Sábado, 12 de Outubro de 2024

Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro preso em PG, já foi investigado por fake news, gesto racista e entrega de minuta golpista

2024-02-08 às 09:47
Filipe Martins Garcia foi preso em Ponta Grossa na quinta (8)

Preso em Ponta Grossa na manhã desta quinta-feira (08) pela Polícia Federal durante a Operação Tempus Veritatis, o ex-assessor de assuntos internacionais do governo Jair Bolsonaro, Filipe Martins, já teve seu nome vinculado em diversas polêmicas, como uso de gesto supremacista e participação na entrega de minuta golpista.

Nascido em Sorocaba e criado em Votorantim, no estado de São Paulo, ele é bacharel em Relações Internacionais. Nomeado, em 3 de janeiro de 2019, com apenas 31 anos de idade, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, após ter atuado com o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo.

Ele atuou em consultorias privadas e deu aulas em cursos preparatórios para as carreiras diplomática e de oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Polêmicas

Martins teve seu nome incluído no inquérito das fake news, do Supremo Tribunal Federal (STF), por suspeita de pertencer ao chamado “gabinete do ódio”, uma “associação criminosa”, como disse o ministro Alexandre de Moraes, formada por funcionários que utilizavam a estrutura do Planalto para difundir mentiras e ataques a adversários de Jair Bolsonaro.

Em março de 2020, Martins integrou a comitiva de Jair Bolsonaro que visitou o presidente norte-americano Donald Trump. Posteriormente, 20 participantes do grupo foram diagnosticados com Covid-19, entre eles Filipe e Mauro Cid.

Martins também foi investigado por um gesto supremacista realizado durante sessão no Senado em 2021. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) derrubou uma decisão que o havia absolvido da acusação de racismo. Em junho de 2021, ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF). Na época, ele negou a relação.

O gesto foi flagrado pelas câmeras da TV Senado enquanto Martins estava atrás do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Confira abaixo:

Foto: Reprodução

O ex-assessor internacional saiu do Brasil com Bolsonaro, em dezembro de 2022, logo após a derrota nas eleições. Em 2023, Filipe Martins retornou e tentou um emprego no PL. Com o retorno de Bolsonaro dos Estados Unidos, ele tentou ser contratado pelo partido e continuar a prestar serviços ao ex-presidente. De acordo com o colunista Lauro Jardim, ele queria trabalhar fora de Brasília e o partido não aceitou a condição.

Alvorada

Martins esteve quatro vezes no Palácio da Alvorada em dezembro de 2022, no último mês de governo de Bolsonaro. Ele também foi citado na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como responsável por levar uma minuta golpista para o então presidente. Os encontros teriam acontecido fora da agenda oficial, sendo então investigados pela Polícia Federal.

Há suspeita por parte dos investigadores que Martins tenha levado o documento ao ex-presidente e este teria pedido alterações no texto, conforme delação de Cid. A minuta elenca supostas interferências do Poder Judiciário no Executivo e termina com a determinação de realização de novas eleições e a prisão de autoridades.

Durante o governo Bolsonaro, Flipe foi atuante nas redes sociais. No entanto, após a derrota, parou de usá-las. No dia do pleito, ele publicou a seguinte frase: “sistema está desesperado com a fiscalização ostensiva para evitar e combater a compra de votos nos rincões do país. Dependendo do que se encontrar, muita gente pode e deve ser investigada por cumplicidade e facilitação de um crime gravíssimo contra a integridade da eleição”.

com informações do O Globo