Entre as dificuldades enfrentadas pelo Ministério da Saúde no contexto de pós-emergência sanitária, ocasionada pela pandemia de Covid-19, está o enfrentamento aos impactos deixados pelo período, como o aumento da mortalidade materna, por exemplo. A declaração é da ministra da Saúde Nísia Trindade, em entrevista exclusiva concedida ao comunicador João Barbiero, nesta segunda-feira (24).
Em relação à situação vivida atualmente, Nísia destaca que a pandemia provocou um impacto no câncer, por conta da demora da procura por exames diagnósticos, por parte da população, além da mortalidade materna. “Temos uma situação que preocupa, em termos de represamento de cirurgias e exames, mas o indicador que eu diria que, de fato, é incontestável, muito negativo no Brasil e que dobrou nos anos de pandemia, é a mortalidade materna, o que nos leva a pensar em uma política também voltada para isso”, diz.
Neste sentido, Nísia Trindade destaca a retomada do programa ‘Rede Cegonha’, importante iniciativa dos governos de Lula e Dilma. “Queremos qualificá-la para essa situação que nós encontramos hoje. Esse é de fato um problema central e que tem muita relação com a falta de um pré-natal adequado, estamos focados em integrar essa política, seja na atenção primária ou especializada”, pontua. “Nós temos buscado recuperar a capacidade técnica do Ministério da Saúde, fazer essas avaliaçãoes e também divulgar isso para a população”, completa.
Outra ação desenvolvida pelo Ministério é o programa de preparação em resposta para emergências sanitárias. “Temos que aprender com o trauma e toda a tragédia que vivemos. Infelizmente, diante dessa tragédia tivemos uma atitude de negacionismo do governo, na verdade, de abandono da população, que deveria contar com uma política de proteção, ainda mais pelo SUS, que é um exemplo no mundo”, reflete.