoas”, cita.
A ética profissional é outro elemento que faz a diferença na hora da contratação. Ser um profissional bem quisto, honesto, recomendado pelos ex-empregadores, que cumpre suas funções com disciplina e que não faz fofoca estão entre as qualidades que o mercado busca, aponta o professor.
Desafios
Castro reconhece que existem muitos impedimentos sociais econômicos para que as pessoas façam esses cursos de qualificação ou que deem continuidade a eles, mas pondera que, nesse caso, é necessário avaliar prioridades.
“As mulheres estão com uma ascensão no mercado muito grande hoje, mas ainda existe aquela névoa sombria da diferença salarial”, comenta Castro, que pontua que a mulher, em geral, ainda acumula jornada dupla por conta da rotina doméstica. Além disso, o desafio para elas é ainda maior, no que diz respeito à qualificação, porque nem todas contam com uma rede de apoio para ajudar a tomar conta dos filhos no contraturno do trabalho. Quanto a esse aspecto, a oferta cada vez maior de cursos online em formato EaD pode ser um facilitador.
Empreendedorismo
A economia atual tem “empurrado”, gradativamente, para que nos tornemos prestadores de serviços – como MEIs – em vez de funcionários CLT, algo que tem seus prós e contras. E, nesse sentido, o trabalhador depende, cada vez mais, de uma visão empresarial e, também, empreendedora. “Existe uma diferença entre o empresário e o empreendedor: o empreendedor inova, ele também está inserido em toda essa atmosfera empresarial, mas tem uma ideia inovadora”, frisa.
Confira a entrevista de Jeronimo Castro na íntegra: