Em bate-papo exclusivo com o apresentador João Barbiero, durante o programa Ponto de Vista, levado ao ar a todo o Paraná pela Rede T na manhã deste sábado (1º), o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Carlos Valter Martins Pedro destacou que o Paraná se tornou o quarto maior produtor industrial do Brasil, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O setor industrial responde, atualmente, por 25,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no Estado e movimenta R$ 111 bilhões. “Há dois pontos importantes: o Paraná é um estado que tem uma produção agrícola importantíssima. E, quando a indústria contribui com 1/4 do PIB, significa muito, principalmente porque a indústria agrega valor tanto ao produto quanto à qualidade e remuneração da mão de obra dos empregados da indústria”, diz.
Pedro observa que a perfil da produção industrial no Paraná é muito diversificada de região para região. Curitiba, por exemplo, possui destaque na produção automobilística; Arapongas, por sua vez, na indústria da madeira (papel e celulose e indústria moveleira), cita. “Temos uma diversidade de indústrias no Paraná que torna esses números mais importantes”, afirma.
Avanço tecnológico
Conforme o presidente da FIEP, a indústria não pode se furtar ao avanço tecnológico, pois a evolução industrial depende dele para sua sobrevivência. “Para que eu tenha um produto competitivo, preciso agregar tecnologia e qualidade. Claro que há os sistemas mais automatizados, mas eles também exigem a mão de obra mais qualificada. Por isso, consigo elevar produtividade e produção mantendo mão de obra cada vez mais qualificada. Tanto que a indústria teve números muito positivos, mesmo na pandemia, gerando novos empregos e aumento da massa salarial”, analisa.
Pedro salienta que o avanço tecnológico dentro da indústria contribuiu para a superação da imagem de galpões com chaminés e ambiente de trabalho insalubre. “Pelo contrário, a indústria é tecnológica, limpa e protege o empregado”, diz. Tanto que, na pandemia, como o trabalho industrial não demanda aglomeração, permitiu a proteção individual do empregado, respeitando as normas de sanidade, sem reduzir a produção.
Reforma tributária
O presidente da FIEP afirma que o setor industrial tem uma esperança muito grande na reforma tributária, a fim de ela resolva uma “injustiça muito grande, que penaliza a produção”. “A maior carga tributária está no produto. Outra situação está, também, nos salários. A imensa maioria dos meus funcionários, por exemplo, tem o imposto de renda já debitado na folha de pagamento. Tenho uma situação de imposto na mão de obra, mas, principalmente, no produto”, opina.
Ele usa uma caneta como ilustração para exemplificar porque considera injusta a carga tributária sobre os produtos. Segundo ele, a família de um estudante de escola pública paga o mesmo imposto que o de uma família rica ao comprar essa caneta o que torna, portanto, uma oneração desequilibrada, do ponto de vista do consumidor.
“Mais de 170 países usam o IVA – Imposto do Valor Agregado. Nos Estados Unidos, uma referência, se você vai comprar um terno que custa US$ 500, na hora que você vai pagar, não são US$ 500, pois é acrescido imposto – entre 8% e 11%. Você paga no consumo. Por que se compra mais barato lá do que aqui? Porque há uma injustiça na composição do custo do produto brasileiro”, diz. Esse desequilíbrio também resulta do fato de que o Brasil exporta mais commodities do que agrega valor ao produto. “Agregar valor na cadeia produtiva é vital e nós precisamos incentivar isso”, acrescenta.
Segundo ele, os produtos são mais baratos nos Estados Unidos porque a cumulatividade de impostos não está na composição do produto e, sim, no consumo. “Não faz sentido o Brasil ser o quinto maior país do mundo, com a sétima maior população do mundo, um grande mercado, que deve ser explorado pela produção brasileira, o que é uma questão de justiça com nosso trabalhador, nosso povo. Hoje, em qualquer loja ou supermercado, se vê o volume de importados com preços mais competitivos do que a produção nacional, porque tenho uma injustiça na composição do custo do nosso produto, o que é injusto, inclusive, com os mais pobres”, analisa.
Mas a decisão sobre a reforma tributária, para ele, é profundamente política e técnica. “Essa proposta que está sendo colocada agora, e que está para ser votada, vai ter um período de transição muito grande”, avalia. Da forma como é hoje, aliás, ele aponta que há uma “guerra tributária” que faz com que os incentivos fiscais justifiquem a instalação das indústrias neste e não naquele estado em vez de priorizar a questão logística, por exemplo.
“A reforma tributária vai começar pela federal; depois, estadual; depois, municipal e, depois, tem que vir a grande reforma, que é o custo dos salários, da mão de obra. É injusto para o trabalhador, que recebe R$ 3 mil, custar R$ 5 mil [para o empregador]. Ele deveria ganhar mais e nós pagarmos menos imposto sobre essa mão de obra, que encarece o produto final”, diz.
Pedro considera que seria até utópica imaginar uma redução de carga tributária. “Mantenha a carga que está, não pode elevar mais do que já está. Mas que ela seja equânime, mais justa e que tire do produto para o consumo”, afirma.
Expectativas
Quanto às expectativas do setor industrial para o terceiro mandato de Lula, o presidente da FIEP destaca que há uma expectativa sobre a condução da economia, tendo em vista que os investimentos do setor são de longo prazo. “Preciso ter o mínimo de segurança e de planejamento para poder fazer investimento e estamos nesse período de expectativa sobre a ação do novo governo”, frisa.
Ponto de Vista
Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.
A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz; T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa 99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.
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