Quinta-feira, 19 de Junho de 2025

Crianças x celular: “Os pais precisam entender que são os comandantes do barco”, afirma educadora parental Patrícia Dijkstra

2023-03-28 às 15:02

Você já ouviu falar em educação parental? Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta terça-feira (28), a educadora parental Patrícia Dijkstra explicou o que é a modalidade que promete orientar pais e responsáveis sobre a criação de crianças e adolescentes.

Patrícia explica que o educador parental é como um guia para os pais, que orienta quais os melhores caminhos a seguir, em determinados assuntos. “Às vezes o pai tem aquela dúvida de como deixar de ser tão permissivo, ou autoritário, vai consultar um educador parental para ver qual caminho seguir. Existem educadores que falam sobre educação positiva, sobre sono, existem vários caminhos, mas é sempre prevenindo alguma coisa que os pais estão vendo que pode acontecer”, orienta.

A profissional se especializou na área de bem-estar digital e defende que o uso de celulares pelas crianças e adolescentes deve ser monitorado pelos pais. “Chegou a tecnologia e a internet e ninguém veio nos falar que tem que tomar cuidado, simplesmente chegou e todo mundo começou a usar, os pais e inclusive as crianças. A gente vai deixando a criança no celular cada vez mais tempo e o celular vai levando elas para outros caminhos, porque a gente acha que a criança vai ficar só no joguinho, mas de repente ela vai para o Google, para o ‘TikTok’, eu falo que criança jamais deveria estar nesse ambiente”, diz.

Ela pontua que “os pais precisam entender que são os comandantes do barco” e impor limites, mas sempre com base no diálogo e no respeito, não de forma agressiva. E, embora as pessoas estejam hiperconectadas do ponto de vista digital, as famílias estão cada vez mais perdendo a conexão pessoal. “Eu falo muito que antes da correção tem que vir a conexão. Se você for um pai que só briga com a criança, que está o tempo inteiro sempre na base do grito, a criança não vai te ouvir: se você sair de perto, ela vai pegar o celular”, afirma.

Como alternativas para dosar o uso da tecnologia para os pequenos, Patrícia indicou duas medidas. Uma delas é o aplicativo ‘Family Link’, que permite que os pais monitorem o tempo do uso do aparelho, por exemplo. “Na minha casa é liberado por uma hora de manhã e uma hora à noite, de manhã é depois que elas terminam a tarefa e de noite, enquanto estamos preparando o jantar, elas estão no celular. O aplicativo vai avisando a criança que o tempo está acabando, então ela vai se preparando, final de semana eu deixo um pouco mais liberado”, exemplifica. A segunda medida é acessar o modo ‘controle parental’ que existe dentro das configurações do próprio celular, para definir quais horários e aplicativos são liberados para as crianças e adolescentes.

Qual o momento certo para dar um celular para os filhos?

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Organização Mundial da Saúde (OMS) o uso de telas não é recomendado para crianças com menos de 2 anos e, a partir desta idade, o ideal seria utilizar os aparelhos por apenas uma hora diária.

“Você vai sentir a hora que a criança está pronta para ter um celular. Se vai dar um celular com acesso à internet, conte o que é a internet, que é como uma avenida movimentada 24 horas por dia. Quando vai ensinar a criança a atravessar a rua, você fala: ‘olhe o sinal, olhe para os dois lados, só atravesse se estiver na faixa de pedestre’. É a mesma coisa na internet. É uma coisa que existem pessoas do mundo inteiro, então tem que tomar cuidado, principalmente por conta da pedofilia”, observa Patrícia.

Cada família deve adaptar as regras de acordo com a própria realidade, o importante é ser um exemplo para os filhos. “Não adianta querer que os filhos não fiquem no celular, se você não sai do seu”, diz.

A educadora parental ainda destaca que não é necessário proibir o celular em casa, mas ensinar a como se portar no mundo digital. “A tecnologia chegou e ela vai ficar, mas nós temos que ensinar nossos filhos a estarem nesse mundo, como vai ser quando ele tiver uma rede social, o que ele vai escrever? Questões relacionadas ao cyberbullying, precisamos ensinar tudo isso. A dor da prevenção é muito menor do que a dor do reparo. É melhor nós prevenirmos hoje do que lá na frente reparar uma coisa maior”, finaliza.

Para saber mais, acesse o Instagram da educadora parental: @patricia.maenacausa

Confira a entrevista na íntegra: