Na última quinta-feira (22), a professora da rede municipal de ensino Bruna Yamashita fez uma apresentação sobre sua pesquisa de doutorado durante o III Encontro Internacional Todas As Artes | Todos Os Nomes, realizado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), em Portugal.
Yamashita, que é doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), analisa em seus estudos a relação entre as escolas municipais e os projetos patrocinados pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) em seus 20 anos de história. A pesquisa tem como foco principal os resultados dos encontros entre as iniciativas do Promic e o ambiente de ensino, envolvendo as crianças, os professores e a escola.
Em sua apresentação, a pesquisadora expôs os resultados de trabalhos que realizou em parceria com os departamentos de Economia e de Design da UEL. Entre eles, está uma análise da correlação entre os recursos investidos pelo Promic no projeto Um Canto em Cada Canto e os resultados obtidos pela iniciativa, feita com a colaboração do professor do Departamento de Economia, Magno Rogério Gomes.
Outro tópico abordado por Yamashita na palestra foi uma série de infográficos, produzidos por alunos do curso de Design Gráfico da UEL, sob orientação da professora Danielle de Marchi Tozatti. Essas artes trazem, de maneira acessível, diversos dados sobre o Promic, incluindo o percurso histórico da política cultural, o alcance dos projetos financiados e o total de iniciativas contempladas, entre outras informações.
De acordo com a docente, ter participado da conferência foi um grande aprendizado e proporcionou um diálogo multidisciplinar. “Pude conhecer importantes pesquisas no campo das Artes, da Cultura, da Sociologia, da Política Cultural e da Educação. Esses estudos se unem na reflexão de atuações para não homogeneizar comportamentos, pois quando se trata de seres humanos, a subjetividade e a capacidade de criação e desenvolvimento são absolutamente férteis e íntimas a cada sujeito”, afirmou.
Yamashita destacou, também, que a apresentação da pesquisa provocou um debate importante sobre o conceito estabelecido de escola e sobre quais experiências se passam no ambiente escolar. “Percebi que o que ocorre em Londrina, no que diz respeito à relação dos projetos do Promic com as crianças no ambiente escolar, é uma experiência excepcional. Isso tanto em relação ao contexto educativo português como também de outras localidades do Brasil, visto que estavam presentes pesquisadores brasileiros de outros estados”, sublinhou.
Segundo a professora, as discussões suscitadas proporcionaram contribuições relevantes, vindas de pesquisadores que participaram do evento.
“Uma das pesquisadoras presentes, Tatiana Vargas, brasileira residente em Portugal há mais de 10 anos, comentou que a experiência de nossos projetos demonstra ser um impulso para despertar interesses individuais nas crianças e despertar nelas e nos professores outros caminhos para executar o currículo. Já a professora e pesquisadora portuguesa Helena Vasques de Carvalho, ao observar a atuação do Promic, destacou que conhecer uma estrutura de política assim, de longa duração e que sobrevive a tantos embates e instabilidades, é ver um ponto de esperança. Ela comentou que em Portugal não há nada parecido com essa estrutura, e que as políticas de apoio público para as artes e cultura necessitam traçar caminhos para se tornarem mais abrangentes”, pontuou.
Para Yamashita, essa experiência mostrou como a estrutura da gestão da cultura em Londrina é forte, robusta e criadora de experiências singulares. “Temos consciência dos diferentes momentos vividos pelo Promic e pela cultura de modo geral, de algumas dificuldades e necessidades de abrangência no orçamento. No entanto, olhamos para os resultados ao longo dessas duas décadas e vemos que os projetos contribuíram imensamente para a formação dos sujeitos, em todo o território da cidade e na zona rural. A permanência do Promic e das demais ações da cultura dialoga diretamente com a educação, e o nosso compromisso ético enquanto cidadãos é lutar por ele e agir em defesa de sua sustentabilidade”, finalizou.
da assessoria