Domingo, 29 de Setembro de 2024

D’P Esporte: Alex Dal Pizzol – Do campo para o escritório

2023-01-02 às 13:45
Foto: Paola Antunes

Ex-jogador profissional de futebol, o advogado Alex Dal Pizzol, que atua em Ponta Grossa, jogou por diversos clubes e dividiu o campo com grandes lendas do esporte

por Melissa Eichelbaun

Dos campos para as audiências judiciais. De jogador de futebol para um advogado renomado. Essa é a trajetória de Alex Dal Pizzol, do escritório Woyceichoski & Dal Pizzol Advogados Associados, um dos mais prestigiados de Ponta Grossa.

Dal Pizzol iniciou a carreira como jogador de futebol em 1986, aos 19 anos de idade, na cidade de Maringá. Então conhecido como “Alex Maringá”, ele atuou no Grêmio Maringá de 1986 a 1988 e depois foi vendido para o Coritiba, onde jogou de 1988 a 1989, quando foi campeão paranaense pelo time da capital.

Um ano mais tarde, em 1990, Dal Pizzol foi emprestado para Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC), de Ponta Grossa. “Vim para a disputa do Brasileiro da série B e fizemos uma grande campanha no Paranaense, ficando em terceiro lugar. Já no Brasileiro, por apenas um ponto, nós não ascendemos à série A. No ano seguinte, eu fui comprado em definitivo pelo Operário”, relata.

Em 1991, com a atuação do atleta e de todo o elenco contratado, o Fantasma conquistou o terceiro lugar no Campeonato Paranaense. No ano seguinte, o time montou novamente uma “grande equipe”, segundo a descrição de Dal Pizzol, mas foi eliminado pelo Londrina, que foi o campeão naquele ano. Ainda em 1992, o jogador foi comprado pelo Mogi Mirim, do interior de São Paulo, que era conhecido como “Carrossel Caipira” e contava com um elenco de grandes atletas, como o pernambucano Rivaldo, que foi eleito o melhor jogador do mundo em 1999.

Influência para estudar

“Em 1993, eu fui para o Caldense, em Minas Gerais, e em 1994 para o Atlético Sorocaba. Ao término do meu contrato naquele ano, eu entendi que era o momento de parar de jogar futebol. Eu estava com 26 anos, casado e com um filho pequeno”, revela Dal Pizzol. Foi nessa época que ele decidiu prestar vestibular para o curso de Direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).

“O meu pai era professor de português e francês, então naturalmente havia uma certa influência dele para que eu estudasse. Até cheguei a cursar Engenharia Química na Universidade Estadual de Maringá, mas não concluí o curso”, explica. Dal Pizzol então iniciou o curso de Direito em 1995 e o concluiu em 1999. De lá para cá, já se passaram 23 anos de atuação nas áreas cível, família, sucessões e criminal.

“Futebol, hoje em dia, é só na televisão e em peladas. A idade chegou [risos]. Mas eu aprendi muito no futebol, que naquela época era muito diferente – menos profissional e mais paixão. Eu tenho orgulho de ter jogado profissionalmente e fiz muitas amizades, algumas das quais eu mantenho até hoje”, conta Dal Pizzol. “O ambiente e o dia a dia do futebol é algo contagiante e envolvente. Se fosse possível, eu faria tudo de novo”, admite.

Ao lado dos grandes

Entre os bons momentos que Dal Pizzol guarda de seu período como atleta, está o fato de ter jogado ao lado de grandes lendas do esporte. Sobre Rivaldo, com quem dividiu o campo no Mogi Morim, o advogado o descreve como “diferenciado”. “Além do dom natural de jogar futebol, ele era extremamente inteligente, habilidoso e de uma força física impressionante. Tinha uma estrutura física e orgânica muito superior aos demais jogadores. Era um atleta completo”, lembra.

Dal Pizzol recorda ainda que também jogou com outros mestres da bola. “Além do Rivaldo, eu joguei com o Tostão, craque do Cruzeiro e do Coritiba; com o Oswaldo, meio campista campeão do mundo com o Grêmio em 1981; e com o Kazuo, ponta esquerda veloz que jogou no Coxa, no Santos e na seleção japonesa”, lista.

Classificando como um “privilégio” a experiência de ter atuado ao lado desses nomes, o advogado destaca o contraste entre o simples e o extraordinário no estilo dos grandes artistas da bola. “A experiência, que reputo ser muito positiva, era a simplicidade com que todos eles faziam coisas inacreditáveis em um curto espaço de campo. Por isso chamavam a atenção”, avalia.

Mais profissional

Na visão de Dal Pizzol, o futebol “mudou muito” desde 1994, quando ele saiu do campo e entrou no escritório. “A figura do empresário ainda estava no início e houve uma grande mudança com a Lei Pelé. Antes o jogador ficava vinculado ao clube indefinidamente e hoje é por tempo de contrato. Depois disso, o jogador fica livre para procurar outro clube”, observa.

O ex-jogador destaca que, embora o mundo do futebol profissional seja um “grande negócio”, uma vez que realiza contratações milionárias, a realidade da maioria dos atletas é muito diferente. “Uma minoria, minoria mesmo, chega ao patamar de receber salários astronômicos. Creio que, no Brasil, mais ou menos 3% recebam mais do que dez salários-mínimos por mês”, estima.

Dal Pizzol também observa que, ao contrário do que muitos pensam, o “glamour do futebol” é restrito a poucos profissionais da bola. “A maioria vive com salários baixos, longe de casa e uma carreira curta. E, quando a idade chega, esses jogadores percebem que não investiram em formação profissional e se veem em uma dura realidade”, aponta.

Confiança é tudo

Entre audiências e peladas com colegas de advocacia, o ex-jogador planeja seguir oferecendo cada vez mais confiança aos clientes. “Procure sempre um escritório de confiança. Isso é o que eu digo a todos que precisam de um advogado”, conclui Dal Pizzol, que também atua como conselheiro estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Paraná.

Conteúdo publicado originalmente na Revista D’Ponta #293 Novembro/Dezembro de 2022.