Terça-feira, 10 de Junho de 2025

Ponto de Vista: Da busca de privacidade à experimentação do luxo, empresário fala da evolução dos motéis

2023-05-13 às 15:32

Em conversa exclusiva com o apresentador João Barbiero, no programa Ponto de Vista, no ar pela Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (13), o empresário Rodrigo Baron Martins apresentou novidades e particularidades do setor de motéis, ramo no qual ele empreende há cerca de 25 anos. De mera busca por privacidade, a visita aos motéis se tornou uma experiência de luxo.

Baron comenta que decidiu investir no ramo por uma necessidade de empreender num segmento que experimentava, naquele final dos anos 1990, uma ascensão. Os amigos sugeriam que motel era um bom negócio. Ao mesmo tempo, a clientela passou a exigir cada vez mais sofisticação nos serviços e na decoração das suítes, por exemplo – algo característico dos motéis administrados por ele.

Na ocasião, o empresário, que tinha acabado de se formar em Odontologia, foi até uma imobiliária e encontrou um motel à venda e propôs ao pai e a um tio que entrassem como sócios. O negócio deu tão certo que ele abandonou a profissão de formação.

Em Ponta Grossa, o empresário administra os motéis Vison e Ragam (antigo Opium) e, na capital, o Le Piège, motel curitibano já bastante tradicional, que o grupo assumiu em 2014. “Sempre preocupados em oferecer o melhor, temos um cronograma de reformas muito grande e estamos sempre buscando lançar novas suítes”, destaca o empresário.

Tanto o Vison quanto o Opium – que recentemente trocou de nome para Ragam – sempre foram conhecidos pelas suas suítes temáticas, que se renovam constantemente, até porque muitos casais vão até um motel em busca de novidade. Um espaço diferente e uma decoração inusitada contribuem para criar o clima.

“Já chegamos a ter equipe própria, de construção civil, só para trabalhar com reformas. À medida que fomos crescendo, hoje, trabalhamos com empreiteiros terceirizados e temos um mestre de obras que as coordena. São muitas frentes de trabalho”, pontua.

Para além de manter aceso sempre o clima de novidade, as reformas precisam ser constantes porque, em função da rotatividade, as instalações depreciam muito rápido. “É diferente de um hotel. Às vezes, você vai a um hotel dos anos 1990 ou 2000 e as suítes até estão razoáveis e bem decoradas. Mas, no nosso segmento, isso não acontece”, diz.

De acordo com Baron, o segmento dos motéis surgiu no Brasil nos anos 1970, como “clubes fechados”, porque havia uma restrição grande para esse tipo de atividade. A atividade começou, de fato, com a criação da Embratur, em 1966, quando foi elaborado um plano nacional de turismo que incentivava estabelecimentos fora dos centros urbanos.

De início, os motéis brasileiros seguiam a mesma lógica dos americanos: hospedagem rápida à beira de estrada. Sem registros de hóspedes, como nos hotéis, e com a revolução sexual dos anos 1970, passaram a ser utilizados para encontros com finalidades conjugais. Porém, nessa época, o conservadorismo ameaçava a privacidade e, Brasil afora, houve o que se chamava de “paparazzi de motel”, que eram fotógrafos que faziam plantão nas portas, a fim de flagrar pessoas de prestígio em situações comprometedoras, geralmente encontros extra-conjugais.

Ao longo do tempo, a finalidade dos motéis se consolidou como a de ser um local para encontros amorosos, o que contribuiu para se criar um estigma preconceituoso sobre o segmento, que costuma ser associado a “traição” e a “relações clandestinas”. Essa guinada de ponto de vista é observada no fato de que os empresários do segmento miram no atendimento de casais estáveis: namorados, noivos, casais casados. O empresário aponta que a Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis) estima que 70% do público frequentador possui relação estável.

“Nos anos 1980 e 1990 já foi se aprimorando e começaram a melhorar o nível e já foi tomando as características do que é hoje o segmento: com mais luxo, atendendo aos casais”, afirma.

Singularidade

Quem é ávido por novidade na hora de liberar as fantasias encontra nos motéis administrados pelo empresário muita singularidade. Cada suíte é única e possui um tema, que se renova de tempos em tempos. A estratégia é inteligente, se considerar que um casal mais curioso vai visitar o motel várias vezes até conhecer todas e nunca vai enfrentar mesmice. A maior parte dos temas adotados nas decorações, inclusive, surgem de sugestões de clientes, conforme Baron.

“Não temos nenhuma suíte igual à outra. Todas possuem decoração diferente. Para cada suíte, o arquiteto faz um projeto exclusivo. O Vison, com uma característica mais peculiar, mas o Ragam e o Le Piège são temáticos, essencialmente, com uma suíte diferente da outra para atender o público”, diz.

A mudança do perfil de público, que mira em casais estáveis, pretende oferecer o motel também como opção de lazer. “Hoje temos gastronomia, suítes com piscina e todos os motéis estão buscando um padrão de decoração muito superior”, aponta. Segundo ele, até os casais jovens passaram a procurar os motéis para comemorar datas especiais e deixou de ser uma ocasião trivial.

“A grande vantagem da gastronomia nos motéis é a conveniência. Quando se fala em restaurante, ele tem alguns horários de atendimento. No motel, temos gastronomia 24h, a maioria. Alguns motéis já estão criando horários para servir, porque, realmente, dá muito trabalho”, comenta. “A gastronomia vem se inserindo no produto motel porque ela complementa e, queira ou não queira, ela é um diferencial. Se você tem uma boa gastronomia, as pessoas vão fazer uma boa refeição e acabam usando a suíte”, acrescenta.

Outro aspecto importante que o empresário enfatiza é a busca por segurança, da parte de quem frequenta os motéis. Os muros altos, a segurança terceirizada, a vigilância na entrada e câmeras de monitoramento no pátio permitem garantir a segurança e a privacidade.

Com foco nos casais estáveis, o segmento de motéis investe em melhorar a experiência de quem os frequenta. “Estamos, cada vez mais, buscando melhorar as suítes para atender a esse público que quer uma experiência, que quer sair jantar, fazer um programa a dois, tomar um café da manhã, decorar uma suíte para uma comemoração”, diz. Se antes era mais comum a permanência de apenas algumas horas, o pernoite tem sido cada vez mais incentivado.

O empresário Rodrigo Baron Martins é responsável pelos renomados motéis Vison e Ragam, em Ponta Grossa, e pelo Le Piège, em Curitiba. Atualmente é diretor de relações sociais do Sindicato Empresarial de Hotelaria e Gastronomia (SEHG), mas iniciou a carreira na área da Odontologia e também foi militar por quase sete anos. Seguindo o exemplo dos pais, teve o desejo de empreender e viu no ramo de motéis uma oportunidade de negócio. O primeiro motel administrado por Baron foi o ‘Caiçaras’, em 1998.

Ponto de Vista

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.

Confira a entrevista na íntegra: