A professora de música, Regina Liberato Shibuta, e o professor responsável pelo projeto ’50+’, Eziquiel Ramos, comentaram sobre desenvolvimento infantil e etarismo, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta terça-feira (8).
Etarismo
O etarismo está relacionado com a discriminação e preconceito às pessoas com base em sua idade. “Isso acontece individualmente quando alguém afirma que determinada peça de roupa não é adequada para uma pessoa com a idade mais avançada, e também de forma estrutural ligada aos direitos e possibilidades no mercado de trabalho”, destaca Eziquiel. “Então você leva uma vida toda para adquirir tal experiência e quando é experiente ‘não serve mais'”, acrescenta.
O professor também explica que é muito importante existir o debate de qual é o papel do idoso na nossa sociedade. “Os idosos continuam sendo indivíduos com potências diferentes. Se existe um estereótipo da pessoa mais adoecida, mas existem pessoas com mais de 60 anos praticando atividade física e não podemos olhar as pessoas como um bloco”, pondera. “São pessoas individuais com potências individuais, que podem ser estimuladas desde a infância”, assegura.
Desenvolvimento infantil
Regina orienta que as crianças também não podem ser vistas como um bloco pronto. “Cada criança possui as suas individualidades, talentos, visões e inteligências diferentes. Então a gente precisa focar para desenvolver isso”, diz. “É necessário ter um olhar individualizado e entender onde que a criança se encaixa e o que pode desenvolver, e a importância de nós adultos em auxiliá-las para isso”, complementa.
A professora comenta que as características do modo como são conduzidas as oportunidades para as crianças vem mudando de geração em geração. “A minha geração foi a que os pais queriam alcançar os seus sonhos através de nós, porque queriam nos proporcionar aquilo que eles não tiveram oportunidade de desenvolver. Na geração seguinte, as crianças já começaram a ter um poder de escolha maior sobre as atividades que elas realmente queriam fazer”, aponta. “Hoje em dia, eu acredito que isso se inverteu e as crianças fazem muita coisa e falta um propósito de por que estão praticando aquelas atividades”, acrescenta.
Ela destaca que o mais importante neste processo é o desenvolvimento de competências. “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz isso, então já estamos trabalhando com isso e a mudança na educação já aconteceu. Eu acho que o problema que existe é entre as nossas gerações, que não entendem como que trabalhamos essas competências”, ressalta. “O que nos move é entender que sabemos fazer isso e temos esse olhar, que a partir do momento que ‘batemos o olho’ no aluno já sabemos de qual forma será o desenvolvimento dele”, pondera.
Segundo Regina, o primeiro passo que a criança precisa dar é entender quem ela é. “A criança busca entender quem ela é e quais são as suas forças. Nascer na era digital é uma força, mas é necessário ter disciplina e isso deve ser ensinado desde a educação em sua casa, porque muitos pais acabam sendo permissivos e dizer ‘não’ dá muito mais trabalho do que entregar o celular, por exemplo”, diz. “Eu acredito muito nessas trocas e que temos que descobrir primeiro o que gostamos e o que faz nosso olho brilhar, para desenvolver as nossas potencialidades”, complementa.
Intergeracionalidade
A intergeracionalidade é a interação entre membros de diferentes gerações. Então a atividade intergeracional trata da realização de atividades em um grupo com crianças, adolescentes, adultos e idosos para fomentar a comunicação entre eles.
“Neste processo, pessoas de idades diferentes contribuem uma com a educação da outra. Quando unimos essas pessoas conseguimos crescer muito mais, porque tem a paciência e tranquilidade de uma pessoa que já é mais madura e a curiosidade de uma pessoa mais nova que te impulsiona e te leva para frente”, explica Eziquiel.
Confira a entrevista completa: