Em 2022, cerca de 15 bebês morreram engasgados por dia, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mostram que entre 2009 e 2019 ocorreram 2.148 mortes por engasgo de crianças entre 0 a 9 anos. Deste total de mortes, 72% foram bebês menores de 1 ano, e 21,6% crianças de 1 a 4 anos.
Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e José Amilton, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta terça-feira (7), a diretora técnica do CIMSAMU, Kelly Kravchychyn, ensinou como realizar a Manobra de Heimlich, técnica utilizada para reverter engasgos em crianças e adultos.
“O ideal é que toda população tivesse conhecimento da manobra. Eu sempre converso com os colegas e explico é que quem desobstrui as vias aéreas é quem está no local com a vítima, dificilmente você vai ter uma viatura do Corpo de Bombeiros ou do SAMU na esquina da sua casa para prestar o atendimento. A gente sabe que existe um Projeto de Lei que não está aprovado em todo Brasil, mas alguns estado já tem: as escolas precisam ter professores capacitados para fazer desobstrução de vias aéreas nas crianças”, explica Kelly.
Tipos de obstrução
Existem três tipos de obstrução: leve, moderada e severa. Na primeira, a pessoa não chega a perder a consciência, mas consegue chorar e emitir sons. Na moderada, a vítima não consegue emitir sons, mas está acordada, se movimenta, mas não consegue respirar com tanta facilidade. Já na obstrução severa, a vítima consciente ou inconsciente, não consegue respirar ou apresenta ruídos à respiração e/ou tosse silenciosa.
“O maior problema é o desespero. Você acaba esquecendo o que precisa fazer. Quem trabalha na área tem um pouco mais de calma e consegue executar a manobra com mais facilidade do que a pessoa leiga”, afirma Kelly Kravchychyn.
Passo a passo da manobra de Heimlich
A diretora técnica do CIMSAMU explica que a manobra de Heimlich é uma forma de reverter engasgos antes mesmo da chegada dos profissionais da saúde, o que aumenta as chances de recuperação das vítimas. Em crianças de até três anos de idade “você vai colocar ela de bruços no seu antebraço, vai segurar embaixo do queixo com o polegar e indicador, posicionar a cabeça mais baixa do que o restante do corpo, vai usar a palma da mão e bater nas costas. Tem que bater em direção à cabeça. Depois vai virar a criança, colocar sobre a coxa da perna, e fazer as compressões na região do tórax da criança, para expulsar o corpo estranho ou começar uma manobra de reanimação”, orienta Kelly.
Em crianças maiores, adultos e idosos, o procedimento deve ser feito ‘abraçando’ a vítima por trás. Com a mão fechada, a pessoa que irá realizar a manobra deve fazer movimentos em formato de ‘J’, para dentro e para cima, na boca do estômago, ou quatro dedos acima do umbigo. A pressão irá provocar ânsia de vômito e a vítima irá colocar para fora o objeto ou alimento que está obstruindo as vias áreas.
Se a pessoa engasgada estiver sozinha em um local, pode fazer a manobra de emergência em si mesmo utilizando um objeto sólido, como o encosto de uma cadeira, uma mesa ou balcão. Com as mãos entrelaçadas à frente, incline-se sobre um objeto sólido e segure os punhos entre ele e o abdômen e empurre seu corpo contra a peça até expelir o objeto ou alimento.
Outra orientação importante é para que as pessoas não realizem o procedimento de ventilação ‘boca a boca’ em casos de urgências, para evitar transmissões de doenças. “Só orientamos as compressões torácicas. Tanto na criança, como no adulto. Perdeu a consciência, coloca em uma superfície rígida, o chão, não deve fazer ventilação, só as compressões. Não vai tentar abraçar por trás”, afirma.
Ela explica qual abordagem deve ser realizada. “Entrelaça os dedos e posiciona na região entre os mamilos, com os cotovelos esticados, de preferência ajoelhado no chão, vai fazer as compressões torácicas, com uma frequência de 100 por minuto, até a viatura chegar. A massagem precisa ser efetiva para que o coração continue bombeando o sangue para os órgãos vitais”, diz.
Em casos de urgências, ligue para o 192 (SAMU) ou 193 (Corpo de Bombeiros – SIATE).
Confira o vídeo explicativo realizado pela Polícia Militar do Paraná sobre a manobra:
Confira a entrevista completa com a diretora técnica do CIMSAMU, Kelly Kravchychyn: