Direto de Brasília, durante entrevista exclusiva ao programa Ponto de Vista, apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (27), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro apontou qual política será adotada para tentar reverter prejuízos da agricultura pela queda de produção em função do clima e pelo achatamento de preços, por exemplo.
Mesmo com queda na produção variando entre 10% a 60%, conforme a região, o ministro observa que ocorreu achatamento nos preços, que decorre de problemas internos. “A Argentina, que colheu 25 milhões de toneladas de soja no ano passado, tem previsão de colher 45. O Rio Grande do Sul incorporou mais 10 milhões de toneladas do ano passado para este. O estoque mundial vai estar até com excedente maior que o ano passado, com a supersafra, por isso, os preços estão achatados. E alguns colhendo mal, por causa da seca, é um cenário perfeito para endividamento”, aponta.
Para contornar esse cenário, o ministro da Agricultura se reúne, na próxima sexta (2), com o presidente Lula e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, no Rio de Janeiro e toda a equipe econômica. “Relatei ao presidente: nós já temos uma experiência do passado, em que o senhor precisou enviar ao Congresso uma medida provisória, com um volume de dinheiro muito grande, porque foi uma dívida que se arrastou por muito tempo até se tomar uma decisão. Isso causa impacto, inadimplência, recuperações judiciais, negativação dos nomes, a economia sofre. Podemos tomar medidas para nos antecipar a isso. Sabemos que o cenário não está bom neste momento”, diz.
Segundo o ministro, Lula prontamente determinou que ele elabore a proposta. Fávaro planeja linhas de crédito para serem oferecidas aos produtores e estuda medidas para respaldar os produtores nesse período de baixas. “As intempéries climáticas e os preços baixos podem ter minimizados seus impactos, para que se dilua esse problema ao longo dos anos, sem precisar ficar inadimplente e sem tomar medidas mais radicais”, avalia.
Quanto às reclamações dos produtores em relação ao Seguro Rural, Fávaro assinala que o Ministério da Agricultura recebeu um orçamento para o ano de 2023 definido pelo governo anterior. “Quem apoiou ou anda apoia o governo passado tem que dizer que esse R$ 1 bilhão, que é disponível para a subvenção do prêmio do Seguro Rural foi herdado. Quem defende que tinha que ser R$ 2 bilhões, como eu, mas que defende o governo passado, tinha que ter feito no orçamento do governo passado. Mas eu também não estou fazendo crítica, porque é difícil ter orçamento, o cobertor é sempre curto. O presidente acabou de vetar parte do orçamento feito pelo Congresso. Ele fica feliz em fazer veto ao orçamento? Claro que não! Mas tem que ter responsabilidade com o tamanho do orçamento”, analisa.
Vale observar que esse tipo de reclamação já ocorria no primeiro ano do mandato anterior, a exemplo de produtores de Santa Catarina, que não só reclamavam da insuficiência de recursos, como das dificuldades de acesso ao seguro e da pouca cobertura aos produtos lá cultivados, de acordo com a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina, a Fecoagro.
“Quem governa escolhe as prioridades. Nós propusemos R$ 2 bilhões, sem contingenciamento, para que possamos avançar. Se não for possível elevar para R$ 2 bilhões a subvenção, não é por isso que vou ficar chorando. Por isso, já estamos trabalhando aqui medidas para modernizar o seguro agrícola”, afirma.
As condições climáticas extremas – secas, inundações e altas de temperatura – já afetam o setor agrícola e o seguro rural é fundamental para minimizar esses impactos, na visão do ministro. Fávaro pretende aplicar o uso de tecnologia a serviço da prevenção dos prejuízos causados pelas intempéries, a partir da inteligência artificial, que cruza informações como previsões meteorológicas e outros fatores para recomendar ao produtor as variedades de cultivares com os ciclos mais apropriados para cada período e região, a fim de obter o melhor aproveitamento nas safras. “Ele vende o seguro com essa receita. Se você seguir essa receita de informação – ‘não planta nessa data, planta naquela; usa uma variedade mais longa’ – teu seguro é bem mais barato”, destaca.
Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.
A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz; T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa 99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.
