Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta quinta-feira (25), a terapeuta do sono Sharon Pontes explicou o que é a apneia do sono, o que causa, os sintomas e as formas de tratamento.

Pontes destaca que a apneia do sono é um bloqueio de passagem de ar nas vias aéreas, ou seja, quando o paciente para de respirar durante a noite. As causas podem variar: vão desde fatores genéticos até a problemas anatômicos, como adenoide, desvio de septo e até obesidade. “Nossa garganta é feita de tubos de músculo e essa musculatura fica mole, flácida. Isso pode ser genético, quando esse paciente deita, a musculatura achata, ela cai, o coração tem que bombear muito sangue para que esse paciente volte a respirar. Quando acontece isso, o coração bombeia sangue que acaba estimulando a parte urinária do paciente, além dele não dormir, fazer apneia do sono, levanta a noite toda para fazer xixi”, diz.

Quando o paciente faz mais de 10 episódios de parada, já pode ser considerado como apneia. “A gente só consegue avaliar mediante a exames, realizados em laboratório de sono”, diz. O exame é chamado polissonografia. Nele, o paciente é monitorado durante toda a noite, no laboratório, através de eletrodos, onde podem ser diagnosticados distúrbios do sono, como apneia, insônia, inquietação de perna, bruxismo e sonambulismo. “Esse médico vai avaliar a condição física e fisiológica desse paciente, para identificar o porque ele não dorme, como ansiedade, insônia, estresse, a famosa inquietação de perna, a síndrome das pernas inquietas”, diz.

Segundo Sharon, a depender do grau da apneia do paciente, o distúrbio pode ocasionar apneia respiratória, parada cardíaca e até AVC. “Muitos pacientes apneicos têm pressão arterial elevada, porque o coração faz muito esforço, aí muitas vezes toma uma quantidade absurda de medicamento, sendo que pode ser tratado com muito mais facilidade e eficácia”, diz.

Apneia e as fases do sono

Uma boa noite de descanso começa com o sono não-REM, composto por três estágios diferentes: N1 (transição da vigília para o sono mais profundo, porém, ainda um sono leve); N2 (desconexão total do cérebro com os estímulos do mundo real); N3 (sono profundo, com descanso da atividade cerebral) e o sono REM, quando há intensa atividade cerebral e movimentos oculares rápidos, esta fase está relacionada com os sonhos e à consolidação da memória.

Entretanto, Sharon Pontes afirma que “a pessoa que não dorme, é aquela que não chega em sono REM, que é o sono reparador. Se ele não chega na fase do sono REM, ele não dormiu”, alerta. A profissional afirma que os pacientes apneicos geralmente não chegam nesta fase do sono porque têm vários despertares, ou seja, acordam várias vezes durante a noite. “Por isso o paciente acorda com sonolência, irritado, desanimado, e muitas vezes ele confunde com depressão e ansiedade, e no fim é porque ele não teve uma boa noite de sono, ele não se alimentou dessa noite de sono”, pontua.

Higiene do sono

Por isso é importante fazer a higiene do sono antes de dormir. “É o processo de se preparar para dormir, uma cama bem posta, um banho gostoso, um cheirinho gostoso no quarto, um pijama confortável, é um convite para ter uma boa noite de sono”, diz. “Quando a gente não dorme, não se alimenta do sono, é como se fosse não almoçasse, o corpo fica pedindo o descanso. Não tem como você ter uma qualidade de vida durante o dia, exercer suas funções, se não dormiu”, acrescenta.

Ouvir uma música relaxante antes de dormir é uma dica para condicionar o cérebro a entender que aquele momento é para dormir. “Isso é um exercício diário. Nossa noite é o reflexo do dia. Se você tem um dia agitado, estressado, brigou o dia inteiro, é lógico que sua noite vai ser assim. A partir do momento que temos o entendimento de que precisamos nos colocar em primeiro lugar, temos que começar com nossa noite de sono”, destaca.

Sharon Pontes ainda tranquiliza e diz que o problema tem solução. A orientação é buscar um profissional qualificado, que vai avaliar as queixas do paciente e indicar o melhor tratamento para o caso. “Tem como ter uma boa qualidade de vida, uma boa noite de sono, tem como acordar feliz. Quando o paciente é tratado, vai ter dias que ele vai acordar feliz, sem ter motivo. Quando você dorme bem, você vai acordar querendo desbravar o mundo”, completa.

Sharon Pontes atende no Instituto do Sono, na Rua Coronel Bittencourt, 400. Mais informações pelo telefone: (42) 99975-6380.

Confira a entrevista completa: