O Mestre em Ciência do Solo e doutor em Geografia pela
UFPR e professor de pós-graduação em Geografia da UEPG, Isonel Sandino Meneguzzo, e o engenheiro civil da Gaioski Sondagens Ltda, Samuel Ricardo Gaioski, comentaram sobre os recentes deslizamentos que ocorrem na região, quais as suas causas e como realizar a prevenção, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (21).
Deslizamento de terra na região
Os deslizamentos de terra são fenômenos provocados pelo escorregamento de materiais sólidos como solos, rochas, vegetação ou material de construção ao longo de terrenos inclinados.
“Para ocorrer um processo de deslizamento, temos alguns fatores que estão associados à gênese desse processo. O principal deles é a área que envolve a declividade do terreno, então áreas que a possuem bastante acentuada são muito mais suscetíveis a esses processos de deslizamento ou escorregamento”, explica Isonel.
O professor destaca que na nossa região, os deslizamentos normalmente estão atrelados à quantidade de chuva, em um curto espaço de tempo.
“Geralmente esses processos ocorrem aqui na nossa região, após eventos de chuva. Então, por exemplo, nós temos 20 a 30 mm de chuva num intervalo de tempo pequeno, ou seja, chove muito em pouco tempo, acarretando em processos desta natureza”, afirma. “Nesses últimos dois anos, ocorreram vários deslizamentos na região da Serra do Mar e nós tivemos alguns na região dos Campos Gerais. É importante ressaltar que eles são processos naturais, porém acontecem muitas vezes devido a uma intervenção do ser humano não muito adequada no relevo e no solo, que acabam acontecendo na natureza e muitas vezes em cidades e margens de alguma rodovia”, complementa.
Formas de prevenção
Uma das formas de evitar o deslizamento é o plantio de grama e capim nas encostas do terreno, porque as raízes penetram no solo, evitando assim seu desmoronamento. Outro fator importante é a realização de um mapeamento das áreas de risco que envolvem o local.
“Nós temos a construção dessas rodovias, e durante este processo o correto é que se faça um mapeamento dessas áreas de risco e contenções em relação à probabilidade da ocorrência do processo”, ressalta Isonel. “O correto nos dias de hoje seria existir um gerenciamento adequado dos taludes, ou seja, das encostas que estão nas margens dessas rodovias, e isso se chama gerenciamento de risco e poderia evitar todos esses problemas”, complementa.
Samuel reafirma que esse é um processo natural que acontece, e destaca a forma como a engenharia pode se precaver a esses fenômenos e como trabalha em regiões que possuem esses taludes. “Este processo não acontece somente em solos, mas também nas rochas. Então hoje os estudos estão se aprimorando, além dos solos, nas rochas, que expostas possuem o mesmo processo de intemperização da natureza. Com o excesso de chuvas ela também tem fraturas e às vezes é até mais perigosa que o próprio deslizamento de solo”, explica.
Natureza se modifica
As variações climáticas vão acontecendo com o passar dos anos, e o índice de chuvas tem chamado a atenção dos engenheiros, segundo Samuel.
“A natureza mesmo vai se modificando. A gente percebe que o índice de chuvas tem vindo num momento de pico muito elevado e já é um sinal de mudança de clima e temos que antever nossos projetos nessa situação”, afirma o engenheiro. “Esse aumento do índice de chuvas é um fator que pode agravar estes problemas de deslizamento”, complementa.
Alguns mecanismos como o sistema da drenagem possuem grande relevância para evitar que essas situações aconteçam. “Em relação às rodovias, uma das partes importantes que muitas vezes não é feita é a parte de drenagem das rodovias”, aponta Samuel. “O que percebemos é que cada vez mais o ser humano está construindo, porém é necessário estudar um pouquinho melhor a hidrologia de cada local para evitar problemas futuros”, acrescentou.
Confira a entrevista completa: