Domingo, 18 de Maio de 2025

Presépio: Tradição que remonta há quase 800 anos surgiu de um milagre natalino

2022-12-06 às 14:54
Detalhe do presépio dos Arautos do Evangelho

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba) desta terça (6), o padre Mateus Tanegutti, superior dos Arautos do Evangelho em Ponta Grossa, reforçou o convite para visitar o presépio “Som, Luz e Movimento”, que está aberto para visitação desde o sábado (3). No próximo ano, a tradição da montagem de presépios no Natal completa oito séculos.

O presépio montado pelos Arautos do Evangelho segue o estilo “son et lumière” (som e luz, em francês) e inclui mais de 200 imagens e, entre elas, algumas peças italianas, que representam a natividade de Jesus. “É um áudio, uma história. Nos anos anteriores, um pouco; mas, neste ano, totalmente made in PG: desde a gravação, os movimentos. É um presépio muito tecnológico, porque esse ano conseguimos colocar programação nos movimentos. As pecinhas são movidas de forma computadorizada e têm efeitos de luz e áudio para a plateia”, explica.

Os Arautos do Evangelho passaram quatro meses elaborando o presépio, conforme o padre Mateus. A montagem recebeu a colaboração de várias famílias e o apoio de patrocinadores.

O Presépio “Som, Luz e Movimento” abre para visitas aos sábados, das 16h às 21h e, aos domingos, das 15h às 20h. “A apresentação é seguida. Acaba uma turma e entra outra. Cada sessão dura 20 minutos”, explica.

Durante a semana, o presépio tem recebido a visita agendada de grupos com mais de 30 pessoas, de escolas, turmas de catequese e empresas. Nesta segunda (5), o bispo Dom Sergio Arthur Braschi abençoou o presépio dos Arautos.

Tradição secular

De acordo com o padre Mateus, foi São Francisco de Assis a primeira pessoa a representar a gruta de Belém no Natal, no Santuário de Greccio, na Itália, dando origem ao presépio, em 1223. No ano que vem, portanto, a tradição completa 800 anos.

“Colocou o Menino Jesus, Maria e José. Na Missa do Galo, com muita piedade, foi prestar sua veneração, seu culto de amor a Jesus, Maria e José. Quando ele se inclina, piedosamente, para fazer uma reverência a eles, acontece um milagre de Natal: o Menino Jesus toma vida, abre os braços e sorri para São Francisco”, descreve. No ano seguinte, os moradores de Greccio, por iniciativa própria, decidiram representar novamente a cena que São Francisco tinha montado, na esperança de rever o prodígio testemunhado no Natal anterior.

De lá para cá, já são 799 Natais em que as famílias e as igrejas católicas repetem o gesto de montar o presépio, com as representações de Maria, José, os pastores, os Reis Magos, o anjo e os animais da estrebaria. Outra tradição relacionada ao presépio é a de manter a manjedoura vazia durante todo o Advento e completar o presépio depositando a imagem do Menino Jesus sobre ela apenas na Missa do Galo. “Sabemos que não vai acontecer novamente o milagre de a imagem se mexer, mas sentimos no nosso coração a alegria do Natal, o sorriso de Jesus. Todos os anos, o milagre se repete no nosso interior”, enaltece.

“É com grande alegria que vamos acolher a todas as famílias, todas as pessoas que forem ao Presépio, porque está sendo um momento muito especial e ocasião de muitas graças para as famílias. Porque, com esse presépio, são 22 anos de trabalho apostólico, desta evangelização, desta catequese. Todo ano, pegamos um conto natalino”

Árvore de Natal

Outro símbolo do Natal, a árvore remonta à Idade Média e sua elaboração é atribuída ao imperador Carlos Magno, do Sacro Império Romano-Germânico. Ela teria surgido, entretanto, mais de um século antes, quando o Papa São Gregório Magno impulsionou a cristianização de tribos germânicas no começo do período medieval. Algumas dessas tribos cultuavam árvores e lhes ofereciam sacrifícios. Missionários e monges tentaram aproveitar a forma triangular do pinheiro para explicar aos bárbaros o mistério da Santíssima Trindade.

São Columbano, monge irlandês enviado à França, em 615, decidiu cortar um pinheiro, única árvore que mantinha seu verde no inverno, e iluminá-la com tochas. A aldeia correu, intrigada, para observá-la e o monge aproveitou para pregar sobre o nascimento de Jesus.

A mesma narrativa, de cortar a árvore que era adorada como um deus pagão, e transformá-la em elemento de rito católico, é atribuída a Carlos Magno. Segundo muitos, a tradição surgiu na Alsácia. Lá, na cidade amuralhada de Sélestat, o imperador Carlos Magno passou a Santa Noite do ano 775. No ano de 800, na noite de Natal, ele foi coroado imperador romano.

Conforme o padre Mateus, a fim de cristianizar um símbolo antes pagão, passaram a enfeitar a árvore com símbolos natalinos e velas. Como é uma tradição surgida no Hemisfério Norte, é representada pelos pinheiros “evergreen” (sempre verdes), que mantém sua coloração verde viva mesmo no inverno. “Significa também a presença da esperança que Jesus, ao nascer, nos traz, essa cor verde, do pinheiro forte que não morre, que não desaparece, não murcha”, compara.

Serviço

Presépio Som, Luz e Movimento – Arautos do Evangelho

Capela São Paulo Apóstolo

Avenida Gal. Carlos Cavalcanti, 4199 – Uvaranas

Sábados – das 16h às 21h

Domingos – das 15h às 20h

Confira a entrevista do padre Mateus na íntegra: