O consultor de investimentos e professor do departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Vinicius Costa, abordou investimentos e mercado financeiro, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta sexta-feira (11).
Investimento
Na prática, o investimento se trata de qualquer gasto ou aplicação de recursos feito com o intuito de obter retornos futuros, usando conhecimentos de mercado para isso. “É aquele esforço que você faz para tentar levar para o futuro uma quantia de dinheiro ou patrimônio”, explica Vinicius. “Basicamente você está investindo hoje para colher no futuro. Este futuro pode ter vários prazos [curto, médio e longo], e o importante é você adequar este tipo de investimento, o tipo de ativo que você escolhe, para esse prazo”, acrescenta.
Segundo o consultor, é necessário se organizar financeiramente e o investimento sozinho não te tornará rico. “O que vai multiplicar o seu patrimônio são os seus aportes, o seu trabalho e o quanto você consegue poupar e guardar para o futuro. Após isso, você começará a ‘colocar um pé’ no mercado financeiro e entender os ativos mais eficientes”, pondera.
Ele ressalta que existe uma gama de siglas e termos complicados, porém comenta que nos dias de hoje existem muitas informações. “Existem alguns ativos básicos e fáceis de entender, em que você consegue, por exemplo, sair da poupança e ir para um investimento um pouco mais eficiente”, afirma. “Muitas pessoas demonizam a poupança por não ser tão eficiente, porém quem tem dinheiro na poupança quer dizer que pelo menos fez a primeira parte e ‘organizou a casa’. Essa pessoa já está um passo à frente para que daqui para um investimento mais eficiente precisa de só mais um passo”, complementa.
Mercado financeiro e riscos
O mercado financeiro é o ambiente onde ocorre a negociação de ativos. “Nós temos uma rentabilidade meio base do mercado, então hoje a taxa Selic, que é a taxa básica da economia, está em 13,25%. Isso é um investimento que você consegue fazer e que em um ano vai render esse valor, com uma certa segurança”, ressalta. “Tudo que está acima disso possui um risco envolvido. O mercado financeiro remunera o risco, então quanto maior o risco, maior o potencial de retorno”, assegura.
O especialista orienta as pessoas a tomarem cuidado quando alguém oferece algum investimento com uma solução fácil e uma rentabilidade muito elevada. “Porém existem alguns ativos que prometem até 10% ao ano. Em 10 anos, se você tiver uma remuneração de 10% ao ano você será mais rico que o Brasil inteiro, que o PIB do país. Então isso é irreal”, explica. “Você tem que pensar que investimento tem sempre duas partes: uma pessoa que está investindo e a outra que está pagando essa rentabilidade. E quem que vai te pagar isso?”, questiona.
Quando o ativo promete valores surreais de retorno, existe um alto risco de você não recebê-los, segundo Vinicius. “Ele está te oferecendo este retorno, mas com certeza não conseguirá te pagar. Daí eles usam basicamente, para esses instrumentos, a rentabilidade do bitcoin ou de alguma criptomoeda que é muito volátil, ou seja, pode subir muito em um mês, mas também pode cair muito em um mês”, afirma. “Então em alguns meses que possuem grande alta remuneram de fato a pessoa que investiu como um esquema de pirâmide tradicional e básico. As pessoas que vão pedindo o seu dinheiro de volta como um teste, enquanto aplicaram pouco dinheiro, eles devolvem com essa rentabilidade alta para iludir essas pessoas e fazer com que elas apliquem mais dinheiro”, destaca.
O consultor explica que esse processo é realizado para que as pessoas continuem investindo lá, com a aplicação de uma quantia maior, e recomende esse investimento para outras pessoas. “Chegará um momento, em que aquela pessoa não conseguirá pagar todo mundo e fugirá do país ou contratará uma equipe de advogados para não precisar pagar, até porque não terá como pagar tudo isso”, pondera.
A opção mais segura é o Tesouro Selic, cuja rentabilidade segue de perto a variação dos juros e remunera 100% do CDI, segundo o especialista. “Ele é garantido pelo governo federal, que pode imprimir dinheiro se quiser para pagar as suas contas”, diz.
Confira a entrevista completa: