O mestre em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e ocupante da 13ª cadeira da Academia de Letras dos Campos Gerais, Fábio Mauricio Holzmann Maia, comentou sobre um pouco da história do município, em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,3 para Ponta Grossa e região e 92,9 para Telêmaco Borba), nesta quarta-feira (13).
As pombinhas brancas
Conta-nos a tradição, que os fazendeiros, se reuniram para decidir o local onde seria construída uma capela em devoção à Senhora Sant’Ana e que também seria a sede do povoado. Como não chegavam a um acordo, pois cada um queria construí-la próximo a sua fazenda, decidiram então soltar um casal de pombos e, onde eles pousassem, ali seria construída uma capela, bem como seria a sede da Freguesia que estava nascendo.
Os pombos após voarem, pousaram em uma cruz que ficava ao lado de uma grande figueira no alto da colina. Problema resolvido, o local escolhido, todos ajudaram na construção de uma capela simples de madeira e, em sua volta a freguesia cresceu e se desenvolveu.
“Este é o mito fundador da cidade, e essa questão existe até mesmo publicada em livro pelo jornalista, que já faleceu, Fernando Vasconcelos. Ele realizou uma pesquisa sobre essa história e resultou no livro ‘Os Pombinhos do Deus Tupã'”, explica Fábio. “Os pombos acabaram se tornando um símbolo importante no município, tanto que são usados na bandeira”, acrescenta.
O historiador compara a presença animal do mito fundador da cidade com a história da Capitolina, loba presente no mito fundador romano. “Podemos comparar isso com Roma, que é uma cidade muito mais antiga e possui o seu mito fundador com a loba romana”, pontua.
Fatos históricos
Fábio separa esse contexto mitológico com os fatos históricos que formaram a cidade. “Ponta Grossa é uma cidade que surge no contexto de caminho por onde passavam os tropeiros, durante os séculos XVII, XVII e XIX. Então você tem um movimento muito grande de tropas de gado que saem do Rio Grande do Sul e atravessam, o que hoje são Santa Catarina e Paraná, pelo Caminho de Viamão até a feira de Sorocaba para vender gado”, ressalta.
Durante este longo trajeto existiam vários pontos de parada para esses tropeiros. “Ponta Grossa era um desses pontos em que os tropeiros paravam para alimentar o gado, dormir e passar alguns dias aqui, eventualmente”, pontua. “Então a partir dessa passagem, começou a surgir o povoado. Alguns ficavam e outros decidiam abrir uma venda na localidade para atender as pessoas que por ali passavam”, complementa.
Segundo Fábio, para os tropeiros o ponto de parada era conhecido como ‘Capão da Ponta Grossa’. “Era um capão de mato em que eles paravam, e ali começa a se desenvolver um pequeno núcleo urbano que pertenceu a Castro como um bairro até 1823”, assegura. “O decreto nº 15, assinado por D Pedro I no dia 15 de setembro de 1823, eleva Ponta Grossa à categoria de Freguesia. A partir disso, Ponta Grossa se desmembra de Castro e passa a ter vida própria”, finaliza.
Confira a entrevista completa e algumas fotos históricas de Ponta Grossa: