Domingo, 29 de Setembro de 2024

Ortopedista dá dicas para atletas de fim de semana evitarem lesões

2022-12-16 às 17:39

O acompanhamento ortopédico foi essencial para a rápida recuperação do jogador Neymar Júnior, que se lesionou durante a Copa do Mundo do Catar e ficou de fora de alguns jogos. A ele, se somaram Alex Sandro e Danilo.

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta sexta (16), o ortopedista Thiago Hiroshi Kitanishi falou sobre como evitar e tratar lesões do trato ortopédico, a que todos estamos sujeitos, ainda que os atletas sejam mais propensos.

Kitanishi atua também como cirurgião de pé e é médico das categorias de Base do Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC). O principal público do ortopedista são adultos com alguma lesão, ainda que ele também trate crianças com deformidades na pisada.

“Logo na primeira infância, quando a criança começa a caminhar, por volta de um ano, um ano e meio, é bastante comum ela ter o pezinho um pouco chato. Mas isso não quer dizer que seja uma alteração patológica ou uma doença. No desenvolvimento da pisada, do caminhar, a maior parte se corrige e não é necessário fazer nenhuma intervenção nessa faixa etária de um a cinco anos”, esclarece o especialista.

Na primeira infância, o ortopedista faz apenas o acompanhamento da evolução ortopédica e não é feita nenhuma intervenção cirúrgica. A partir da sua entrada na idade escolar, por volta dos seis anos, o ortopedista analisa se ela apresenta alguma dificuldade para atividade física ou se esse problema ortopédico causa alguma dor.

Ainda que os atletas sejam mais propensos a sofrerem lesões, desde uma entorse de tornozelo até uma que o leve a precisar de cirurgia no joelho, por terem maior exigência e desgaste físico, os “atletas de final de semana” também estão sujeitos a enfrentar esse tipo de problema.

E esse risco de se machucar vem também da falta de exercício físico e do fato de que o sistema músculo-esquelético “envelhece” a partir do fim da adolescência. Da infância até chegar à vida adulta, experimentamos o desenvolvimento ósseo e muscular e, uma vez atingida a maturidade esquelética – a menina, a partir dos 14 anos e o menino, a partir dos 17 – inicia esse processo de decadência.

Já a partir da terceira década de vida – dos 20 aos 30 – começam a surgir dores e patologias. Fatores que influenciam são o aumento de peso ou trabalhar muito tempo em pé ou sentado em postura inadequada, por exemplo. Para as mulheres, é a fase que costumam engravidar, o que promove mudanças substanciais no corpo feminino. “Atividades físicas que fazia na adolescência e não incomodavam naquela época começam a incomodar”, diz.

Os cuidados de prevenção contra o surgimento de problemas são os que fazem parte da saúde no geral: manter uma dieta equilibrada e evitar o fumo – que afeta a coluna e os pés. “O cigarro afeta bastante a microcirculação do pé. Um paciente que é tabagista, se tratando de uma cirurgia nessa região ou qualquer parte, como uma fratura de braço ou fêmur, demora em torno de três a cinco vezes mais tempo para recuperar ou tem de três a cinco vezes mais chances de complicações – de não colar o osso, da cicatrização, de uma infecção”, alerta.

Como subespecialista em cirurgia do pé e tornozelo, uma das queixas mais comuns de pacientes do ortopedista é a de dores na planta do pé (fascite plantar ou “esporão”), que atinge o calcanhar. No pós-pandemia, muitas pessoas que eram sedentárias antes dela iniciaram atividades físicas depois que sofreram algum problema respiratório. Até em pacientes mais jovens tem ocorrido mais frequentemente a ruptura do tendão de Aquiles, que é uma lesão típica do atleta esporádico.

Mesmo quem não era sedentário antes da pandemia, por ficar um período “de molho”, acabou sofrendo lesões por querer retomar a malhação ou as práticas esportivas no mesmo ritmo de antes.

Caminhada e corrida

Bastante gente adotou a prática da caminhada e da corrida, na medida em que surgiram mais parques e ciclofaixas que permitem essa prática, em alguns bairros de Ponta Grossa. Porém, é preciso estar atento para usar um tênis adequado e fazer sua troca periódica, conforme ocorre seu desgaste.

O ortopedista relata que muitos pacientes pedem recomendação da melhor marca de tênis, mas ele diz que não especifica nenhuma. “Já vi vários pacientes contarem que compraram tênis de R$ 1 mil e poucos e não conseguem correr com ele. Utilize sempre a marca à qual você se adeque melhor”, diz.

Segundo Kitanishi, há algum tempo as marcas têm se preocupado em desenvolver tênis específicos para variados tipos de pisada, especialmente pensando nos corredores. “Temos a pisada neutra, que a pessoa pisa com o pé inteiro; a pisada pronada, que pisa com processo de eversão [para dentro] e a supinada, que pisa ao contrário [inversão, para fora]. Uma marca lançou uma linha específica pensando nesse tipo de pisada”, comenta.

O dr. Thiago Hiroshi Kitanishi atende na Ortoponta – Clínica de Ortopedia e Traumatologia, que fica na Rua Lamenha Lins, 234 – Uvaranas. Mais informações pelo telefone (42) 3025-4242 ou pelas redes sociais: @ortoponta.

Confira a entrevista com o ortopedista na íntegra: