Domingo, 13 de Outubro de 2024

“Se o indivíduo não perceber essa necessidade de mudança é mais difícil o processo”, reflete diretor do Esquadrão da Vida sobre tratamento de dependentes químicos

2024-01-18 às 17:17
Foto: Moisés Kuhn/D’Ponta News

Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba) nesta quinta-feira (18), o diretor e psicólogo da Associação Esquadrão da Vida de Ponta Grossa, Cristiano Correia.

Atuando há 45 anos no município, o Esquadrão da Vida atua no acolhimento e tratamento de pessoas com dependência química. “É um tratamento multidisciplinar, tem psicólogos, terapeutas, pastores, tem a questão espiritual, mas tem médico. A instituição procura atender toda essa demanda. Caso a comunidade não consiga atender essas pessoas, elas são encaminhadas, vai pro hospital, via CAPS, toda a rede de atenção é interligada”, comenta o psicólogo.

Correia explica que o Esquadrão trabalha com um modelo de tratamento psicossocial. “Procuramos entender primeiramente esse indivíduo. Quem é ele? Qual substância está usando? Qual contexto social ele vive? É uma questão multifatorial, não é só do indivíduo em si, mas de toda a família. Tem que tratar toda essa família, para que no retorno ele reconheça a questão da doença com a família”, diz.

Uma das propostas de tratamento da comunidade é oferecer ao acolhido um novo projeto de vida, onde as drogas não estejam mais presente. “É mostrar que ele pode ter sensações e prazeres na vida sem uma substância”, diz. “Existe uma premissa de recuperação chamada ‘Hábitos, Lugares e Pessoas’. A pessoa em processo terapêutico tem que entender que os hábitos dela vão ter que mudar. Os hábitos mudando, vai ter que entender quais lugares ele pode frequentar, porque pode ter risco de recaída, e a companhia das pessoas, muda todo o círculo social. Tem que reconhecer todo esse processo de mudança”, pontua.

Além do tratamento, também são oferecidos cursos profissionais, que auxiliam na construção do novo projeto de vida de cada um. “Temos cursos do Instituto Mundo Melhor, são mais de 200 cursos online e dentro da proposta terapêutica eles participam desses cursos, recebem certificado. Isso ajuda na comunicação deles, no relacionamento, na área cognitiva, além das profissões. Temos também o curso de mecânica, serralheria e informática”, completa, destacando que o processo terapêutico no Esquadrão da Vida tem duração de nove meses a um ano, a excessão é para aqueles acolhidos que estavam em situação de rua, pois passam por um processo diferenciado de reinserção na sociedade.

Porém, é importante que cada indivíduo compreenda a necessidade da mudança, segundo o diretor da associação. “Nada muda se não houver uma necessidade. Se o indivíduo não perceber essa necessidade de mudança é mais difícil o processo. O profissional exerce um papel motivacional na vida dele, porque através da motivação de um profissional pode despertar essa mudança. Se o indivíduo não reconhece que é dependente, acaba saindo de um processo e voltando a consumir. Ele teve uma relação muito afetiva com a droga e essa relação é tão forte que, mesmo ele estando dentro do programa, vendo que a melhora para ele é significativa, ele ainda tem pensamentos de uso e pode passar pela cabeça dele de sair do programa e usar algum tipo de substância”, finaliza.

O Esquadrão da Vida está localizado na rua Maria Rita Perpétuo da Cruz, em Oficinas. Todas as terças-feiras, às 19h30, a associação promove encontros de um grupo de apoio. As reuniões são abertas à comunidade. Todas as pessoas que precisarem de orientação ou qualquer informação sobre tratamento ou encaminhamento relacionado à dependência química, pode comparecer ao local.

Confira a entrevista completa: