O mau tempo não impediu, neste domingo (28), os devotos de ganharem as ruas na tradicional procissão em honra ao Divino Espírito Santo e de celebrarem ao lado do bispo Dom Sergio Arthur Braschi, na Catedral Sant’Ana. Os festeiros saíram com as bandeiras e a imagem do Divino da frente da Casa do Divino, na Rua Santos Dumondt, às 10h45, e seguiram em direção à igreja-mãe da Diocese, que ficou cheia. A ‘Festa do Divino’ acontece em Ponta Grossa no dia da solene liturgia de Pentecostes, que celebra a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus, sua mãe Maria e outros seguidores.
O destaque deste ano da celebração, que encerrou a procissão, foi a presença de crianças entre os 60 violeiros e tecladistas convidados. Dom Sergio agradeceu a presença dos padres Jaime Rossa, vigário geral da Diocese, e Antônio Ivan de Campos, pároco da Catedral/Paróquia Sant’Ana, de religiosas, de Lídia Hoffman Chaves, coordenadora da Casa do Divino, das pessoas que trouxeram as bandeiras e dos músicos, “que trazem a alegria da devoção ao Divino Espírito Santo”, destacou o bispo, citando também a participação de paroquianos, devotos de Ponta Grossa e os que vieram de outras cidades. “Todos os anos, temos no ano litúrgico esse tempo muito especial e festivo que é o Tempo Pascal, que está se concluindo hoje. As paróquias farão no final das missas de hoje a ação litúrgica do apagamento do círio pascal, que voltará a ser aceso no momento dos grandes sacramentos, em especial, nos batismos. Tempo Pascal é repetido cada ano, nos fazendo proclamar a Ressurreição do Senhor, mas cada vez é diferente porque Deus não se repete e o Espírito Santo, fonte de vida, de diversidade, de carisma, de alegria, de criatividade, não ama a repetição, mas faz novas todas as coisas”, refletiu Dom Sergio em sua homilia.
“O Pentecostes este ano, em Ponta Grossa, é especial porque marca os 200 anos da Paróquia Sant’Ana. Criada em 1823, quando um pequeno grupo de famílias do povoado que era o bairro de Ponta Grossa conseguiu ter do imperador o decreto de paróquia, de freguesia da Senhora Sant’Ana, e ter um padre morando aqui, para caminhar com o povo. 200 anos também da cidade, do início de tudo”, destacou o bispo, fazendo referência também ao Ano Vocacional e ao Sínodo dos bispos. “Essa caminhada nos fez já refletir sobre a meta de se ter uma Igreja Sinodal, ou seja, com todos caminhando juntos, onde não haja diversidades, oposições, para que vivamos como ouvimos nas leituras de hoje. É um tempo novo. A própria Oração pelo Sínodo, composta pelo Papa Francisco, é dirigida ao Espírito Santo, pedindo que nos esclareça e nos mostre o que devemos mudar, transformar, a partir de Pentecostes deste ano e do Sínodo”, afirmou Dom Sergio.
Inês Regina Zarpelonn Ferreira, que frequenta a Paróquia Imaculada Conceição, de Ponta Grossa, se reconhece devota. “É uma graça muito grande estar participando e recebendo essa luz do Divino Espírito Santo nesse momento, e sermos agraciados com todas essas bênçãos que vêm do Alto, uma luz muito grande”, dizia emocionada. Ela conta que descobriu a Casa do Divino em uma das festas, há aproximadamente sete anos, e passou a frequentá-la a partir dali em diante. “Se recebe muitas graças e tudo o que pedimos ao Altíssimo e ao Divino Espírito Santo somos atendidos, com certeza”, garantia.
Festejos
Os festejos do Divino são comemorados em todo o Brasil, sempre no dia de Pentecostes. Em Ponta Grossa, eles são promovidos pela Casa do Divino, hoje com o apoio da Diocese e da Secretaria Municipal da Cultura. A Casa do Divino mantém aberta desde 1882, é um patrimônio histórico, cultural e religioso, tombada pelo Patrimônio Histórico do município. Única do Paraná, a Casa foi fundada por Maria Júlia Xavier, que, após perder a memória e vagar pelos campos gerais por quatro meses, encontrou, às margens de um rio, a imagem do Divino Espírito Santo litografada em um pedaço de madeira. No mesmo instante, recobrou a memória.
Quando o milagre aconteceu, ela retornou para casa, na Rua Santos Dumondt, 524, onde ergueu um altar para que pudesse agradecer a graça alcançada. Desde 1882, após a ocorrência desse fato, as pessoas visitam a casa para pedir graças e agradecer por todos benefícios alcançados. A coordenadora da Casa do Divino, Lídia Hoffman Chaves, agradeceu a todos que ajudaram nos festejos. “Os festeiros, que estiveram comigo durante todos os dias das novenas, os que ajudaram a arrecadar os ingredientes para o pastel, o café, as bebidas…Não vou citar nomes porque foram muitos”, destacou, fazendo menção especial ao professor Leandro de Jesus Lara, responsável pelo projeto que ensina música, a um valor simbólico, a interessados das comunidades. “Muitos dos que estão aqui hoje, estão aqui graças a ele, a esse projeto”, enalteceu.
da assessoria