Em 1996, o empresário Laurival Pontarollo mudou-se para Ponta Grossa com um sonho: ter o seu próprio negócio. Esse sonho se realizou e hoje o Feijão Pontarollo representa a cidade em todas as regiões onde atua. Conheça essa história que se desenrolou na Princesa dos Campos e criou fortes laços com a comunidade local
por Melissa Eichelbaun
Com 62 anos idade, casado e com cinco filhos, o empresário Laurival Pontarollo hoje é referência no comércio de feijão em todo o Brasil graças à marca que leva o seu sobrenome, o Feijão Pontarollo. Nascido na comunidade de Boa Vista, no município de Guamiranga (PR), ele começou a trabalhar comercializando produtos plantados pelos pais, como melancia, alho, cebola e fumo.
“Eu tinha o sonho de trabalhar com comércio. Eu observava outras pessoas comprando e empacotando feijão e queria ter o meu próprio negócio e investir nisso. Então, com 36 anos, eu decidi me mudar para Ponta Grossa e começar esse sonho. Foi muito difícil no começo, pois eu não conhecia a cidade e os compradores não me conheciam”, conta o empresário, que se lembra até do dia em que chegou à Princesa dos Campos: 17 de agosto de 1996.
“Eu tinha o sonho de trabalhar com comércio. Eu observava outras pessoas comprando e empacotando feijão e queria ter o meu próprio negócio”, afirma Pontarollo, que em 1996 enxergou em Ponta Grossa uma oportunidade de investir no seu sonho
Início
Pontarollo recorda que, após alguns meses trabalhando com venda de feijão, recebeu um pedido de 50 fardos do produto do Supermercado Rickli, de Carambeí. “Eu tomei um susto, pois não estava acostumado com um pedido tão grande. Mas foi ali que começou uma relação de confiança”, relata, destacando que o Supermercado Vitor, de Ponta Grossa, também foi um dos primeiros estabelecimentos que acreditaram nele.
O empresário lembra ainda que nessa época ele passava em frente ao Supermercado Condor, observava a movimentação dos clientes e sonhava que um dia o seu produto seria vendido ali. E o sonho se realizou. Atualmente o Grupo Pontarollo comercializa o seu feijão no Condor e em todos os grandes supermercados de Ponta Grossa.
Para pavimentar o seu caminho rumo ao sucesso, Pontarollo explica que nos dois primeiros anos teve que fazer muitos contatos com comerciantes para que eles comprassem o seu produto e enxergassem a qualidade do grão. Enquanto isso, ele recebia o apoio da família, que morava em outra cidade.
Dois anos mais tarde, os familiares do empresário se mudaram para Ponta Grossa e se juntaram a ele no trabalho. “Eu consegui comprar um caminhão para fazer as entregas e toda a logística de empacotamento era realizada na parte de baixo da casa onde morávamos. Pegávamos o feijão direto dos produtores da região de Cândido de Abreu, empacotávamos e saíamos vender nos mercados”, conta.
Um dos mais recentes supermercados a comercializarem o Feijão Pontarollo em Ponta Grossa, segundo Laurival, foi o Tozetto. “Hoje a nossa marca é muito forte no Paraná, em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Posso afirmar que, em se tratando de feijão preto, nós somos o número um do Brasil”, revela.
Estrutura
Passados 26 anos desde que o empresário se estabeleceu em Ponta Grossa, o Grupo Pontarollo conta hoje com uma megaestrutura. A sede da empresa está localizada no município ponta-grossense e conta com mais de 4 mil metros de área construída, além de maquinários, frota própria de veículos (entre eles, 24 caminhões) e equipamentos eletrônicos. A estrutura é abastecida com energia solar, visando a sustentabilidade e os cuidados socioambientais. No local, trabalham 100 funcionários.
Em dezembro de 2019, foi incorporada uma nova unidade, no município de Castro, com área total de 35 mil metros, com o objetivo de otimizar os processos. A nova unidade contribui para aumentar a capacidade de estocagem e potencializar a qualidade dos produtos, que vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado.
“Esse terreno, onde nós temos a nossa logística, eu comprei há 12 anos e então começamos a aumentar a nossa produção”, explica Pontarollo, acrescentando que hoje a empresa comercializa 50 mil sacas de feijão por mês, o que dá em torno de três milhões de quilos. Para dar conta de abastecer todos os mercados que compram o produto, a unidade trabalha em vários turnos.
O feijão comercializado pela marca é oriundo de produtores do Paraná, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. “Tenho corretores em todos esses estados prontos para verificar a qualidade do produto e comprar os grãos. O feijão sobe e desce de preço muito rápido e nós estamos preparados para atender os compradores e consumidores. O nosso feijão é referência nacional e temos orgulho disso”, completa.
“Eu sempre queria estar na arquibancada, perto dos jogadores [do Operário]. Viajava para as cidades onde eles jogavam e tinha orgulho de acompanhar o time”, conta Pontarollo, que foi presidente do Fantasma entre 2012 e 2016 e é um dos patrocinadores oficiais do time
Além de Laurival, dois de seus filhos, Jhonatan e William, também trabalham na empresa, ajudando o pai a tocar os negócios e a expandir o patrimônio da família. “Somos uma equipe unida. Não fazemos nada sem consultar um ao outro para saber se é uma decisão correta, arriscada ou se é um passo que não devemos dar. Cada um aqui tem a sua opinião e ajuda na sua função e setor do grupo. Desde que eu comecei, a minha família tem sido o meu apoio”, explica.
Após quase três décadas de uma intensa trajetória, Laurival se sente satisfeito pelo trabalho realizado por ele e pela família. “Eu tenho muito orgulho de ver o que estamos construindo e fazendo nesse segmento. A venda de feijão não é fácil, é um ramo muito difícil para começar e se firmar. Por isso eu tenho muito orgulho, todos os dias, do que fazemos aqui e do que ainda vamos construir”, declara.
Um fato curioso comprova a dedicação de Laurival ao trabalho: sempre que ele sai de viagem e retorna a Ponta Grossa, o primeiro lugar para onde ele vai é a empresa.
Relação com Ponta Grossa
E, por falar em Ponta Grossa, é explícita a forte relação que o Grupo Pontarollo mantém com a Princesa dos Campos. Laurival explica que escolheu a cidade porque enxergou nela um grande potencial de crescimento. “Na época, eu observava que a cidade ia crescer – e muito – e vi aqui uma oportunidade de investir nos meus sonhos. Eu não pensava que a cidade se tornaria um local com uma logística muito boa para a empresa, mas tinha a visão de que seria um lugar onde a minha empresa cresceria. Hoje eu vejo que fiz uma escolha muito acertada, porque a cidade prosperou. E, quando se fala de feijão Pontarollo, as pessoas já relacionam com Ponta Grossa. Criamos uma relação muito forte com os ponta-grossenses”, afirma.
O empresário observa ainda que, se hoje é reconhecido pela população nativa de Ponta Grossa, é porque o Grupo Pontarollo vem desempenhando um trabalho pautado em três características: qualidade; logística aprimorada do processo de empacotamento e vendas; e honra com os compromissos. “Nós somos muito responsáveis em cumprir as nossas entregas, nos nossos acordos firmados com os compradores e, principalmente, em entregar a qualidade exigida pelos clientes. Eu ando em Ponta Grossa e os moradores me conhecem, vêm falar comigo. Isso é uma satisfação enorme e confirma que estamos no caminho certo”, aponta.
Como forma de contribuir para a sociedade ponta-grossense, Pontarollo mantém o projeto social “Amigos do Pontarollo”. Dentro da iniciativa, 38 amigos se reúnem para jogar futebol toda quarta-feira e discutir ideias para campanhas sociais. “Nós fazemos uma janta, em que é sempre escolhida uma dupla para cozinhar, e então confraternizamos. Desse grupo saem muitas ideias sobre como podemos ajudar as pessoas na cidade. Já fizemos várias campanhas para ajudar famílias e instituições”, comenta, citando arrecadações de alimentos e de recursos financeiros como exemplos de ações.
“Quando se fala de feijão Pontarollo, as pessoas já relacionam com Ponta Grossa. Criamos uma relação muito forte com os ponta-grossenses”
Amigo do esporte
Outra forma de contribuir com a cidade é através do esporte. O Grupo Pontarollo é um dos patrocinadores oficiais do time local, o Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC). Laurival conta que, quando chegou a Ponta Grossa, em 1996, começou a acompanhar constantemente os jogos do Fantasma. “Eu sempre queria estar na arquibancada, perto dos jogadores. Viajava para as cidades onde eles jogavam e tinha orgulho de acompanhar o time”, lembra.
A sua relação com o Operário se tornou ainda mais forte quando Pontarollo, a convite de Carlos Roberto Iurk, integrou a diretoria do clube na posição de vice-presidente, em 2012. Pouco depois, Iurk se desligou da direção do Fantasma e Pontarollo assumiu a presidência, ficando no cargo até 2016. Durante as gestões de Pontarollo, o clube ponta-grossense viveu um dos grandes momentos de sua trajetória, conquistando o Campeonato Estadual na primeira divisão, contra o Coritiba, em 2015.
“Foi uma escola para mim”, confessa o empresário, sobre o seu período à frente do Operário. “Eu aprendi a lidar com as pessoas e com muitas questões profissionais”, acrescenta.
“Eu sempre gostei muito de esporte”, continua. “E até organizava campeonatos de futebol lá em Guamiranga, quando eu era mais jovem. Nós vendíamos 100 grades de cerveja no final de semana, fazíamos sanduíches… Até a Rádio Esperança, de Prudentópolis, transmitia os jogos. O campeonato dava cinco mil pessoas e todo mundo aproveitava”, relata.
O Grupo Pontarollo conta com uma frota de 24 caminhões, que distribuem o feijão Pontarollo para Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná, estados onde o produto é forte
Futuro
Para 2023, Pontarollo revela que o plano do grupo é aumentar a produção. “Queremos ampliar em 30% o empacotamento. Temos espaço e capacidade para isso. Já estamos trabalhando para que os nossos planos aconteçam dentro do esperado”, conclui.
