Atuando há mais de 20 anos com comportamento animal, a médica veterinária Dra. Erika Zanoni Fagundes Cunha luta para que a sociedade reconheça que os animais também têm sentimentos, emoções e que podem desenvolver doenças mentais.
Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (8), Dra. Erika, que é psiquiatra de animais, ou seja, estuda a mente deles, explica que os pets possuem a mesma anatomia do cérebro humano, “a única diferença é que eles não falam com palavras, falam com gestos, músculos, olhar”, pontua.
Segundo a profissional, anteriormente, a Ciência defendia que os animais só tinham emoções primárias, como alegria, tristeza, nojo e raiva, e que eles não possuiam a capacidade de interpretá-las e entender cada uma delas. “As pesquisas foram avançando, eu fui acompanhando esse avanço, fiz meu mestrado sobre isso, meu doutorado foi sobre as emoções dos animais que vivem em cativeiro, e sempre enfrentei esse problema de tentar expor e abordei assuntos polêmicos como Direito Animal, ele ser protagonista, ele entrar com processo contra quem maltratou, hoje o Tribunal já reconhece o animal neste sentido”, argumenta.
O Direito Animal é uma ciência nova, segundo Cunha. “A gente precisa produzir mais Ciência. O Direito começou a crescer na pandemia, eu me organizei com uma equipe de advogados que se entitulam ‘animalistas’, unimos força no Brasil todo para estudar esses casos mais polêmicos, participei da maioria desses casos como perita psiquiatra, avaliando os animais, avaliando as emoções, o que estava acontecendo, para daí o juiz julgar. É muito importante esse laudo do perito na área, porque o juiz não vai entender de todos os assuntos, chama alguém que entende daquele assunto para decidir, a gente enfrentou várias situações, principalmente com a área do agronegócio”, diz.
Doenças mentais
A médica veterinária afirma que os casos que mais atende em sua clínica são relacionados à ansiedade de animais de companhia, como cachorros e gatos. “São animais que lambem constantemente a pata, as genitálias, que destroem as coisas, isso é ansiedade”, explica. É importante ressaltar que esta doença possui tratamento. “Há 20 anos eu tenho falado e agora que eu consegui trabalhar só com isso. A sociedade está aceitando mais, tenho recebido mais pacientes, até as pessoas entenderem que os animais também podem adoecer da mente foi difícil”, relembra.
Este tratamento também melhora o relacionamento do tutor com o seu animal, conforme aponta Dra. Erika. “Ele para de destruir, para de urinar e defecar em cima da cama, melhora muito a situação da família dos pets”, completa. Já casos de depressão são mais comuns em animais de zoológico. “Eles não têm o que fazer, não tem como caçar. Na natureza andariam de 5 a 10 km por dia e ali estão confinados, diminuem os neurotransmissores e eles entram em depressão. Hoje no Brasil eu não vejo tratamento no zoológico, os animais tem essas debilidades e morrem sem tratamento. É o que eu tenho lutado, para conseguir fazer com que esses animais também tenham tratamento de saúde mental”, finaliza.
Confira a entrevista na íntegra: