Domingo, 18 de Maio de 2025

Caso Evandro: TJPR julga revisão criminal dos acusados nesta quinta (1º)

Réus alegam terem confessado o crime, ocorrido há 30 anos, mediante tortura
2022-12-01 às 12:11
Defesa de Beatriz Abagge pediu revisão criminal sob alegação de que condenados confessaram sob tortura – Imagem: Globoplay/Reprodução

A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) julga, nesta quinta (1º), a partir de 13h30, o pedido de revisão criminal em favor de Beatriz Abagge, condenada pelo assassinato do menino Evandro Ramos Caetano, de seis anos, em Guaratuba, em 1992. A sessão pode ser acompanhada, ao vivo, pelo YouTube.

A solicitação ocorreu depois de surgirem provas de que houve tortura contra os acusados e subtração do direito da defesa, o que ocasionou o pedido de desconstituição das condenações contra ela e contra outros dois condenados no mesmo caso: Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro.

De acordo com o escritório Figueiredo Basto Advocacia, que apresentou ao TJPR o pedido de revisão criminal, o Estado suprimiu provas fundamentais para a defesa dos réus, o que impediu que eles provassem as torturas alegadas.

O Ministério Público do Paraná (MPPR) alega não ter como atestar a autenticidade das fitas que revelam as torturas. De acordo com o jornalista Ivan Mizanzuk, que pesquisou a fundo o caso e é autor do podcast “O Caso Evandro”, o perito que atestou a autenticidade das fitas é o mesmo que foi contratado pelo MP em 1999, cujo laudo eles usavam na acusação, citando cortes na fita.

 

A quarta temporada do “Projetos Humanos”, do jornalista Ivan Mizanzuk, se debruçou a fundo sobre as investigações e desdobramentos jurídicos do desaparecimento e assassinato de Evandro Ramos Caetano. O podcast deu origem ao livro “O Caso Evandro: Sete acusados, duas polícias, o corpo e uma trama diabólica” e ao documentário “O Caso Evandro”, que rendeu indicação ao Emmy.

Perdão

No início do ano, o Governo do Estado do Paraná pediu, formalmente, o perdão de Beatriz Abagge, através de carta assinada pelo então secretário estadual de Justiça, Trabalho e Família, Ney Leprevost. “Expresso meu veemente repúdio ao uso da máquina estatal para prática de qualquer tipo violência, e neste caso em especial contra o ser humano para obtenção de confissões, e diante disto é que peço, em nome do Estado do Paraná, perdão pelas sevícias indesculpáveis cometidas no passado contra a senhora”, escreveu o ex-secretário.

Caso Evandro

O desaparecimento de crianças, em especial meninos a partir dos seis anos, assombrava pais e mães no Paraná no início dos anos 1990. Em 6 de abril de 1992, em Guaratuba, foi a vez do menino Evandro Ramos Caetano, também de seis anos.

Alguns dias depois, seu cadáver foi localizado sem as mãos, cabelos e vísceras, o que gerou suspeitas de que ele teria sido sacrificado em ritual satânico. Três meses depois, sete pessoas, incluindo a filha e a mulher do então prefeito de Guaratuba, foram presas e confessaram o crime, que acabou conhecido como “As bruxas de Guaratuba”. As especulações sobre o crime preencheram muitas páginas de jornais impressos e ocuparam horas e horas do jornalismo televisivo estadual.