A base da alimentação da bovinocultura de leite na nossa região e em todo o mundo é a silagem de milho, conhecida por ter uma fermentação adequada, alta produção de massa e colheita mecanizada facilitada, sendo um volumoso que fornece energia para os animais e determina excelentes produções de leite, desde que bem ajustado nas dietas.
No entanto, uma das dificuldades que os produtores têm é a grande quantidade de animais e menor disponibilidade de área para a produção de alimentos. Desta forma, muitas vezes, a quantidade de silagem de milho não é suficiente para todas as categorias animais. Sendo assim, podemos deixar essa silagem como o “filé mignon” para as vacas que estão em lactação, ou seja, produzindo leite e que precisam de alta energia, e lançar mão de possibilidades de volumosos energéticos no inverno.
Para nós, dos estados do sul, a utilização de cereais de inverno para silagem planta inteira se torna uma excelente opção para outras categorias, como vacas secas e novilhas, que não exigem tanta energia.
E não somente para gado de leite. Hoje, dentro do sistema, temos produtores de gado de corte que já veem a utilização de cereais de inverno na alimentação dos animais.
Culturas que podem ser utilizadas
As espécies mais utilizadas para essa finalidade são as aveias graníferas, cevada, trigo (na maioria sem aristas) e triticale. A aveia preta não entra na recomendação, uma vez que produz poucos grãos, e o maior objetivo aqui é a produção de volumoso energético.
De maneira geral, o triticale tem maior produção e qualidade. Antigamente existia um mito de que as aristas do triticale poderiam prejudicar as bochechas e o esôfago dos animais, mas hoje se sabe que silagens bem picadas, bem produzidas e fermentadas não têm esse problema.
A cevada tem alta energia, mas é uma espécie que exige maior atenção no momento da lavoura, com tratos culturais e, principalmente, maior aplicação de fungicidas. O trigo entra como uma estratégia de produção de massa, com qualidade e custos intermediários. Já a aveia pode ser uma possibilidade de custo-benefício bem interessante.
Para a escolha da espécie, é necessário entender cada situação e disponibilidade dentro da propriedade. Além da espécie, é necessário escolher um cultivar que seja adaptado às condições edafoclimáticas da região.
Processo de colheita
A máquina que faz a colheita dessa silagem é a mesma do milho, mas com uma plataforma específica para a colheita de cereais de inverno.
O ponto do grão é em grão massa, sendo que fica próximo do pastoso, não devendo cortar quando está leitoso e não passar de massa dura, o que determina um teor de matéria seca em torno de 32% a 38%.
Nos cereais de inverno, a maturação dos grãos não é tão uniforme quanto no milho que estamos acostumados. Por isso, fazer a matéria seca da planta inteira é o melhor caminho, pois dessa forma é possível conseguir boa compactação e bom processo de fermentação.
Produção e qualidade
A produção e a qualidade variam muito do manejo da propriedade, espécie e cultivar, mas, de forma geral, essas silagens produzem em torno de seis a 12 toneladas de massa seca com 8-12% de PB e 14-20% de amido.
Considerações
Produtor, avalie o planejamento forrageiro da sua propriedade e entenda sempre todas as opções que têm disponível no mercado para adaptar à sua realidade.
Maryon Strack Dalle Carbonare é zootecnista pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), doutora pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pesquisadora na área de Forragicultura e diretora de Pesquisa e Projetos da MS.DC Consultoria