O professor de Letras, Flávio Madalosso Vieira, falou sobre a linguagem formal e informal da língua portuguesa, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (22).
Flávio é licenciado em Letras; Mestre em Ensino de Ciência e Tecnologia; professor há 35 anos, sendo os últimos 29 na UTFPR; escritor/cronista, com mais de 9500 crônicas; membro do Centro de Letras do Paraná, da Academia de Letras dos Campos Gerais e Academia de Ciências, Letras e Artes do Brasil; e detentor da Comenda Pablo Neruda, da Academia de Ciências e Letras de Valparaíso – Chile.
Linguagem formal e informal
O professor afirma que existe uma forma correta de falar e escrever na língua portuguesa. Porém explica que há uma diferença entre a linguagem formal e a informal, utilizada nas redes sociais, por exemplo. “A língua portuguesa é regida pelas normas cultas, que são bastante rígidas através de suas normas gramaticais. Elas devem ser respeitadas, pelo menos na linguagem mais formal”, destaca. “Já na utilização em redes sociais, se parte para uma linguagem mais coloquial, que admite a inserção de gírias, jargões etc”, complementa.
Nas redes sociais, a maioria das pessoas utiliza a linguagem informal para se comunicar, e esse é um aspecto negativo para Flávio. “Na linguagem informal tudo é permitido, e as redes sociais infelizmente têm 99% dos seus textos nesta linguagem. É ruim, porque desabitua o hábito do bem escrever”, explica. “Eu publico crônicas duas vezes por semana em redes sociais e primo pela absoluta correção, o que não poderia ser diferente. Mas mesmo nas mensagens mais informais, entre amigos, eu procuro usar os termos corretos e recomendo que seja assim”, completa.
O professor afirma que existe uma resistência ao uso correto da língua, nos dias de hoje. “Infelizmente, há uma resistência muito grande, principalmente nos dias de hoje, pelo uso correto da língua portuguesa. Existe uma inserção muito grande do estrangeirismo, de forma até agressiva na nossa língua”, ressalta. “Estamos usando uma infinidade de termos estrangeiros, principalmente em inglês, que poderiam não ser usados. Um deles, eu tenho uma bronca enorme que é o ‘performance’, sendo que temos o correspondente em português que é ‘desempenho'”, complementa.
Para Flávio, a prática da leitura é um bom ponto de partida. “Quanto mais você pratica, melhor você escreve. A leitura é um bom ponto de partida, toda leitura é útil”, explica.
Linguagem neutra
O professor destaca que essa não é uma mudança da língua portuguesa. “A linguagem neutra não é só agressiva à língua portuguesa, ela chega a ser obscena”, afirma. “O que as pessoas não tomaram atenção é que quando você diz ‘todos, todas e todes’, você está dizendo ‘ele, ela e os outros’. Já existe uma discriminação escancarada nessa linguagem neutra”, complementa.
Ele aponta que esses termos não existem na língua portuguesa, destacando a origem da língua para justificar a predominância do masculino no plural. “Nas próprias origens do português, que vem do latim vulgar, já existia essa tendência que não é machista. A norma diz que substantivos e adjetivos de gênero e número diferentes, o plural se faz pela predominância do masculino”, explica. “Isso é norma da língua portuguesa, não é nenhuma atividade discriminatória. Então essa linguagem neutra não existe, tanto que perdeu a força”, complementa.
Serviço
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Confira a entrevista completa: