O ex-deputado Deltan Dallagnol, que teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas últimas semanas, disse ter recebido transferências por Pix para ajudá-lo a pagar a dívida de R$ 2,8 milhões com os gastos em diárias e passagens durante o período em que atuava como procurador da Operação Lava Jato. Ele se referiu aos apoiadores como “agentes de Deus”.
Durante live nas redes sociais, Dallagnol relembrou a primeira ‘vaquinha’ que fez na internet, quando recebeu R$ 500 mil em três dias. Na ocasião, ele havia sido condenado a pagar R$ 75 mil ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por danos morais.
“Agora eu vejo mais um presente de Deus e de vocês acontecendo. Olha a quantidade de Pix na minha desde a última sexta-feira. Centenas e centenas de pessoas começaram a fazer pix para a minha conta mais uma vez expressando solidariedade, protegendo a minha família do mal que querem nos causar e mostrado que eu não estou sozinho, que vocês estão comigo nessa luta por justiça do nosso país. Eu agradeço a Deus e cada um de vocês que têm sido agentes de Deus na minha vida”, disse ele em vídeo.
Ele foi condenado em 2022 a pagar uma indenização ao presidente após o caso da apresentação de slides sobre a Lava Jato. A defesa de Lula pediu que Dallagnol pagasse R$ 1 milhão pela entrevista ocorrida em 2016.
Entretanto, no julgamento, o colegiado fixou que a indenização que deveria ser pagar era de R$ 75 mil, com correção monetária e juros. Com isso, a equipe jurídica de Dallagnol recorreu no STF sobre a decisão.
À época, o então chefe da força-tarefa da Lava Jato fez uma apresentação de PowerPoint para acusar Lula, que era investigado pela Operação, de chefiar uma organização criminosa. O ex-procurador falava sobre uma denúncia no caso que envolvia o triplex no Guarujá. Quem julgou foi a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça. Posteriormente, os processos foram anulados após o STF considerar o ex-juiz Sérgio Moro parcial na condução da investigação.
Em nova condenação, Dallagnol será obrigado a devolver aos cofres públicos as diárias e passagens usadas para integrantes da Operação Lava Jato. O argumento do Tribunal de Contas da União (TCU) é que, com esses gastos, os procuradores “praticamente dobraram” a remuneração com um modelo que deveria ser temporário e “eventual”, de acordo com a lei, mas durou anos.