Calçadas estreitas, pedras soltas, aclives e declives acentuados ou falta de rampas não são os únicos problemas de acessibilidade enfrentados por pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida em Ponta Grossa. Piso tátil com material escorregadio, placas, TNT colado em calçadas para anunciar promoções em lojas também representam obstáculos.
Nesta segunda (5), em que se comemora o Dia Nacional da Acessibilidade, o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba) recebeu a presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Ponta Grossa (ADFPG), Maria Liliane Vieira de Souza, a Lili.
Ela acumula 33 anos de participação ativa na entidade, fundada há 36, e contou sua trajetória em defesa dos direitos da pessoa com deficiência. Em 2022, ela assumiu a presidência da associação para uma gestão de quatro anos.
A presidente da ADFPG, que é cadeirante, relata que, na maior parte das vezes, precisa se arriscar e descer da calçada, porque só é possível mover a cadeira de rodas pela rua. Em alguns casos, pela irregularidade da própria calçada, em outros, porque a presença de postes no meio delas impede a passagem da cadeira.
“É nosso direito ir e vir, independente se estou ou não na cadeira, preciso ter esse acesso”, destaca Lili. A presidente da ADFPG observa que a pessoa com deficiência enfrenta muita dificuldade em seus deslocamentos diários. “Não sei se é só culpa do poder público, porque acho que cada um daqui de Ponta Grossa, se pensasse na sua mobilidade, que amanhã pode ser reduzida, os donos de comércio, pessoas que estão fazendo suas calçadas poderiam pensar também ‘como eu posso fazer uma calçada acessível para algumas pessoas, inclusive, para mim, que posso vir a precisar?'”, reflete. Lili acredita que é papel de cada cidadão contribuir para melhorar a acessibilidade.
A ADFPG atende, hoje, a 95 assistidos, entre pessoas com deficiência e idosos com mobilidade reduzida. “Somos hoje um ‘centro-dia’ e nossa instituição trabalha nas três áreas: saúde, assistência e educação”, frisa a presidente da entidade. Conforme Lili, toda a ajuda financeira à associação é bem-vinda, uma vez que as subvenções recebidas do Município e do Estado, por ser uma entidade de utilidade pública, não são suficientes para fazer jus a todas as despesas.
“Prestamos contas ao tribunal, desde um alfinete. Não é qualquer coisa que podemos comprar para a instituição e realmente precisamos de ajuda. Sempre fazemos alguns eventos, mas, inclusive, nossa luta, hoje, é um transporte, pois já não se fabrica mais Kombis e a nossa está bem batidinha”, afirma.
Lili explica que a entidade recebeu emendas parlamentares, mas que não são direcionadas à compra de material permanente. Para a aquisição de veículo, a emenda precisa ser específica.
Confira a entrevista da presidente da ADFPG na íntegra: