Terça-feira, 20 de Maio de 2025

Projeto do Sepam, voltado à saúde feminina, já impactou 72 mil meninas

2022-11-10 às 17:14

Ao longo de 20 anos, o projeto Menarca, desenvolvido pelo Colégio Sepam já impactou 72 mil meninas, de 12 a 16 anos, da rede pública de ensino e de centros de atendimento a menores em conflito com a lei. Nessas duas décadas, mais de 420 alunas do Sepam atuaram como voluntárias da iniciativa, que visa conscientizar acerca de questões relacionadas a Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e gravidez precoce, por exemplo.

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Jonathan Jaworski, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta (10), a orientadora do projeto, Larissa Pasturczak, professora de Educação Física do Sepam e a aluna Heloísa Malcher comentaram a iniciativa, que visa conscientizar e orientar adolescentes em fase de menarca – a primeira menstruação.

Larrisa ressalta que o Menarca é um projeto de valorização à saúde da menina e, no início do ano letivo, são selecionadas algumas alunas que vão passar algum tempo estudando a respeito da saúde feminina. Nesse período, elas assistem a palestras com ginecologistas e psicólogas e tiram várias dúvidas. Depois, elas replicam nas escolas públicas tudo o que conseguiram aprender, em bate-papos com meninas da mesma faixa etária que elas. “Nosso lema é ‘conversa de menina para menina sobre coisas de menina'”, ressalta a orientadora do projeto.

Segundo a professora, a importância do projeto permanece porque, mesmo hoje, prevalece o tabu ao se discutir o assunto. “É um tabu falar sobre menstruação, absorvente, pobreza menstrual. Ainda lutamos por muitas coisas que vêm lá de trás. Vinte anos depois da criação do projeto, ele ainda trata de questões que já existiam 20 anos atrás”, frisa.

Larissa considera que a conversa entre mães, pais, filhos e filhas sobre questões relacionadas à sexualidade segue um “ritual”: aqueles que não tiveram essa conversa com seus pais talvez achem desnecessário ou não conseguem abertura para tocar no assunto com seus filhos, ao passo que aqueles que tiveram essa conversa com os pais vão ter mais facilidade em abordar o tema.

Ela acredita que essa falta de diálogo pode favorecer a desinformação das meninas relacionadas à saúde feminina. Ainda que esta informação esteja disponível na internet, nem sempre a menina vai saber consultar a fonte mais credível e dúvidas podem persistir.

A aluna Heloísa Malcher, que integra o Projeto Menarca em 2022, explica que a interação com as meninas da rede pública tem o formato de um bate-papo entre amigas e depende do espaço que a escola disponibiliza. Algumas palestras são feitas no auditório da escola e, outras, em sala de aula, com grupos menores.

“Como é uma conversa de meninas para meninas sobre assuntos de meninas, tiramos todos os adultos da sala, para que elas se sintam mais confortáveis para essa conversa, essa interação”, detalha Heloísa.

Segundo a aluna, a dinâmica das interações varia de uma escola para outra. Em algumas palestras, as meninas ficam mais à vontade e tiram dúvidas que elas mesmas têm e, em outras, fazem as perguntas “da amiga”. “Querendo ou não, você estará ali perguntando uma coisa pessoal, sua, na frente de colegas que você vai ver num ritmo diário”, observa.

“As meninas têm um momento na escola em que elas aprendem não sobre sexualidade, mas sobre o corpo humano, sobre a fisiologia do corpo. Então, os pais acabam deixando essa responsabilidade para a escola e a escola acaba deixando para os pais”, destaca a professora.

De acordo com Larissa, a abordagem das escolas sobre o tema é superficial e nem sempre ocorre a tempo, visto que não existe uma “regra” sobre a idade que a menina menstrua pela primeira vez, mesmo que, na maior parte dos casos, ocorra entre os 11 e 13 anos, pode ocorrer antes, aos nove, ou depois, aos 14. Além disso, em muitas situações, a menina vai aprender algo sobre a menstruação só depois que ela já menstruou, ou ter contato com informações sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) depois de já ter iniciado a vida sexual.

“Tem meninas que sequer sabem que vão menstruar e se assustam. Muitas delas menstruam pela primeira vez dentro do âmbito escolar, porque elas passam muito tempo dentro da escola”, ressalta. A orientação dessas meninas é necessária para que a menarca não se torne “um susto” e elas não entendam a menstruação como uma doença ou como um período que não podem fazer nada, pontua Larissa.

“A menstruação é uma coisa normal. Claro que algumas sentem um pouco mais de cólica, outras não sentem nada, outras têm um pouco de dor de cabeça. Mas é uma situação do nosso corpo que elas vão viver até a menopausa”, enaltece a professora.

Confira a entrevista completa sobre o Projeto Menarca: